Aquele com o reencontro

1.3K 89 30
                                    

Me sentei no banco à beira da piscina, naquela mesma clínica que passei tantos anos antes. Depois do casamento de Lara e Mário, Carol foi embora sem mais nem menos, eu não fui me despedir.

Já haviam se passado dois anos, dois longos anos presa no mesmo limbo em que fiquei quando meu irmão morreu. Dois anos pensando o que seria da minha vida se eu tivesse mantido meus sentimentos para mim.

Fiquei ali por muito tempo, olhando para o nada, sem minha câmera eu não tinha muito o que fazer… eu já tinha quebrado ela em um surto há seis meses.

Em algum momento ouvi uma voz me chamando, parecia distante, como se eu estivesse debaixo da água e alguém estivesse me chamando.

Tentei puxar ar para os meus pulmões, quando senti a sensação horrível de inspirar água ao invés de ar, de repente tudo se tornou demais e ao invés de tentar sair eu apenas aceitei a morte como amiga. E então tudo ficou escuro e silencioso. 

Em algum momento da noite meu celular tocou, um toque específico que já havia decorado. Era da clínica de Natália.

Atendi antes que pudesse acordar Taís, me dirigi para a sala para ouvir o que Natália havia feito dessa vez. Na última vez que recebi uma ligação ela havia jogado sua câmera na parede.

Ouvir da terapeuta dela que em um momento ela estava sentada em um banco e no seguinte estava afundando na piscina quase me quebrou, não aguentaria perder ela também.

Não sei em que momento comecei a gritar, mas em um segundo estava sozinho no chão da sala e no outro Taís estava ao meu lado, me segurando antes que pudesse cair mais.

- O que aconteceu? O que a doutora disse?

Ouvi sua voz preocupada, mas era quase impossível para mim dizer que minha irmã estava sendo encaminhada ao hospital.

- Ela… ela se afogou… estão levando para o hospital

Sussurro em um momento de desespero, Natália não podia me deixar também.

- Então nós vamos até o hospital, nós vamos até ela. - Ela disse com a voz cheia de certeza, se levantou e foi até o quarto, saiu de lá momentos depois arrumada e com a bolsa do nosso pequeno no ombro.

- Ela é forte, Pedro, ela vai passar por isso, assim como passou por Bruno.

Ela diz olhando em meus olhos, deixa a bolsa no sofá e me ajuda a me levantar e me recompor. Corro até o quarto e rapidamente troco de roupa, pego meu pequeno no berço e, juntos, vamos até o hospital.

Enquanto Pedro conversava com o médico de Natália, abri o WhatsApp em um grupo com todas as meninas, exceto Natália, é claro. Ela havia saído do grupo antes mesmo de ser internada.

‘Natália sofreu um acidente na clínica, estamos no hospital esperando notícias.’ 

É tudo que escrevo e logo meu celular se enche de notificações de todas as nossas amigas preocupadas, e não posso deixar de perceber que a que mais faz perguntas é Carol. Que deveria estar de volta do Canadá ainda essa semana.

Menos de uma hora depois e a maioria delas se encontravam sentadas na sala de espera ao meu lado.

- A doutora disse que ela parecia não saber o que estava fazendo, como se estivesse no automático, uma hora estava sentada no banco olhando para o nada e na outra estava afundando na piscina.

Pedro diz baixo, ainda abalado pelas últimas notícias.

- Eles a colocaram em coma induzido, parece que havia muita água nos pulmões e seu cérebro ficou muito tempo sem oxigênio. -

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora