Prólogo

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"É sabido por todos que a Rainha Emmerie, comumente chamada de A Usurpadora, não tinha a melhor relação com sua filha, a Princesa Katherine.

O desagrado da rainha para com a princesa começou antes mesmo da menina ter nascido. A rainha se viu sendo obrigada a casar com seu irmão, o Herdeiro Aquiles, pois seu pai nunca permitiria um casamento entre a então princesa e seu amado Nizath Joseph. O Rei Ateneu acreditava que casando os irmãos, Emmerie largaria seu romance bobo devido à perspectiva de ser rainha.

Emmerie engravidou cinco meses após o casamento, embora Aquiles soubesse que o filho não fosse dele, não queria trazer vergonha para a irmã e decidiu legitimar aquela criança. Aquiles era apegado aos deuses, acreditando que tudo acontecia por um motivo e que se os deuses permitiram aquilo, é porque assim deveria ser. Aquiles era um jovem príncipe que amava a irmã e sequer imaginava o destino que teria nas mãos dela.

A criança nasceu, um menino extremamente parecido com o Nizath Joseph e sem um pingo de semelhança com o Príncipe Herdeiro. O menino foi chamado de Neemias e a princesa dizia que ele seria um grande rei.

"Ele não tem um traço Lavhieen", o rei dizia com raiva, "ele é um bastardo que foi legitimado porque seu irmão tem pena de você. Esse menino nunca será rei! Você dará um herdeiro legítimo ao seu irmão, e essa criança governará Myef."

Mas a princesa não deixaria isso acontecer. Seu filho seria rei, ela sabia disso. Ela faria isso acontecer. Contudo, ela ainda precisava se rebaixar aos caprichos de seu pai, pois a ordem de um rei era lei.

Ela deu um filho ao irmão. A Princesa Katherine nasceu dois anos após o casamento dos pais, numa noite estrelada de verão, sem saber o que os deuses pretendiam para ela. Uma cópia da mãe, os servos diziam. Talvez por isso, Emmerie tenha odiado tanto a menina: a criança era uma lembrança de si."

㇐ Parte retirada do livro "Myef: Uma História"


KATHERINE LAVHIEEN


Katherine não tinha lembranças dos seus primeiros anos de vida; tudo que ela sabia era baseado nos sussurros dos servos. Sabia que quando sua mãe entrou em trabalho de parto, ela amaldiçoou a criança dentro de si, sabia que ela não a amamentou como fez com Neemias, sabia que a entregou a uma ama de leite e nunca visitou o berçário; mas nada disso importava, pois sua mãe nunca escondeu o fato de que a odiava. A princesa cresceu tendo plena consciência de que nunca teria o afeto de sua mãe como tinha de seu pai, mas infelizmente o perdeu tão cedo que tudo o que lhe restou foram as memórias dos bons momentos que tiveram.

Havia uma pequena parte de si que ansiava pelo amor de sua mãe, que ansiava desesperadamente ser a criança que Emmerie sempre desejou; mas Katherine não era o precioso Neemias, ela nada mais era do que uma obrigação de sua mãe. Ela não recebeu o amor da mulher, não era Emmerie que a socorria quando ela tinha pesadelos, quando ela teve febres e cólicas, quando ela chorava quando pequena. Não, nunca foi sua mãe.

Foi Aquiles, seu amado pai. Katherine nunca esquecerá o sorriso dele, as histórias que ele contava sobre os deuses, como ele dizia que ela seria rainha depois dele e que o mundo seria um lugar melhor sob o governo dela.

Mas Aquiles foi assassinado e ela nunca mais pensou em governar.



Ela ainda sonha com aquele maldito dia; quando tudo mudou, quando sua mãe subiu ao trono e seu mundo se desfez. Deveria ser um dia feliz, disso ela lembra; ela sabe que acordou com a sensação esmagadora de que algo iria mudar, ela lembra das servas a colocarem em um lindo vestido rosa dourado de cetim, com mangas longas e adornado com pequenos diamantes, ela lembra das servas colocando uma tiara com rubis em sua cabeça.

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