Na escuridão da caverna, sombras dançavam nas paredes. O silêncio era pesado.
— O que está sentindo? Me responda?
Eu Henrik perguntou. E eu suspirei com pesar na tentativa de acalmar os meus nervos.— Eu sei qual é o sentimento de amar alguém e ter seu sentimento rejeitado... ser comparada diariamente com alguém e sempre perder. Eu sei o que é esconder sentimentos para não ser machucada. — Lágrimas escorreram pelo meu rosto. A imagem da minha mãe surgiu. — Eu nunca entendi por que não sou amada por ela. Vivendo só para agradá-la... Antonius é o único amor verdadeiro. Mas nosso casamento foi precipitado. Eu queria conhecer outros reinos, estudar... — Soluços interromperam minhas palavras. Henrik permaneceu firme, seus olhos refletindo entendimento. — Agora é Vossa Majestade que está com pena de mim, não é mesmo?
— Não faço o gênero de pessoa que sente pena ou compaixão!
Henrik respondeu sem hesitar.
— Eu nunca senti ou vou sentir pena de ninguém. E compaixão? Essas palavras não fazem parte do meu vocabulário, pequena Kalunga.
O que isso? Não começo essa palavra, e deve ser uma ofensa.
— Não me chame de Kalunga!
Henrik respondeu com um sorriso perverso.
— Não necessito de sua permissão.
Eu olho para ele dando de ombros não adianta discutir mesmo.
— O que significa Kalunga?
Eu perguntei curiosa.
— Você terá que descobrir sozinha, pequena.
Respondeu Henrik olhando para mim de cima baixo. Ele tem a coragem de falar da minha altura. Suspiro, eu preciso de um tempo e essa conversa não nos levar para lugar algum.
— Por favor, deixe-me sozinha. Só existe uma coisa que pode acalmar minha angústia emocional: a dor física. É só se afastar, apesar de estarmos presos aqui, ainda temos espaço.
Henrik afastou-se um pouco em silêncio. O vento exterior rugia, ecoando minha dor.
Sozinha, sentindo dor física, era disso que precisava. Não curaria minha alma, mas aliviaria a sensação devastadora. A frieza da rocha nas minhas costas era uma realidade cruel. Comecei a bater minha cabeça na parede lentamente, buscando entorpecer meus sentidos.— Pare! Está se machucando!
Alertou Henrik com uma ponta de preocupação.
— Eu preciso disso!
Eu respondi, entre soluços. Ele tentou me segurar, mas eu me afastei, desvencilhando-me de suas mãos. O olhar dele, cheio de preocupação, apenas intensificou minha dor.— Não me toque!
Eu pedi, tentando controlar minhas lágrimas.
Henrik hesitou, depois recuou, mantendo distância.
— Lilja, você precisa parar com isso. Não vai resolver nada.
Ele disse, com voz firme, mas gentil.
Mas eu não conseguia parar. A dor era avassaladora.
— O que pensa que está fazendo? Eu disse para parar.
Ele colocou a mão na minha cabeça, tentando me impedir, mas eu continuei batendo, desesperada. Agora, o impacto era absorvido por ele. Sabia que, além de me ferir, podia machucá-lo também.Mesmo imortal, com poderes sobrenaturais, ele podia sentir dor e sangrar, como alguns dos meus afirmavam ou não? Sempre me perguntei se eles eram invulnerável ou não. Sei que eles podem morrer, então eles devem poder ser ferido, não é?
Henrik grunhiu, mas não recuou. Ele não parecia preocupado com a sua dor e sim com a minha.
— Lilja, pare! Você vai se machucar gravemente!
Ele exigiu, segurando minha cabeça com firmeza. Seus olhos, cheios de preocupação, me fizeram hesitar. Por um instante, a dor emocional cedeu lugar à dor física.— Eu só queria saber por quê... Por que não sou amada incondicionalmente?
Eu murmurei entre soluços.— Pare já! Está ficando maluca? — Henrik interveio outra vez. — Pare agora, Lilja.
Ele pediu, quebrando as regras de etiqueta. Chamou o meu primeiro nome, e não foi com deboche ou escárnio.
Minhas perguntas ecoavam em minha mente: “Por que minha mãe não me ama? Por que não sou merecedora de um pouco de amor? Por que sou diferente de todos em Sapphirus?”
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Laço do destino
FantasyApós um trágico acontecimento em sua vida, Lilja vê seus planos de casamento e felicidade desmoronarem diante de seus olhos. E agora, em meio a perdas, dores e desafios, ela terá que descobrir se o destino pode lhe reservar um novo caminho para a su...