Chaotic

Uhgood

Os primeiros raios de sol esgueiram-se pelas cortinas desgastadas do modesto quarto de Hoseok, pintando as paredes nuas de um tom branco desgastado. Ele desperta suavemente, orquestrado pela sinfonia peculiar da manhã: o canto dos pássaros locais, entrelaçado com as buzinas que ecoam das ruas agitadas, agindo como sua melodia matinal particular.

A cama simples, coberta por macios lençóis brancos e bagunçados, testemunha mais uma noite de sono tranquilo. Hoseok estica os braços, espreguiçando-se lentamente, enquanto os aromas matutinos da vizinhança começam a infiltrar-se no ar através da sua janela aberta.

Do lado de fora, nas calçadas passavam as crianças que dirigiam-se para a escola, acompanhadas de gritos e risos, fazendo das ruas seu playground. Enquanto no asfalto, o movimento intenso de carros, ônibus e motos revelavam a rotina agitada dos trabalhadores locais, que começavam seu dia bem cedo. Hoseok, observando pela janela, contempla a simplicidade do cenário que o rodeia, imerso em uma atmosfera acolhedora e serena que dá contorno à sua vida.

Ao despertar bem mais cedo que o habitual, Hoseok mergulhou tranquilamente em sua rotina matutina. Após lavar o rosto e despertar por completo, dirigiu-se à cozinha, onde já ascendia o fogo, ansioso por dar vida ao café que se tornara sua tradição. Enquanto a água se preparava para ferver, abriu a geladeira em busca de alimento, se deparando com a necessidade urgente de uma ida ao mercado. Diante dele, viu apenas uma maçã enrugada, duas garrafas de água, algumas latas de cerveja e meia-dúzia de ovos. Com poucas opções, decidiu-se por uma simples omelete.

Concluído o café da manhã, Hoseok acomodou-se no sofá de sua sala com seu celular em mãos. Ao navegar por suas redes sociais, dedicou-se a responder comentários e mensagens de clientes, expressando gratidão pelos elogios, solucionando dúvidas e ajustando agendamentos. A tranquilidade do momento também proporcionou a ele um tempo para fazer a organização de sua pasta de desenhos, separando alguns que poderiam agradar sua clientela para serem levados consigo ao estúdio.

Após um revigorante banho gelado, Hoseok cuidou de sua higiene, escovando os dentes e arrumando o cabelo. Perfumou-se delicadamente e vestiu uma camiseta grande, repleta de desenhos aleatórios criados por ele mesmo, uma calça jeans preta com rasgos nos joelhos e um tênis preto de cano alto. Jogou a mochila nas costas, pegou as chaves de sua moto, o seu capacete, e saiu de casa.

Ao cruzar o caminho de uma idosa que ia em direção as escadas com seu lixo, Hoseok não hesitou em oferecer ajuda.

𑁋Opa, deixa que eu ajudo, senhora Oh! 𑁋correu até ela, prontamente pegando as sacolas de suas mãos. Um sorriso gentil adornou seu rosto enquanto a idosa agradecia.

𑁋Obrigada, meu lindo. 𑁋a senhora retribuiu o gesto com dois leves tapinhas no ombro do tatuador.

𑁋Parece que eles não têm pressa em consertar aquele maldito elevador, 'né?

𑁋Eu moro nesse prédio há 17 anos, querido. Espero por esse conserto há uma década.

𑁋É uma vergonha. Eles não deveriam fazer senhoras bonitas terem que descer tantas escadas para jogar seu lixo fora.

𑁋Oh, Hoseok, você é mesmo um encanto. 𑁋ela acaricia gentilmente a bochecha do tatuador𑁋 Você deveria considerar se casar com a minha filha.

𑁋'Tô ligado, a senhora me diz isso toda vez que nos encontramos. Mas a Soyoon tem o dobro da minha idade e já é casada, lembra, senhora Oh?

𑁋Sim, com aquele velho manco. Mas eu prefiro você. 𑁋ela responde cheia de certeza, arrancando um riso de Hoseok𑁋 Tenha um dia maravilhoso, meu lindo.

𑁋Igualmente, senhora Oh. 𑁋ele se despede com uma curta reverência, descendo as escadas com o capacete em uma mão e as sacolas de lixo na outra.

Após alguns degraus, Hoseok se depara com dois adolescentes uniformizados compartilhando um cigarro na escada do prédio, provavelmente atrasados para a aula, e faz questão de dar um tapa na mão do garoto que o segurava, derrubando o cigarro no chão.