➵ Prólogo

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Nos confins das montanhas de Gyeongwon, a brisa fria soprava entre os pinheiros, carregando consigo o eco distante dos tempos de guerra. Era o ano de 1510, e a Coreia do Sul ainda se recuperava das cicatrizes deixadas pelo conflito que dividiu a nação. Em meio a essa paisagem marcada pela história, encontraram o jovem herdeiro, príncipe Sung-hoon, cujo destino estava prestes a ser entrelaçado com os rumos incertos do reino recém-estabelecido.

Enquanto o reino se esforçava para se reinventar sob uma nova forma de governo monárquico, Lee Sung-hoon enfrentava o peso das expectativas que recaíam sobre seus ombros. A sombra da guerra pairava sobre a monarquia em ascensão, desafiando as tradições milenares e testando a coragem daqueles destinados a liderar.

Em meio a esse cenário de mudanças e incertezas, o jovem príncipe se via diante de escolhas que moldariam não apenas seu próprio destino, mas também o futuro do reino. Era chegada a hora de escrever uma nova página na história da Coreia, e Sung-hoon estava prestes a assumir um papel fundamental nessa jornada.

Assim, com os anos se passando, o príncipe Lee Sung-hoon foi amadurecendo, assim como sua função no Reino, sendo oficialmente o Rei da pequena cidade de Gyeongwon. Conquistando o seu povo e sendo um bom líder para aquela nação, o Rei seguiu por anos em uma liderança tranquila, vez ou outra algum problema com cidades vizinhas e líderes próximos, mas nada que ele não pudesse lidar.

Como a maioria naquela cidade simples, o Rei construiu sua família, se casou com uma bela mulher ainda quando príncipe, construindo uma bela família vista pelo seu povo quando a mulher engravidou, vindo a chegar nove meses depois uma criança.

Se perguntasse ao rei, ele contaria a história pela milésima vez sobre o momento que Yongbok nasceu, se lembrava perfeitamente dos detalhes sobre o bebê recém-nascido que repousava nos braços da mãe, revelando uma delicada cabeleira loira que parecia brilhar sob a luz suave da maternidade. Seu rostinho era adornado por pequenas sardas que se espalhavam de forma graciosa pelas bochechas, conferindo-lhe uma expressão encantadora e única. Seus olhinhos curiosos observavam o mundo ao seu redor com uma serenidade cativante, como se guardassem segredos ancestrais em sua inocência recém-descoberta.

A pele macia e rosada do bebê contrastava suavemente com as sardas que lhe conferiam um charme especial, enquanto seus delicados dedinhos pareciam explorar o universo com uma curiosidade inata. Era como se a presença daquele pequeno ser iluminasse o ambiente, trazendo consigo a promessa de aventuras e descobertas.

Felix, tendo seu nome de batismo como Lee Felícia, - nome dado por sua mãe, que hoje ele prefere não usar mais - cresceu sob os cuidados de seus pais até seus nove anos de idade, até que sua mãe veio a falecer por uma doença rara, trazendo muita tristeza a todos do reino e aldeias porque por mais que não fosse de fato uma rainha, era vista pelo povo como se fosse e sempre foi amada por todos.

Felix veio ao mundo em uma família nobre da corte real coreana como uma linda e promissora menina. Desde cedo, ele sentia-se deslocado em seu corpo designado, questionando sua identidade e lutando com conflitos internos que não conseguia compreender.

Aos 8 anos de idade, Felix encontra um antigo pergaminho escondido nos aposentos reais que retrata a história de um jovem guerreiro destemido, cuja coragem e determinação ressoam profundamente em seu coração. Diante dessa descoberta, ele começa a se reconhecer na figura masculina do guerreiro e a compreender sua verdadeira identidade como um menino.

Ao revelar seus sentimentos para sua família e conselheiros reais conservadores, Felix enfrentou resistência e incompreensão, pois as normas sociais não reconheciam e aceitavam a diversidade de identidades de gênero.

Mas diante de seus pais, aquilo era diferente.

Seus pais passaram uma noite inteira em claro conversando sobre o que o filho havia contado, surpresos com a notícia e tentando entender o que se passava, acabaram por chegar na conclusão de que o melhor para o Lee era sua própria felicidade, Felix sempre foi tudo para eles, então o apoiaria em qualquer decisão porque se Felix estava feliz, eles também estariam.

𝗰𝗼𝗿𝗼𝗮 𝗽𝗿𝗼𝗶𝗯𝗶𝗱𝗮, chanlixOnde histórias criam vida. Descubra agora