Capítulo dois

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— Por que essa implicância toda? — Questionou Piper, quando Henry começara a reclamar sobre como Ray era petulante.

— Você saberia se tivesse que conviver com ele todo o santo dia. Ele é briguento, idiota e horroroso!

— Horroroso?

— Por dentro! Por fora, infelizmente não posso dizer o mesmo.

— Por quê? Acha ele gatinho, é? — Ela riu, zombando do irmão.

— Cala a boca. — Revirou os olhos. A verdade é que Henry duvidava se alguém naquele mundo não achasse Ray bonito. — Não é de se surpreender, todo mundo acha ele um gato.

— Eu não acho. — Ela se ajeitou no sofá.

— Ah, conta outra!

— Mas, é. Eu não acho ele bonito. Ele é super sem sal.

— Ele é super salgado, Piper.

— Ué, não era você que tava dizendo agora há pouco que ele era horrível?

— É diferente. Ele é muito bonito, mas isso não significa que eu gosto dele, muito pelo contrário.

— Você tem um ponto. Mas eu não acho que você realmente o odeia taaaanto assim. Se o odiasse mesmo, acho que você não passaria vinte e quatro horas falando dele.

— Eu não passo vinte e quatro horas falando dele. Eu passo vinte e quatro horas falando mal dele.

— É legal tirar o contexto disso. Se eu dissesse isso ao Raymond, ele arregalaria os olhos e acharia que você está apaixonado por ele.

— Cruzes, não fala essas coisas! Que nojo!

Piper riu.

— E, aliás, como foi que começou toda essa revolta? Aposto que foi algo grave, porque você o odeia tanto, que chega a ser chato ouvir fofocas.

— Ele colocou o pé na frente de propósito pra eu cair, na faculdade.

Piper o olhou com perplexidade, mas logo caira na gargalhada.

— Foi isso? Esse é o motivo?! Isso é tão fútil, Henry!

— Mas não é realmente por isso! Foi assim que começou, só! A gente começou a discutir ideologicamente, depois ficamos sem paciência e caímos pra cima um do outro, e resultou no ódio que temos hoje em dia.

— Espera, Ray é o cara que você vivia reclamando quando chegava em casa? Aquele que você deu um tapa super fracassado no rosto dele, ou melhor, no vento, e ele riu da sua cara?

Henry revirou os olhos.

— É, ele mesmo.

Piper caiu na gargalhada mais uma vez. Mas que desaforada!

— Ah, meu Deus, Henry! Você é um bobão!

— Ei, eu não sou bobão!

— É, sim. E muito. Você guardou rancor de um cara aleatório que você simplesmente não ia com a cara, até encontrá-lo na mesma escola que você decide dar aula! E agora pouco estava reclamando que nem um idoso de sessenta anos mal-humorado, por causa de uma mulher que flertou com ele!

— Não estou reclamando de ela estar flertando com o Raymond! Estou reclamando de ela flertar com um cara que acabou de conhecer!

— Conta outra. Se você não ficasse tanto tempo proporcionando toda a sua atenção no Ray, sequer notaria a vulgaridade dessa mulher.

— É claro que eu notaria. Eu presto atenção em muita coisa! — Balbuciou em tom defensivo. Como era fácil ofendê-lo!

— Então me fale sobre os assuntos que você conversou com os outros professores, sem citar a palavra "Raymond" ou qualquer apelido que o dão.

— Fácil, conversamos sobre os melhores sabores de pizza e outras conversas que você não entenderia porque são sobre a escola, simples assim.

— Mesmo? E qual sabor o Ray mais gosta?

— Acha mesmo que vou cair nessa? — Disse Henry, e Piper sustentou o olhar. Hesitou antes de falar novamente. — Strogonoff de frango e chocolate com...

— Ahá! Viu como você presta atenção no seu inimigo toda a hora?

— Nada a ver, Piper. Ray apenas se meteu na conversa e eu apenas escutei o que ele disse. Pare de ponderar a minha relação com Raymond, não vou repetir mais de cem vezes que o odeio. Você não entende, eu olho para a cara dele e sinto nojo, repulsa! Não aguento vê-lo falar, sempre tenho uma vontade imensa de estapear aquele rosto estupidamente e irritantemente bonito dele. Além de que...

— Se acalma! Geralmente sou eu que me irrito fácil assim. Eu tô só zoando com a sua cara, eu sei o quanto você detesta ele e o aspecto dele, afinal, você só fala disso ultimamente. Isso, e você odeia ele! Imagina se não odiasse.

— Então tá bom, Piper! Que tal parar de me interromper quando estou tentando falar?

— Mas você acha que eu quero ficar aqui sentada no sofá, escutando você falar mal de um cara que eu nem conheço? Por que você só não ignora a existência desse cara? Se quiser viver feliz, pare de tornar Ray o centro das atenções da sua vida. Não adianta você falar, falar e falar! Despreze ele, finja que ele não existe, e vai ser como viver normalmente, sem Raymond rodeando a sua cabeça!

Henry se calou. Levantou, caminhou, abriu a geladeira e a fechou sem pegar nada. Tudo isso, com os lábios feito um zíper, inseparáveis, selados. O olhar vazio agora direcionado ao sofá onde Piper estava sentada.

Estava pensando ou cogitando? Não sabia-se dizer. Uma hora, dava a impressão de estar ausente, cogitando. Outra hora, parecia estar nervoso e hiperativo, pensando. Talvez os dois. Mas isto seria improvável. Ou não?

Sentimentos são realmente confusos! É complicado entendê-los ou saber o que fazer com eles. Ou você joga fora e os queima, ou você os guarda em um pote de aço a mil chaves. Ao menos, era este o caso de Henry.

Ah, Henry. Doce e ingênuo, Henry. Mal ele sabia que estes sentimentos iriam se pendurar de ponta cabeça em uma tiroleza. Somos surpreendidos o tempo todo, você nunca sabe se terá o final que você tanto cogita. Seja o final da sua vida, seja o final de um filme. Você nunca sabe. Às vezes, você acha que acabou, mas quando menos espera, aquilo volta com tudo e sua consciência se despedaça. Você se descontrola. Geralmente é assim que a confusão se expande, e você procura o que fazer, sem sucesso. Mas, um dia, você acha a resposta certa. E então, você morre, um minuto após encontrá-la. É como foi dito anteriormente: você não sabe o que te espera.

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⏰ Última atualização: Oct 20 ⏰

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