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Inspirada na música "Girl Crush" em um universo alternativo de Terra e Paixão onde Ramiro é um La Selva.

270K em Te Esquecer, e a primeira das minhas duas contribuições para essa meta no Projeto AUtoras (se você não segue no tt, corre !).

TW: morte de personagem referenciada

[...]

Um mês. Trinta dias.

Mais horas do que você acredita ser capaz de contar e tantos minutos que poderia simplesmente enlouquecer.

Segundos que são horas, horas que são dias, dias que são... Nada.

As pessoas têm o belo - ou não tão belo assim - costume de dizer para todos que precisarem ouvir que "o tempo cura tudo", mas se isso é realmente verdade, então por qual motivo lhe parece que a sua ferida estará para todo sempre aberta? Talvez seja "a eterna dor de um amor perdido", como Luana murmurou certa vez ao vê-lo encarando o horizonte com um olhar vazio, esperando por uma caminhonete que nunca viria. Sendo ou não isto, só você sabe o quanto gostaria que o "perder" não significasse realmente perder, mas aconteceu, e não há o que fazer para mudar tal realidade.

É quase como afogar-se diariamente - ou é isto o que imagina -, sem nunca chegar ao ponto em que os seus pulmões estão tão cheios de água e respirar já lhe dói tanto que se torna completamente impossível fazê-lo... Ou talvez seja como ser atingido por um carro vindo bem na sua direção em alta velocidade - várias e várias vezes seguidas -, mas jamais alcançar o momento no qual cada um de seus órgãos encontra-se à beira de um colapso e tudo o que o seu sistema nervoso pode fazer é lhe apagar de uma vez por todas.

Sim, seria mais simples e rápido se o universo acabasse com isso num instante, mas ele é cruel, não o faz, e enquanto isso você vive - ou algo parecido com isso. Vive e ouve... Ouve... Ouve... Ouve...

Ouve as pessoas sussurrando o nome dele quando acreditam que não está prestando atenção o suficiente, seus colegas de trabalho formando sentenças cada vez mais confusas enquanto tentam encontrar as melhores palavras para utilizar em uma conversa - com medo que qualquer uma delas te faça desabar -, e até mesmo os mais velhos lhe dando conselhos sobre coisas as quais viveram ou não.

Você ouve, e preferia não ter que fazê-lo. Um ótimo exemplo é Berenice, uma de suas amigas, que tem o terrível costume de usar a frase: Siga em frente, era isso o que ele iria querer. Como ela pode saber, afinal? Como todos podem saber tanto sobre aquilo se nem mesmo você o faz?

E agora, aí está você, "seguindo em frente". Não que acredite verdadeiramente que voltar para a rotina caótica do Naitandei, com uma série de clientes bêbados os quais pouco importam, seja a melhor forma de fazer algo do tipo, mas Luana disse que você só precisava ficar por uma hora e que, se não estivesse bem, poderia voltar ao seu quarto e seguir fingindo que tudo está certo, o que significa que tem aproximadamente mais vinte ou trinta minutos antes de finalmente se livrar de toda essa bagunça que é a vida real e retornar ao lugar de onde deveria sequer ter saído.

Pois ele estaria ali. Ele estaria sorrindo. Ele estaria feliz... Só que não está. Então por qual razão você deveria?

É em meio aos seus pensamentos sobre o quanto essa parece ter sido sua pior escolha em dias - e também ao seu quinto copo de alguma bebida a qual só está tomando para mais uma vez tentar se esquecer - que a vê, e nela você o vê. O vê em cada um dos passos que aquela mulher dá, como se ambos ainda caminhassem lado a lado fingindo ser o casal perfeito . O vê em seus sorrisos, que um dia foram direcionados a ele, mesmo que nunca fossem realmente verdadeiros. O vê na forma que ela se move e toca as pessoas ao seu redor, como se aquilo fosse tão simples quanto sempre fora quando ele ainda estava ali.

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