Capítulo 8

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-Maninha- a Manu sussurrou
-Oii
-Acorda
-Acordei..- respondi desanimadamente
-Vou preparar algo pra comermos, vai se arrumando...AULA!
E então me preparei.
Toc toc.
Alguém batia na porta principal, enquanto tomávamos café. Abri
-Ruan?
-Oi! bom dia, vamos a pé hoje comigo!
OI? Ele estava maluco?! Eu? Com o meu pai disponível à nos deixar na porta da escola, resolver ir a pé? Haha!
-Vai filha, mudar um pouco a rotina!- mamãe falou.
Ah, pensando bem, seria chato dispensar o coitado então decidir ir! Sem a mínima vontade.
-E então melhorou um pouco?
-Um pouco mesmo! A Manu me anima sabe?!
-É! Sorte sua ter uma irmã mais velha tão legal!
Sorri de lado. O resto do caminho fomos em silêncio e não deixei de notar as leves encaradas que o Ruan me dava.
As aulas passaram lentamente. Eu estava entediada. E mal por cada vez lembrar das palavras que o Rafa me dizia. E outra. Sem acreditar ainda no que mamãe dizia. "Sonho", Não!
Na volta, disse pro papai que iria com o Ruan novamente, e pro tal, apenas dei uma piscada pra saber onde eu estava.
Cemitério de Northy!
Sozinha no banco, em prantos! Abraçada com as minhas pernas.
Me preparando pra retornar pra casa, me deparei com uma sombra! Ela parecia me seguir. Algo de errado parecia surgir! Apressei meus passos. E a sombra continuava me acompanhando. Dessa vez não sentia medo! Apenas a leve impressão de que ela queria que eu parasse. E tentasse entender o motivo de estar me seguindo.
Virei. E um voz parecia sussurrar o meu nome. Ainda não podia ver quem era. Mas a sensação que me invadia era do Rafa estar ali. E o meu nome continuava sendo sussurrado. Até eu ser surpreendida pela mão do Ruan no meu ombro.
-Você parece assustada o que houve?
-Psiiiuu.. Você não está escutando?
-Não escuto nada! Do que está falando?
-Alguém está sussurrando o meu nome! Era você?
-Não era eu!
-Então! Alguém está me chamando e eu preciso descobrir quem é!
-Você está ficando maluca Cris!
-Eu não estou maluca! Para de dizer isso! Que coisa!- tirei a mão dele do meu ombro e corri pra bem longe.
O Ruan continuava a vir atrás de mim. eu tentava me afastar ao máximo! Ele não me entendia! O Rafa, sim, ele me entende!
Percebi que o Ruan desistira, quando já estava na frente de casa! Sozinha! Sem passos me acompanhando. Minha respiração ofegante, minha visão um pouco turva, havia corrido muito e sem parar! Antes de abrir a porta peguei meu celular e eram exatamente 18h da noite. O que eu ia dizer pra mamãe?
Entrei. E ali, naquela parte da casa, ninguém estava. O silêncio era absurdo. Chamei pelo pessoal! E eu fui ignorada. Liguei todas as luzes, e vi que estava sozinha! Onde eles tinham ido?
Me tranquei no quarto! Minha cabeça não parava de pensar em de quem poderia ser aquela voz! E a sombra!
O Ruan! Ele que estava ficando maluco! A voz existia! A sombra existia!
20:30! Despertei de um cochilo tremendo! E preocupante! Havia sonhado que estava sozinha em um lugar totalmente escuro e assustador. E presa à uma cadeira com uma corda eu gritava. Pedia socorro. Até o surgimento de uma sombra idêntica a que me perseguia hoje mais cedo. Ela se aproximou de mim. E deu uma risada diabólica. Com uma voz roca falava que eu nunca ia sair dali, e ela...nunca ia deixar de me perseguir!
Será que era a mesma sombra de hoje?
Mas quem era? Eu precisava descobrir! Lembrei de que o pessoal não estava em casa antes de ter tirado esse cochilo, e desci pra ver se já haviam chegado!
Nada! Onde estavam?
Isso já estava me preocupando! Liguei pra mamãe, e foi pra caixa postal! Logo pro papai, e o mesmo aconteceu. Até a Manu atender o dela.
-Manu?
-Oi Cris!
-O que aconteceu? Onde vocês estão?
-Nossa maninha, desculpa não avisar nada! Eu e o Guga estamos jantando num restaurante não tão longe. A mamãe saiu com o papai e os meninos.
-Liguei pra eles e deu na caixa postal! Ufaa me deixaram preocupados! Nem telefonaram pra excluída aqui!
-Ai maninha foi mal, já já estamos voltando! Liga pro Lipe pra ver!
-Ta bom- falei rindo- Beijos, aproveitem!
Nossa que susto! Quando estou preocupada, mil coisas passam pela minha cabeça! Resolvi telefonar pro Filipe, ele atendeu após 3 toques.
-Filipe?
-Quê garota?
-Você está com a mamãe o papai e o Luli?
-Sim por que?
-Onde estão?
-Af, tudo você quer saber!
-Fala logo Idiota!
-Estamos aqui na maior balada, tomando Wiske! O Luli está doidão
E alguém tomou o celular da mão dele.
-Filha?
-Ahh, oi mãe!
-E então chegou em casa? Fiquei preocupada, demorou! Onde estava?
-cheguei, ah isso não importa, liguei mil vezes e deu na caixa mãe!
-Ah, meu amor desculpa não ouvimos! acabamos de sair de um show de mágicas que estava tendo na praça principal! Já estamos voltando.
-Ok, beijos!
Ashuashuashua, show de mágicas! O Filipe? Morri. Vou zoar com a cara dele quando chegar. No tempo que era bebê, ele tinha medo de mágicos! E de palhaços! Quero dizer, até hoje o coitado ainda tem um trauma.
Resolvi tomar um banho. Coloquei meu pijama e prendi meu cabelo num coque meio desajeitado. Desci e preparei um sanduíche.
Me joguei no sofá e liguei a TV.
Quando acabei peguei meu celular e acessei um pouco a internet. Até aquele vento repentino voltar a minha casa! Não conseguia entender! Corri pro meu quarto e peguei um cobertor. Abandonei a ideia de retornar pra sala. Me joguei na cama e fiquei em silêncio. O vento estava lá agora! As portas da sacada começaram a bater bem forte uma na outra. Eu me assustei um pouco. E quando olhei pra trás avistei aquela silhueta definida. Os cabelos encaracolados mais lindos. O Rafa!
Hesitei um pouco em ir ao seu encontro! Estava com medo! Mas feliz! Por sempre acreditar que ele voltaria! O garoto era lindo! Sempre soube que me amava!
Ele aguardava na sacada com um olhar envergonhado.
Coloquei os meus pés no chão, pus o cobertor pro outro lado. Levantei. Fui me aproximando lentamente. Ele deu um passo pra frente. Estendeu as duas mãos e fiz o mesmo. Ficamos assim. Nos admirando com as mãos coladas. Parti logo para o abraço. Forte, quente, adorável. Eu me sentia protegida nos braços daquele menino. me afastei. Eu o amava. Mas ele me devia uma explicação! Aquele sumiço desagradável!
-Rafa. É você de novo. Eu sabia que ia voltar- falava, já em prantos
-Sou eu! Como desistir de você?!
-Mas Rafa, o que aconteceu naquela tarde?
Ele parou.
-Responde!- insisti
Ele começou a dar passos curtos pelo meu quarto.
-Eu acho que não é uma boa hora pra você descobrir assim, de cara a dura verdade!
-Rafa, que verdade? - falei irritada mas ainda chorando.
-Eu não posso.
-Você não me ama é isso? Que iludida! As pessoas acham que estou maluca em depressão, em um surto terrível! Mas foi assim que eu fiquei depois daquele seu sumiço! Eu estava te amando Rafa! Pra você apenas acreditar que pode brincar comigo? Como pude cair? Acreditei naquelas suas palavras medíocres!
-Não fala assim Cris! Não é essa a verdade!
Toc toc
E eles chegaram!
-Vai embora! Meus pais chegaram! E não olha mais na minha cara! Esperei pela sua volta! E é assim que ela acontece? Sai do meu quarto! E não me procura nunca mais!
Desci os degraus correndo. E tropecei.
Cai com tudo no chão! O barulho foi forte. Eu havia desmaiado!
******
Fui abrindo aos poucos os meus olhos. E pude ver 5 pessoas aguardando por mim. Eu estava na cama de um Hospital!
Era a mamãe o papai a Manu o Filipe e Ruan!
-Minha filhinha você acordou! Está bem?- a mamãe correu pra minha cama e me abraçou.
Todos fizeram o mesmo em seguida!
A enfermeira pediu que deixassem o quarto. Eu iria passar por uns exames. E dependendo dos resultados teria altas amanhã!
Quebrei a minha perna direita. A queda foi realmente feia! O médico me pediu mais 2 dias pra alguns medicamentos e repouso e estaria liberada!

Uma paixão inexistenteOnde histórias criam vida. Descubra agora