Te amar, eu ousaria!

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Inspirado na música Avesso de Jorge Vercillo

Obs. Apenas escrevi e postei, nao revisei. Relevem qualquer erro 💕

Boa leitura!

***

Já acordei sentindo minha barriga fria. Estava nervoso. Iria te ver. Na verdade, tem sido assim desde que você apareceu no colégio.

Seus cabelos ruivos e encaracolados tem sido o motivo dos meus pensamentos mais histéricos.

Eu só queria me perder no retângulo do seu sorriso.

Ainda lembro da sensação que senti quando ouvi sua voz pela primeira vez. Mas, desde que descobri que isso é errado, meu coração se estilhaçou.

Me arrumando para ir à aula, deixo minhas coisas cair no chão e me pergunto se você é desastrado assim também e começo a rir em desagrado, quando noto que minha mente voltou a vislumbrar você tomando café comigo. Acabo por me despertar quando meu pai me chamou. Estou atrasado.

Quando chego na sala de aula, lá está você, todo sorridente, conversando com as meninas. E, quando uma delas faz cafuné em seus cabelos, mesmo sendo proibida a interação entre garotos e garotas, meu coração se enche de ira.

Deveria ser eu!

Então me lembro, é errado dois homens se amarem.

Mas eu ousaria te amar!

[...]

A aula começou e o professor, que exala naftalina, separou duplas para fazermos um trabalho, mas eu me disperso, não teria a sorte de ser escolhido para ficar com você.

Então, ouso te olhar!

De repente, meus sentidos revisitam, quando ouço nossos nomes na mesma frase e seu sorriso retangular que tanto amo, se direcionar para mim.

[...]

Nunca pensei que isso seria tão difícil.

Estou tão perto de você que sinto medo que as batidas do meu coração te assustem.

Isso é perigoso.

Mas algo acontece, e não sei por qual razão você corresponde ao flerte que disfarcei de piada.

Naquela noite, depois que você saiu do meu quarto, eu me desviei em meio aos meus lençóis, foi mais forte que eu. Infelizmente, talvez, seu cheiro entorpecente e sua beleza magnífica me seduzem.

É de manhã outra vez e quero te ver, mas o nervosismo me faz perder minutos no banheiro, porém isso não é um problema, pois a insônia não me deixou dormir e o pouco que consegui, sonhei com você.

Éramos adultos e morávamos juntos. Tínhamos dois cachorros, um Doberman e um Spitz alemão. Eles brincavam no nosso quintal enorme com um jardim florido e você tocava trompete. Foi lindo!

Infelizmente, era sonho e algo como aquilo jamais irá poder acontecer, pois é errado dois homens se amar. Mas eu te amaria, pois o que sinto é tão forte que pode até me matar.

[...]

Não sei como, mas estamos no mesmo dormitório da universidade, e o que pensei ser passageiro, está cada vez mais forte.

Você está ao meu lado, deitado na minha cama e o clarão do luar, ilumina nossos corpos. O peitoral desnudo, é capaz de revelar como estão nossos corações. Você disse que ama e nos beijamos intensamente até pegarmos no sono abraçados.

Então o dia seguinte chegou e saímos do quarto, sorrindo, cúmplices, trocando carícias. Não foi um sonho.

Os dias agora são mais alegres e as noites cada vez mais intensas, e os beijos mais sedentos e isso é tudo o que ousamos fazer. Até chegar as férias e a saudade apertar, obrigando-nos a criar encontros estratégicos.

Dois meninos num vagão, se entregando aos mistérios do prazer.

Mas o infortúnio nos pegou, e um boato se espalhou, ameaçando criar raízes.

Você ainda me olharia? Me olharia quando seu pai me jurou de morte, quando alegou que te desviei? Me olharia?

Já somos grandes para saber que nada do que sentimos é errado, porém, somos pequenos em força, em finanças, em quantidade e não podemos opinar, mas mesmo assim eu ouso te amar.

[...]

Somos adultos e formados e seu noivado quase me matou, mas me arrisco a te encontrar num bar desconhecido, longe da falsa decência. E nos entregamos um ao outro com lágrimas.

É perigoso te amar, é doloroso te querer.

Somos adultos agora e já sabemos o que é o melhor para nos, mas o desejo nos pune de maneiras terríveis, só porque somos iguais. Mas mesmo que arranquem meus órgãos, mesmo que me arranquem a honra, mesmo que arranquem meu prazer, te amando, eu continuaria.

E você?

Mesmo que uma arma estivesse apontada para minha cabeça, eu ousaria te olhar, pois esse meu orgulho me faz ser quem sou.

E você, continuaria a me amar?

[...]

Eu me entreguei nos braços do mar, e não importa quanto tempo leve, eu quero saber se você é tão forte, que nem lá, no fundo, irá desejar, me amar. Continuarei a te esperar, pois não quero cancelar o encontro que nos marcamos, mesmo que eu não saiba quando isso acontecerá. E mesmo que eu não esteja mais aqui, e meus ossos virem adubo, você ainda pode me encontrar no avesso da dor que nos apetece.

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⏰ Última atualização: Mar 28 ⏰

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