Charles gostava de observar Max alimentando Jimmy e Sassy. Era extremamente fofo vê-lo todo macio e caloroso, usando uma voz mais suave para elogiar os felinos, sussurrando sobre como eles eram bonzinhos e mereciam petiscos extras.
Em momentos como aquele, Charles tinha o prazer de ver de perto o verdadeiro Max Verstappen. Aquela parte adorável na qual o loiro era uma pessoa comum e doméstica, que mimava os seus gatos e os tratava como filhos. O lado gentil e carinhoso que a mídia buscava esconder de todas as formas possíveis apenas para alimentar uma narrativa na qual Max era o vilão.
Max era grande, com músculos definidos e visíveis mesmo sob uma camada mais grossa de roupas. Ele tinha aquele olhar determinado de quem poderia quebrar qualquer coisa que cruzasse seu caminho e a grande parte das pessoas o enxergava como uma máquina de combate. Bem, talvez, de fato, ele realmente fosse uma.
Dominar, conquistar, ganhar — a qualquer custo — eram as palavras que Max mais ouvia enquanto crescia. Jos Verstappen, provavelmente, deveria ter feito questão de murmurar aquilo no ouvido de Max enquanto ele dormia, apenas para que ele não se esquecesse.
Charles poderia apostar que a primeira palavra que o loiro aprendeu a escrever foi "vencer". Com suas letras trêmulas e desajeitadas, ele preencheria páginas e páginas com aquele simples termo.
Mas havia mais em Max do que apenas a sede pela vitória.
Ser criado por Jos foi uma experiência traumática, Max era apenas uma criança, mas ele não poderia se dar ao luxo de errar, qualquer mínima coisa fora do lugar já era o suficiente para que ele sofresse punições severas. Apesar de tudo isso, Max era uma pessoa boa demais para esse mundo e não deixava o rancor tomar conta do seu coração por muito tempo. Ele apenas agradecia ao seu pai pelo incentivo na carreira e se mantinha afastado.
A realidade é que as marcas na pele de Max não existiam mais. O tempo cuidou de cicatrizar todas elas aos poucos e atualmente os únicos vestígios eram pequenas linhas claras que se confundiam em sua derme. Mas as marcas em seu coração, aquelas que não eram visíveis, eram uma história mais complicada, elas não seriam curadas com a mesma facilidade. Era um processo doloroso e lento, tão lento que talvez nunca estivesse completamente curado. E mesmo que as estações passassem, ainda iriam existir resquícios da sua infância sombria.
Não havia problema.
Max era determinado e sempre fazia o possível para melhorar, visitando regularmente o psicólogo e se dedicando a outras coisas que não fossem corridas. E Charles estava ao seu lado para apoiá-lo, mesmo que isso significasse passar horas aprendendo a fazer crochê, apenas porque Max havia insistido que seria bom fazer uma manta para os gatos se manterem quentes durante o inverno. Na opinião de Charles, nada daquilo era realmente necessário, a casa era aquecida e Jimmy e Sassy já possuíam mantas o suficiente, porém era algo que Max queria fazer, então por ele tudo bem. Charles passaria horas sentado no sofá ao lado de Max, enrolados em linhas coloridas.
Charles beijaria as pequenas cicatrizes na pele de Max, uma por vez. Ele deslizaria os dedos com delicadeza pelos fios loiros, os enrolando até formarem pequenos cachos desajeitados. E então o pegaria no colo e o trataria com todo o amor do mundo. Trataria ele como um gatinho ferido, porque era aquilo que Max era: um gatinho ferido por alguém cruel, alguém no qual ele deveria ter confiado para ser tratado com carinho, mas que apenas quebrou sua confiança.
Max era como um gatinho travesso, e Charles era completamente maluco por aquela analogia, porque bem, ele poderia muito bem comprová-la.
Vejam só: Max poderia te "arranhar" e "rosnar" no início, fugir para longe e se esconder em algum lugar onde ninguém pudesse encontrá-lo. Ele poderia te olhar pelo canto do olho, desconfiado, demorando para acreditar que você tem boas intenções. Assim como um gatinho ferido, ele precisaria de tempo e paciência para ser conquistado. Mas, no momento em que você conseguisse sua confiança, ele te seguiria por todos os cantos, te cutucaria até conseguir carinho e se enrolaria com você nos lençóis macios, ronronando feliz.
— O que você tanto olha? — Max perguntou, inclinando a cabeça de lado. As sobrancelhas franzidas em uma expressão tão fofa que Charles pensou que derreteria naquele exato momento. Ele poderia, de uma maneira tão fácil, escorregar pelo chão até virar uma poça gosmenta. Max Verstappen o destruía com um simples olhar e nada daquilo era justo.
Charles choramingou enquanto se levantava do banco onde estava sentado, circulando o balcão até alcançar Max. Ele o abraçou com força, enfiando o nariz na pequena pintinha marrom que ele tinha no pescoço, suspirando profundamente ao sentir o aroma familiar.
— Oh, tudo bem — Max disse confuso, antes de retribuir o abraço apertado — Não que eu esteja reclamando. Mas por que tudo isso, schatje?
— Eu só te amo muito — murmurou — Tipo muito. Acho que meu coração pode transbordar a qualquer segundo e vou literalmente explodir, mon amour.
O loiro gargalhou, Charles era sempre tão dramático. Max o afastou um pouco apenas para segurar o rosto de Charles com suas mãos, passando os dedos pelas bochechas coradas — Max deveria lembrá-lo de passar protetor solar antes de ir à praia —. Ele observou os olhos brilhando de Charles, pequenas lágrimas não derramadas. Sim, Charles era completamente composto por drama e Max o amava.
— Não seja bobo, schatje. Você não pode explodir de amor.
— É claro que eu posso! — ele resmungou com um biquinho nos lábios, as sobrancelhas franzidas em uma expressão irritada e Max apenas gargalhou mais — Ei! Você não pode rir de mim dessa forma. Estou aqui me declarando e tudo o que você faz é rir?
— Você é tão dramático, Char — ele apertou as bochechas de Charles antes de beijá-lo suavemente — Tão, tão dramático e completamente adorável. Eu te amo e, acredite, eu também poderia explodir de amor.