Prólogo

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10 anos atrás

- Turquia

Gritos altos podiam ser ouvidos pela vizinhança. Era a mãe de Min-ji, que encolhida no chão ao lado da cama ouvia as palavras da mãe.

— …SUA IMUNDA!!!! GAROTA PODRE! Como pode fazer isso com sua mãe??? Com a sua FAMÍLIA! - Berrava Lee Eun-ji, mãe de Min-ji. A mulher chorava como se tivesse perdido um ente querido, mas na verdade, o que havia morrido nela, foi seus pensamentos em relação a sua filha, a mulher estava decepcionada.

Min-ji não estava muito diferente da mãe, Chorava como um bebê com fome, encolhendo se sobre suas pernas dobradas.

— M-mãe… por favor! Me perdoa mãe ME PERDOA, Eu n-nunca quis te decepcionar… - Suplicava a menina em lágrimas,com a voz falha e assustada. Lee Eun-ji secava com a palma da mão o rosto molhado, olhando com desgosto para a filha, caída aos seus pés pedindo perdão.

— NÃO ME TOQUE , Porca imunda! VERME! Seu nascimento foi um erro! -

— Mãe não diga isso, por favor - Min-ji fungou — Eu prometo, foi um engano, eu me enganei, eu errei eu sou idiota esqueceu??? Nunca mais vou falar sobre isso, por favor mãe! -

De repente, a entrada de outra pessoa no quarta assusta Min-ji, que se encolhe ainda mais ao ver quem era. Seu pai.

Odara observou as duas, Min-ji com a toalha de banho enrolada no corpo, com o rosto banhado em lágrimas.

— O que está acontecendo aqui? Eu acabo de chegar do trabalho e sou recebido em casa com gritos? -

Eun-ji suspira, olhando amargurada para Min-ji, e começa a sussurrar
“por favor, não”
.

A mãe dá as costas e caminha em direção ao pai

— Odara, você não vai acreditar nas ideias que essa… essa aí, está tendo -

O homem olha vó estranhamento para a esposa enquanto ela conta tudo, desabando em lágrimas novamente e começando a falar alto. O olhar do homem se torna frio e sua postura fica rígida.

No momento em que ele volta o olhar para Min-ji, ela sentiu profundos arrepios, segurando a barra da toalha amarrada no busto com força, enquanto via seu pai vir com passos firmes em sua direção.

Min-ji gritou quando ele agarrou seu braço e a levantou do chão, sacudindo-a com força desmedida, gritando tanto quanto sua mãe.

— QUE PORRA É ESSA GAROTA? QUE HISTÓRIA É ESSA?! - Gritou ele, pegando o maxilar de Min-ji e virando para si, fazendo a menina olhar seu rosto contorcido em uma mistura de raiva e nojo.

— APAIXONADA POR MULHER?! É ISSO?? SUA PUTA! -

— PAI! NÃO! Não é assim!...- Diz Min-ji entre os dentes, por causa da mandíbula segurada

— É SIM, Odara! NÃO ACREDITE NESSA NOJENTA! Olhe, OLHE! - Eun-ji pega o celular da menina e entrega para o homem. O aparelho estava aberto em um aplicativo de mensagens, onde a mulher, trêmula, passava todas as mensagens da garota com uma outra menina.

Min-ji se debate, com medo e tentando se soltar do aperto do seu pai, que ficou ainda mais irado ao olhar todas as mensagens.

— De tantas coisas para você fazer para nos decepcionar, precisava gostar de mulher? NOJENTA! Pode parar de se considerar minha filha! -

O coração de Min-ji aperta, chorando ainda mais.

Seu corpo foi jogado no chão, ao levantar o rosto, Sua mãe lhe deu um tapa no rosto.

A mulher saiu de perto da menina, se sentando em uma cadeira no canto do quarto.
— Oh Deus, de tantas coisas…- dizia chorando — É melhor que eu MORRA pra não viver com essa vergonha de ter essa aberração como filha! - chorava a mãe sentada na cadeira.

Para Min-ji, tudo o que sua mãe e seu pai lhe diziam era como uma facada no coração, era eu quem desejo estar morta agora, pensava a menina. Nem as lapadas de cinta que seu pai dava enquanto a amaldiçoava doíam tanto quanto ver sua mãe chorar de decepção e o ódio transbordar dos olhos de seu pai.

Mais tarde, ainda no quarto e vestida com pijama, Min-ji ouvia seus pais conversarem de forma abafada, por causa das paredes. Todo o seu corpo doía e ardia, tal como seus olhos, que pareciam que iria derreter a qualquer momento.

Min-ji pensava, solitária, como tudo o que aconteceu foi culpa dela. Ela  cometeu o erro de confiar seu segredo e desabafar seus sentimentos,e graças a isso, agora, ela estava sofrendo.
Foi culpa dela, de ser inocente em pensar que sua mãe aceitaria uma filha homossexual, achando que sua mãe lhe iria sorrir e te abraçar, feliz por sua filha estar descobrindo o amor, que elas sentariam na cama e conversariam sobre…

Bobagem...

Min-ji confiou e agora tudo o que restava em si era dó de si mesma, arrependimento, insegurança , amargura, um enjôo que parecia lhe querer tomar o corpo…

A garota pensava que se esses fossem os sintomas da morte, daria graças a Deus, afinal, Deus ouvia pessoas como ela?

Em silêncio, a menina volta a chorar, até que dormiu, desejando que quando acordasse, tudo que aconteceu havia sido só um sonho ruim.



























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