O paciente 221

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Paro em frente à porta reforçada da solitária da mais perigosa do sanatório. Conheço bem esse paciente, respiro fundo e um guarda destranca a sala. Logo a poucos passos à frente, está Scott Murray, o paciente considerado mais perigoso, mas ele é diferente comigo. Ao me ver, abre um largo sorriso.

- Como vai, minha doutorzinha?

- Bem, trouxe seu remédio.

Coloco o frasco de remédio na mesa e um copo de água. Scott se levanta e começa a andar em minha direção. Ele está muito próximo de mim, parece estar analisando cada centímetro do meu corpo.

- Você trouxe meu remédio? Que gentil da sua parte...

- Trouxe, é meu trabalho.

Scott se aproxima ainda mais com um sorriso no rosto, agora quase me tocando.

- Por que você não me dá o remédio na boca?

- Não consegue tomar sozinho?

- Ah, não é isso... Eu só queria que você me desse na boca mesmo... - Scott fala de forma insinuante.

- Eu sei, só estava brincando com você - rio baixinho - Eu dou na sua boca - pego o frasco e retiro uma pílula.

Scott me olha com um sorriso malicioso, claramente apreciando minha provocação.

- Eu adoro quando você brinca comigo...

- Aqui, abra a boca.

Ele abre a boca e espera eu dar o remédio para ele. Coloco o remédio na boca dele.

- Pronto

Scott engole o remédio, seus olhos ainda fiscou em mim.

- Obrigada, querida

- De nada - pego o frasco e vou em direção da porta - Mais tarde eu volto

Scott acenou com a cabeça e voltou para o seu canto solitário, me observando enquanto saio.

Mais tarde

Entro no quarto com uma bandeja com o jantar de Scott e seu remédio. Ele está sentado no chão, com a cabeça baixa e as mãos entrelaçadas. Ele parece estar pensando em algo.

- Aqui seu jantar - coloco a bandeja na mesa - Está tudo bem?

Scott levanta a cabeça e me olha com uma expressão séria.

- Sim, tudo bem... Só estava pensando em algo.

- Ah, entendi... Bom jantar pra você - pego o frasco de remédio e guardo no bolso.

Scott pega a bandeja e começa a comer, me observando enquanto guardo o remédio.

- Obrigado pela comida... E por cuidar de mim.

Sorrio de canto - Não precisa agradecer, só estou fazendo meu trabalho.

Ele termina de comer e olha pra mim novamente.

- Mas eu quero agradecer... Você é a única que não tem medo de mim.

- Eles não têm medo de você, só estão com receio, que você possa agredi-los.

Paciente 221Onde histórias criam vida. Descubra agora