A FULGA

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- Onde pensa que vai? Deixe-me ver seus pés!
- Está sujo! Já que lhe custa perguntar.
- Não vê que sua mãe acabou de limpar o carpete? Como pode ser tão desrespeitosa?
- Nada que uma nova limpeza não resolva.
- Vamos limpar você desta casa. - Molina interviu pela primeira vez em uma discussão entre pai e filha.
- Não cansaram disso ainda? Essa ideia é ridícula.
- Nos cansamos sim, suas coisas já estão prontas, hoje mesmo você vai para o Castelo.
- Como é? - Yenefer passou de indiferente a irritada, as luzes da cozinha piscaram e Molina disse aos berros.
- Queremos nos livrar dessa maldição que você carrega. Esse é o jeito!
- Seus esforços serão em vão, ao amanhecer não haverá rastro meu, aqui, no castelo ou em qualquer lugar do reino.
- Saiba que tudo isso é culpa sua. - Admitiu seu pai, apontando-lhe o dedo indicador.
- Minha?
- Exatamente. Se ao menos quisesse controlar, se tentasse... Mas não, quer andar por aí feito uma qualquer, então será tratada como uma!
- Não seria espantoso se fosse expulsa do castelo também - Desdenhou sua mae- Ninguém quer alguém como você.

Essas palavras feriram Yenefer profundamente por alguns minutos, até que em mais um ato de rebeldia ao dar as costas para seus pais e chegar em seu quarto, a garota extravasa sua dor fazendo todos os objetos a sua volta voarem e baterem contra as paredes.

Me custa admitir que eles não estavam assim tão errados, aquela garota realmente carregava algo consigo, mas nem ela ou seus pais podiam explicar o que era e de onde veio.

Os dias dela eram todos iguais, apesar de já estar planejando uma fulga até aquele momento ainda considerava ser um dia comum.
Estava na floresta um tempo antes, como de costume, caminhando enquanto observava o máximo possível a fim de encontrar flores, raizes, sementes, tudo o que ela sabia que poderia usar.

Dali estava planejando encontrar seu único amigo, que aquela hora se preparava para colher maçãs, Yenefer precisava passar em sua casa antes para trocar a sua sacola por uma maior ou até duas.

O caminho pela floresta era o que mais lhe agrava, mesmo com rumores de desaparecimentos e animais perigoso, não havia outro lugar no reino que ela gostasse mais. Nem mesmo sua casa, onde ela não demorou a chegar.

É uma casa bem vista pela grande maioria dos moradores do Reino, construída em 1540 por seus familiares mais antigos, localizado próxima a propriedade do Rei, que com sua permissão foi se mantendo de geração em geração se tornando o orgulho da família.
De fato uma casa linda de se ver, com paredes de pedra branca, janelas grandes e com madeira de teixo puro, presente direto da Rainha como recompensa por serviços prestados ao castelo.

O pai da família Senhor Dircel Monte D'Castamar é o jardineiro Real, responsável por manter os jardins do castelo impecáveis e cima da uma equipe de 28 outros jardineiros.
Já a mãe, Molina Rivera Monte D'Castamar é modista, uma das mais procuras e recomendadas do reino.

Logo Yenefer não teria uma vida horrível, sua moradia era boa e seus pais possuem boas condições, mas Yenefer é diferente de tudo o que eles podiam imaginar desde o ventre.

Ao chegar em casa ela viu o que achou que jamais veria, eles haviam tomado uma atitude.
Yenefer não sabia nada sobre a realeza, conseguiu com muito esforço, se manter alheia a tudo, quase que 100%!
Era o último lugar que queria estar, ela tinha certeza que todo o empenho de seus pai era puni-la, então era óbvio, só podia ser um lugar horrível.

Algum tempo depois de se acalmar Yenefer arrumou o máximo de coisas que ela julgou necessárias para sobreviver no desconhecido, roupas, seus poucos itens de higiene, um documento, todas as suas bandagens e o que ela chamava carinhosamente de itens mágicos, mesmo se achando um pouco ridícula por chamar ervas, raizes e coisas que ela mesmo confeccionou como as próprias mãos e peculiaridade dessa forma. Chegou a esvaziar um pouco a mala que sua mãe fez para ela.
Ao ter tudo guardado em um único baú com rodas, Yenefer constatou que seria difícil sair aquela hora com seus pais irritados com ela na cozinha, então, jogou o baú pela janela com receio de que ele se desfizesse e caminhou despretenciosa até a cozinha.

BAIRDWhere stories live. Discover now