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25 anos atrás:

"Eu te desejo não parar tão cedo
Pois toda idade tem prazer e medo
E com os que erram feio e bastante
Que você consiga ser tolerante"

Uma vida inteira sendo completamente esquecida no tempo, alguns pensamentos intrusivos e ruins penetravam sua cabeça feito balas, fazendo ela quase explodir. Uma vida inteira sem saber o que é se sentir confortável com algo ou alguém, tentando se encaixar e sempre saindo de cena. Uma vida inteira jogada fora por ser simplesmente, você.

É realmente ruim não se encaixar, sentir que as pessoas se esgotaram da sua risada escandalosa, do seu jeito espalhafatoso, do seu cabelo muito liso, da sua voz grave e politicamente correta.
É realmente doloroso sentir que nunca vai estar confortável em algum canto, sempre vai haver algo ou alguém que vai lutar por espaço e você vai desistir de tentar, porque é melhor se jogar no chão do que ser empurrado.

Mas com ela você sempre soube que era diferente, nunca houve incômodo ou desconforto. Ficar com ela era o mesmo que ter paz de espírito.

Ela era a sua pessoa.

Você via os cuidados, sentia os toques e você se quebrava inteira a cada sorriso. Sentia a raiva se alastrar quando alguém que não fosse você a fazia rir.

— Nat, você não precisa ter ciúmes da Adriana, sou amiga das duas.

— Ótimo, vai ficar com ela! - Natália levantou furiosa do sofá e catou suas coisas pra ir embora.

A verdade é que ela não entendia o incômodo, porque sentia tanto ciúmes. Quando a via com o Bruno, seu peito se quebrantava.

— Natália, para com isso! - Carol suspirou cansada, Natália a encarou com os olhos cerrados.

— O que EU fiz? - Cruzou os braços e desdenhou.

— Eu odeio esse teu deboche! Olha só, você é a minha melhor amiga, as outras meninas são nossas amigas também!

Talvez ela tenha sido imatura?

— Me deixa entender o que você tá sentindo? - Carol caminhou até parar ao seu lado e pegou sua mão.

— Não é nada! - Seus olhos marejaram, você sabia que doía, sabia que o medo de ser rejeitada ou excluída era absurdamente grande.

— Eu não vou deixar você sair daqui brava comigo!

— Eu só fiquei com ciúmes mesmo, eu sou amiga das outras meninas, mas você é você. - Desconversou, não que ela não soubesse das suas dores e decepções com as pessoas a sua volta, mas falar sobre isso ainda era complexo.

— Eu te amo, bobinha! - Ela te abraçou e seus olhos transbordavam, sentia seu corpo inteiro em paz de novo.

A verdade era que você a amava muito mais do que ela poderia imaginar.

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Atualmente:

Carol:

"Quando você ficar triste, que seja por um
dia
E não o ano inteiro
E que você descubra que rir é bom
Mas que rir de tudo é desespero"

Voltar para o Rio era com toda certeza, uma das últimas coisas que eu queria pra mim. O calor exagerado fazia meu peito apertar em saudade do friozinho confortável do Canadá, era péssimo estar de volta.

Amor pra RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora