Heineken

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Os flashes de sol invadiram o quarto através da janela, me despertando. Não demorou muito ate que eu percebesse que não estava em casa. As paredes brancas com detalhes em um rosa clarinho e algumas partes tingidas de dourado no rodapé deixaram obvio demais que aquele com certeza não era o meu quarto.

Me virei apenas para dar de cara com o rosto da Kj. Os cachos um pouco bagunçados em um rabo de cavalo, os olhos um pouco grandes demais e o ombro desnudo, o que me recordou da noite passada. Que noite.

Me lembrar da noite passada foi um tsunami de emoções. Primeiro eu fiquei exultante ao puxar na memoria a sensação de ser abençoada com a imagem da Karina Brandman ajoelhada em minha frente, fazendo os atos libidinosos que ninguém a imaginaria fazendo. E depois deitada ao meu lado sussurrando expressões sem nexo, tão vulnerável e desprotegida. E então veio o baque; Eu.transei.com.a.karina.

Eu, Mackenzie Kit Coyle tinha feito sexo com a Karina Delphine Brandman.

Eu estava descrente, desacreditada. Eu mal conseguia acreditar que isso - a gente - era real.

Ali, fitando a figura da minha namorada adormecida, eu soube que tinha achado a mulher da minha vida, quem sabe a futura mãe dos meus filhos, a garota na qual eu não me importaria de dividir o meu sorvete favorito e muito menos me importaria de passar a vida inteira com.

Passaram-se o que deveria ter sido 5 minutos e eu decidi me levantar, ato totalmente rejeitado pela cacheada a minha frente, que agarrou meu braço descoberto.

  —   Aonde você pensa que vai tão cedo?   —  Karina soltou com uma voz rouca, que talvez tenha me dado arrepios.

  —   Eu vou vestir alguma coisa, taradona   —  Falei, com a voz levemente tremula.

  —   Por que? você fica tão linda assim   —  Eu verdadeiramente discordava. Me achava nojenta quando nua e não fazia a menor ideia de como não morri de constrangimento na noite passada. Talvez tenha sido o fato da Kj me passar conforto, independente da situação. 

Eu sorri, ainda sem alguma ideia de qual resposta dar. Um misto de constrangimento e euforia desceu pelas minhas veias. Seus castanhos olhos de jabuticaba me encaravam com ternura, como se estivessem tentando decifrar cada pensamento que passava pela minha mente tumultuada.

  —   Ta com fome?    —  Disse ela, finalmente despertando por completo.

[...]

Agora descíamos as escadas acolchoadas com um carpete claro, enquanto Kj vestia uma camisa que parecia ser duas vezes o seu tamanho e o que ela chamava de shorts, mas claramente se tratava de uma calcinha daquelas que as idosas não-taradas usam. Karina segurava minha mão como seu eu fosse uma criança a ser cuidada.

Chegávamos na cozinha quando ela soltou a minha mão, ação pouco desagradável.

  —   Vai querer comer o quê?   —  Ela perguntou, pescando uma frigideira e ovos   —  Tanto faz pra mim   —  Respondi e ela me lançou um olhar crítico. 

 — Vou te dar comida de cachorro então — Ela sabe que eu tenho uma vergonha de comer ou fazer qualquer ação totalmente normal na casa de terceiros.

 — Vou querer com ketchup em cima — Brinquei e ela revirou os olhos, numa tentativa falha de parecer estar cansada das minhas bobagens que eu sabia muito bem que ela amava .

 — Você deveria fazer stand-up de tão engraçada —  Me entregou um prato com ovos que eu com certeza teria queimado — Já estão com sal.

Dei uma garfada.

 — Com sal é seu cu — Fiz uma careta enquanto alcançava  o saleiro.

 — Ta com sal sim! Você quem tem o paladar de uma criança e logo logo de uma idosa com pressão alta se continuar colocando essa quantidade exagerada de sal nas comidas.

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⏰ Última atualização: Jun 04 ⏰

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