Capítulo 1: O Despertar da Tempestade

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Gorou estava visivelmente debilitado

Seu corpo apresentava diversos machucados, resultado dos intensos confrontos. Havia cortes profundos em seus braços e pernas, alguns ainda sangrando, enquanto outros já haviam começado a formar crostas. Seu uniforme, outrora impecável, estava rasgado em vários pontos, revelando arranhões e hematomas por todo seu corpo.

Sua respiração estava ofegante, e seus movimentos eram um pouco desajeitados devido à dor e ao cansaço. O sangue seco estava manchado em suas roupas, misturando-se à lama e à areia da praia. Gorou também tinha um ferimento mais grave no ombro, que o fazia segurar seu arco com uma expressão de dor a cada movimento.

A tempestade rugia sobre a praia Nazuchi, suas ondas violentas arrastando corpos destroçados pela praia, misturando o cheiro de sal com o odor metálico do sangue derramado. Gorou lutava para manter a compostura, seu coração pulsando tão forte que parecia querer escapar do peito. Cada respiração era como um esforço titânico, parecendo até ter esquecido como respirar, olhando para todos os lados e deixando sua sensibilidade das orelhas tomar conta com o intuito de escutar o mínimo de sinal da sacerdotisa, ele buscava desesperadamente por Kokomi no caos da batalha contra Shogunato.

Era uma tática astuta, provavelmente planejada por Kujou Sara, uma mulher notável com estratégias de combate tão eficazes quanto as da sacerdotisa a quem ele servia.

Gorou estava atento a qualquer ruído que pudesse indicar a presença de Kokomi ou de mais inimigos se aproximando. Suas orelhas estavam erguidas, captando cada som da tempestade e do campo de batalha. Ele avançava cuidadosamente pela praia, desviando dos corpos espalhados e das poças de sangue, sua mente focada apenas em encontrar a sacerdotisa.

Enquanto ele caminhava, a visão de companheiros caídos o atingia com uma onda de tristeza e dor, mas ele mantinha sua determinação, sabendo que precisava encontrar Kokomi para garantir a segurança dela e talvez, encontrar uma saída para aquela situação desesperadora.

A tempestade parecia intensificar a medida que ele avançava, as rajadas de vento chicoteando seu rosto e tornando a tarefa de escutar os sons ao redor ainda mais desafiadora. Gorou podia sentir a força da tempestade tentando arrancá-lo do chão, mas ele continuava avançando, com uma postura firme e uma determinação de ferro.

De repente, ele ouviu um grito feminino vindo de uma direção próxima. Seu coração disparou ao reconhecer a voz de Kokomi. Ele se apressou, correndo em direção ao som, empunhando seu arco com firmeza, preparado para qualquer ameaça.

Ele rezava para que ela estivesse viva e pudesse liderar seu povo. Se necessário, mesmo ao custo das visões dos habitantes da ilha, ele encerraria a revolta e aceitaria a autoridade da comissão Tenryou. Desde que todos ficassem seguros, tudo estaria em ordem.

Dando cada flechada certeira nos oponentes, sua esperança crescia cada vez mais.

Vamos! A-ainda não acabamos...! – Gorou falou com a voz dando pequenas falhas, mas determinado, tentando fazer com que seus soldados não desistissem da batalha.

Ouviu o som de outro soldado caindo morto ao seu lado, reconhecendo pelo grito de agonia que era mais um de seus companheiros.

A culpa pesava sobre ele como uma âncora, afogando-o na amargura do talvez fracasso. Se ao menos tivesse previsto a fúria que se desencadeara, se ao menos tivesse tomado medidas preventivas mais eficazes, evitar essa situação..., mas agora não havia tempo para lamentos. Gorou precisava focar no que estava diante dele, encontrar Kokomi e protegê-la a todo custo.

Eles vieram para fazer um acordo com a comissão Kamisato, sabendo que talvez chegaria a uma guerra, ele trouxe seus soldados mais experientes, mas agora ele enxergava a possibilidade de apenas trazer a si mesmo e alguns de seus membros de confiança, deixando Kokomi e seus companheiros em Sangonomia, seguros.

Cicatrizes da guerra (Ittorou)Onde histórias criam vida. Descubra agora