vi: conheço percy e ganho uma nova figura materna.

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Zeus está muito puto. Não sei quem ou o que o deixou revoltado, mas água cai do céu em uma tempestade feroz, ricocheteando raios por todo o país. Na verdade, eu não faço ideia de até onde a chuva está alcançando, mas enfim! O foco é: alguém irritou o Deus dos Céus, e pela cara de Grover, acho que fomos nós.

O caminho inteiro parece um labirinto, tentando fugir dos carros que nos atrapalham, da chuva e acompanhar o que o garoto bode nos diz. Quase batemos o carro umas sete vezes, pois ele apenas nos lembrava de virar dois segundos antes.

━━ Estamos chegando? ━ Henry pergunta, segurando no cinto com tanta força que seu corpo treme. ━━ Se for para bater o carro, não precisa responder!

━━ Estamos! ━ Grover responde, virando com um sorriso envergonhado para meu irmão.

Os dois sentam atrás, mas Henry está quase colado com o banco, morrendo de medo dos freios e curvas repentinas. Já o mais velho, apesar de nervoso, está praticamente sentando no banco da frente, tentando passar as instruções para Ivy adequadamente.

Tentando é a palavra-chave.

━━ Graças! ━ Minha babá murmura, respirando fundo ao observar a estrada cada vez mais solitária.

Consigo perceber o receio nela. Não sei exatamente o que a Mckinnon teme, mas parece ser algo que eu também deveria temer. Adultos tendem a fazer essas coisas de sentir e pensar em possíveis resultados, sofrer com isso e nunca te contarem o porquê. Queria que Ivy fosse diferente, mas eu não posso a mudar.

Meu olhar se volta para a estrada, apesar da violência da chuva e da falta de iluminação, parece um caminho bonito. Aqueles que você viaja com a família, ouvindo músicas antigas e relembrando momentos até chegar no destino. Não sou nada experiente nesse tipo de assunto, apenas vejo essas coisas em livros e filmes. Quem dera, essa fosse minha vida. Se meu pai me levasse em todas as viagens que faz, contasse sobre sua infância e — talvez — sobre mamãe, tudo seria mais simples. Eu não precisaria fugir de casa com ajuda da minha babá e um sátiro.

Infelizmente, não podemos ter tudo.

━━ Só seguir reto agora.

Os batimentos cardíacos de praticamente todo mundo diminuíram ao mesmo tempo, levando em consideração que agora o perigo é um pouco menor. Consequentemente, minha mente começa a viajar. Quando não estou focada em não morrer, costumo pensar em coisas que me fazem desejar estar morta. Não porque eu quero, está fora do meu controle, simplesmente acontece.

Sinto um peso em minhas mãos e meu olhar cai para o objeto que eu seguro. Katoptris. Espelho. Me questiono a história por trás dela. Sei que Helena era a dona e que a usava de espelho, mas não sei o que vem depois disso. Aparentemente, o acampamento a tinha e perderam, mas não consigo evitar pensar como e por quê. Quem sumiu com a adaga? Por que ela apareceu para mim? Quem Grover achou que era meu pai, quando a viu em minhas mãos? São tantas emoções turbinando que já não sei o que sentir direito.

━━ Ali, aquela cabana ali! ━ Grover celebra, trazendo a atenção de todos para o canto da estrada.

Ivy faz o melhor para estacionar próximo à cabana, levando em consideração a chuva e o pequeno espaço para encaixar o carro.

━━ E agora?

Me viro para checar o garoto, incerta sobre o que vem agora. Não sei se Sally e Percy Jackson estão à espera de um sátiro e sua nova amiga semideusa, mas cá nós estamos. E o que farei com Ivy e Henry? Levá-los para dentro como se não fossem nada?

𝐀𝐒𝐓𝐑𝐎𝐍𝐎𝐌𝐘, annabeth chase.Onde histórias criam vida. Descubra agora