𝑪𝒊𝒏𝒄𝒐

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Lucien acordou com um feixo de luz do sol sobre um de seus os olhos, fazendo-o praguejar baixinho, em um tom rouco como um ronronar, agitando-se, o tronco exposto devido a ausência de camisa e os cabelos soltos espalhados dentre os travesseiros ao resmungar algo indecifrável quando, como um gato preguiçoso, escondeu o próprio rosto as costas da fêmea féerica deitada a sua frente, fazendo-o paralisar imediatamente, as lembranças da noite o atingindo lentamente, a última delas, envolvendo o próprio Lucien adormecendo com um dos braços envolta da fêmea, mas Nestha apenas levou uma das mãos ao próprio rosto ao ouvi-lo, parecendo começar a despertar, ainda em transe, os olhos ainda fechados quando murmurou em um tom suave

você fala quando dorme.

Lucien retornou a resmungar, fazendo questão de esgueirar a mão, antes repousada sobre a cintura da fêmea, e caminhar com ela em direção a face, afundando maliciosamente a mão imensa sobre o rosto da fêmea para que se calasse, e ela lhe mordiscou o seu dedo como resposta antes que o macho se reerguesse e retirasse a mão, sentando-se preguiçosamente a cama conforme se espreguiçava, arqueando as costas conforme erguia os braços para cima, e então finalmente despertou, indo cutucá-la com uma das mãos, balançando-a afim de irritá-la ao máximo, uma tarefa não muito difícil de ser executada

Deveria voltar pro seu quarto, se deseja dormir

Com isso, a fêmea se virou de costas, deitando-se de bruços conforme murmurava algo inaudível ao afundar entre alguns travesseiros, gesticulando um sinal com o dedo do meio antes de também se espreguiçar, arqueando as costas como um felino e finalmente se erguendo. Sobre a luz da manhã, a féerica parecia possuir os olhos em um cinza tão claro que beiravam ao branco, as pupilas destacadas, as sombras abaixo dos olhos pareciam desaparecer, dando-lhe um ar mais sereno conforme ela se sentava ao lado do macho, finalmente erguendo os olhos e  encarando-o com uma expressão raivosa quando retrucou, a voz embargada pelo que parecia sono

Qual seu problema?

― Oh, você.

Ele rebateu instantâneamente, fazendo-a soltar um breve suspiro, e então a fêmea abaixou a cabeça, levando uma das mãos a testa, de modo que uma risada escapasse do macho féerico, virando-se para observá-la conforme a fêmea parecia reunir coragem, murmurando um “ que seja, Vanserrae se levantar, e ele mordiscou o próprio lábio inferior diante da visão das coxas pálidas e fartas deslizando junto a camisola de seda, praticamente devorando-a com o olhar quando obrigou-se a desviar o rosto para o chão, e ao ouvir o clique da porta, afundou contra o travesseiro, praguejando baixinho logo depois, ciente dos pensamentos que já se formavam lentamente em sua mente, fazendo-o afundar a banheira quando seus pensamentos vagaram ao que poderia fazer entre aquelas coxas, e ele se obrigou a jogar tudo aquilo para debaixo do tapete, ciente do território perigoso que estava.

Ele afundou na banheira uma última vez, erguendo o corpo antes de puxar a toalha e amarrá-la a cintura. Cerca de meia hora depois, trajava uma camisa em algodão branco, parcialmente abotoada, as mangas puxadas em seus cotovelos junto a uma calça em linho bege, o féerico havia descido as escadas, deparando-se com a fêmea sentada em um canto da mesa de jantar, observando-a conforme prendia o cabelo em um coque com um grampo dourado, o olhar vagando pela fêmea, de cima abaixo, faminto. Nestha Archeron encontrava-se sentada a mesa, um dos pés apoiados sobre o acento da cadeira, o queixo apoiado sobre o próprio joelho. Uma das poucas vezes em que a avistara em uma postura tão relaxada. Tão...humana, talvez. Desde a primeira vez, mesmo em sua humanidade, Nestha havia erguido um muro, sempre em uma postura rígida, o olhar impassível o queixo erguido, os olhos frios como gelo. No entanto, a ladra do caldeirão parecia...Lucien odiou admitir

Odiou quando dando-se conta, percebeu que Nestha Archeron possuía uma beleza imensurável quando relaxada, a guarda abaixada, os cabelos presos atrás das orelhas pontiagudas, coberta por um cardigã azul suave, mais folgado que o habitual, além da calça em linho branco. As mãos da fêmea, uma delas, agarradas a uma caneca de café fumegante, enquanto a outra, repousava sobre um livro quando ele finalmente se aproximou, pegando o próprio café quando se sentou ao lado dela, que parecia absorta demais ao próprio livro para uma interação quando ele murmurou

𝑯𝒐𝒕𝒕𝒆𝒓 𝒕𝒉𝒂𝒏 𝒇𝒍𝒂𝒎𝒆𝒔 ― 𝐠𝐨𝐥𝐝𝐞𝐧 𝐬𝐢𝐝𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora