GLACIAL

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Se lhes perguntasse o que o fez se apaixonar pelo rapaz, talvez ele diria que foi no dia em que o viu sorrir alegre ao colocar os pés na areia da praia, mesmo que o termômetro marcasse menos de 5 graus; ou então quando o mesmo dormia serenamente em seu peito após um sexo desenfreado, ou não... Definitivamente diria que tal sentimento lhe acendeu no peito quando caminhavam juntos e ele tropeçou como sempre, batendo a testa no poste da calçada e rindo escandaloso ao mesmo tempo que chiava pelo galo que tinha se formado.

"Ah, eu desisto."

E era a mais pura verdade, Hoseok desistia todas as vezes que tentava achar um motivo que tenha sido forte o suficiente para que se apaixonasse por Jimin.

A frustração lhe tomava todas as vezes que fracassava em sua missão de entender como isso aconteceu. Ele tinha tudo sob controle, não tinha? Ele sabia muito bem o que estava fazendo, tinha certeza que não passaria de uma diversão, como então ele chegou à esse ponto?

Hoseok deveria ter previsto que se queimaria uma hora ou outra, porque no fundo ele sabia que não conseguiria recuar desse fogo por mais que tentasse.

E assim aconteceu, o fogo lhe queimou por fora e por dentro, lhe fez suar e gritar de tanto calor, completamente carbonizado pelo amor que sentia pelo loirinho, e por tudo que é mais sagrado, ele tinha certeza de que nunca conseguiria se reconstruir novamente.

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O choque térmico lhe percorreu dos pés até os ombros assim que a pele quente, descoberta pelo edredom, tocou o frio estridente do piso.

Hoseok havia levantado por saber que algo estava fora dos padrões naquela madrugada em específica, pois ouvia barulhos estranhos vindo do andar térreo, e pelo incomodo que sentia em seus ouvidos em meio à todo aquele silêncio, resolveu brigar com quem quer que fosse que estivesse lhe tirando o sono.

Os passos vagarosos do amorenado cobriram o corredor escuro do primeiro andar, e logo ele estava descendo as escadas embriagado pelo sono, sendo movido apenas pelos barulhos de tropeços, falas mal entendidas e de vez em quando, alguns arrotos que o fazia estranhar ainda mais aquela situação.

Já próximo da cozinha, conseguiu ouvir claramente a voz de Jimin, porém, só ouvia-se o som da voz, já que as falas não chegavam nem perto de serem decifradas.

E ali se deparou com uma cena que lhe aqueceu o peito e outros lugares mais, o fazendo sorrir, se esquecendo completamente da sua intenção de reclamar do barulho.

Jimin tinha as costas apoiadas na parede ao lado da geladeira totalmente escancarada, e o mesmo bebia da água de uma garrafa de gluti gluti, fazendo o seu pomo de adão subir e descer harmoniozamente com o barulho de água sendo engolida.

As roupas estavam amassadas, o rosto estava suado e o cabelo, desgrenhado.

A cena propriamente dita podia ser vista como deplorável por alguns, mas Hoseok via ali uma obra prima, provavelmente por conta do amor inquieto que se escondia entre as veias de seu coração.

É, realmente, eram consequências do amor.

Se alguém lesse seu pensamentos e ele fosse taxado de louco por isso, em nada o surpreenderia, afinal: dizem que quem ama enlouquece, não é?


Aproveitou o momento que passou por despercebido pelo outro para apreciar a bela vista ao vivo:

Duas pulseiras lisas de prata escorregavam pelo braço, e as mãos que constantemente tomavam uma forma inchada e fofinha pelos incánsaveis treinos de dança, agora devido à alguns dias de descanso tornaram-se quase pornográficas: as veias estavam saltantes e os dedos másculos seguravam com força o objeto transparente. E a boca? Ah, a boca estava formada em um bico, sugando sedento o líquido do recipiente.

Talvez PorcelanaOnde histórias criam vida. Descubra agora