Meu Eterno Talvez

capítulo 2

Depois daquela maldita mensagem eu fui dormir pois já estava tarde. E manhã. Amanhã meus amigos, o grande dia.
Primeiro dia de aula no terceiro ano do ensino médio.
O último ano que eu tenho para conseguir os recursos necessários entrar na faculdade de Princeton. A faculdade onde meu pai estudou, e eu, Farei de tudo para entrar lá. Me preparei desde do meu primeiro ano para conseguir. E não vai ser um idiota que vai me fazer desistir do meu objetivo atual.
O meu pai... Ele morreu, bem na minha frente.
Por ataque cardíaco. Na minha frente.
Então, farei de tudo, tudo mesmo. Para passar nesta faculdade.
Adormeço pensando nisso.

Tomo meu café da manhã para o grande dia.
Mentalizo minha necessidade de hoje.
Preciso de uma recomendação da Sra. Kaye, minha professora de literatura avançada. Ela é bem velha, mas faz ótimas recordações para as faculdades. Então, hoje. Preciso convencer que estou apta para uma de suas recordações.
Como ela é bem idosa e cheias de frescuras, ela só faz duas recomendações por ano, então, eu preciso ser uma destas duas. Uma recomendação seria incrível, as faculdades dão mais atenção para quem vai por recomendação, ainda mais da Sra. Keye.
- Heloísa! Vem cá- essa daí, é a minha mãe, Maria.
Vocês devem estar se perguntando o porquê da minha mãe ter um nome tão estranho, não é? Somos brasileiros. E não somos nem um pouco favorecidos aqui nos Estados Unidos.
- Já vou mãe.
Quando chego na fora, tenho a maior surpresa de todas. Um carro!
E é lindo, e meu!
- mãe, você tá de brincadeira? Não acredito que comprou um carrão pra mim, e vai continuar usando aquele carro capenga. -O meu novinho carro é todo vermelho e baixo.E o outro branco e feio.- quer dizer, eu sou uma filha excelente. Então, obrigada.
Minha mãe está com uma cara contrariada e está com os braços cruzados.
- O carro novo é meu. Você fica com o Forester.
- Isso faz mais sentido. Bom, ainda tô super animada. Obrigada mãe.
Ela me dá um sorriso.
- tá aqui. Eu te amo.- ela coloca a mão no meu ombro e me dá um beijo na testa.- Tenha um ótimo primeiro dia de aula.
- Obrigada.
Eu tô usando uma bolsa rosa novinha com vários bolsos. Uma suéter quadriculada e uma saia até o joelho. Sim, eu estou igual uma freira, mas se eu quero impressionar a Sra. Kaye, eu preciso mostrar que eu não sou igual a todas as meninas que mostraram a poupa da bunda. Tenho que ser... Conservada?
Mas para mim, é fácil ser a queridinha dos professores. Sempre fiz eles comerem na palma da minha mão. Como eu tenho uma mãe super conservadora, criei o dom de ser super conversível, e mentir muito bem.
O que não é um dom, é horrível. Ah, esquece.

Já chegou na escola e encontro as meninas, damos nosso primeiro passo no corredor.
- Finalmente somos veteranas e, honestamente, acho que estamos muito bem.
Lila que está do meu lado direito, tá linda. Colorida. Mas não deixa de estar linda, ela tá usando uma conjunto de crochê florido colorido rosa e azul, uma jaqueta de pano rosa, brincos enormes e uma tiara ainda maior. Tudo na paleta.
- Tem razão! Nos três transamos, o que a Sarah disse estatísticamente ser impossível.
- E vocês duas estão em dois relacionamentos ótimos, Sarah ta até com uma pessoa na faculdade.
A Sarah ta colando uns cartazes nas paredes que nem li ainda. Ela tá com uma blusa branca e uma jaqueta vermelha, amarela e azul e calça jeans (Ela sempre agrediu a moda um pouquinho).
- Addison e eu já tivemos um encontro no salão de jantar da USC. Dividimos fajitas e Waffle belga.- Conta de gabando.
Elas duas são extremamente fofas juntas. E vamos apenas ignorar que ela traiu sua antiga namorada pra ficar com a Addison. Apenas um detalhe.
- Bom, agora que já transei, posso focar no que é importante. Entra em Princeton e fazer a Rihanna me seguir no insta.
Talvez a minha obsessão pela a Rihanna esteja um pouco de mais.
-To animada para recrutar novos alunos para o clube de robótica. Disseram que tem uma horda de nerds chegando do fundamental, e isso é ótimo para nós!
Esse comentário sem graça me fez rir um pouco
- Bom, em geral, acho que nós transformamos em mulheres fortes e destemidas.
Guardo os meus livros no meu armário e estava pronta para ir a aula, até que vejo uma pessoa no fim do corredor.
Isaac.
- Aí, merda, o Isaac. Me escondam!
Puxo as meninas para ficarem como as cortinas do teatro. Para que eu não tenha que ver o Isaac depois de um sexo horrível.
Cara, sério. Como encara uma pessoa depois disso?
E ele passa reto. Não sei se ele me viu e escolheu passar reto ou ele não me viu e ignorou as meninas. Prefiro pensar que foi a segunda opção.
- Já foi.- Diz Lila saindo da minha frente.- Cara, tem que falar com ele em algum momento.
- E eu vou. Na reunião escolar de 20 anos quando eu aparecer com meu marido gostosão.- as meninas dão risada da minha piada que no fundo tem um pouco de verdade. Sinto um cheiro de maconha passando por mim- Eca. Por que tá fedendo a maconha?
- Uou, a zona quente tá diferente esse ano.
Zona quente=lugar onde os gostosos da escola ficam.
A zona quente deste ano estava mais para zona chapada. Ano passado, os garotos populares eram atletas inofensivos. Agora eram vagabundos e Bad Boys. E o pior de todos eles era Ethan Morales.
Conhecido por ficar no estacionamento, onde fazia manobras de skate que destruíam a propriedade alheia. E, de vez em quando, bebia de dia.
- Minha nossa... O Ethan tá diferente desde do último verão? Ele nada nada cresceu um metro e meio.
- É, quando foi que o peito dele ficou tão... Arranhavel?
Que? Que nojo.
- E aí? Quem aí tem o peito arranhavel?- Trent. Namorado da Lila. Também conhecido como repetente e criança.
- Ah, o meu! Por que eu tô com alergia.- ela acabou de criar uma desculpa para o que ela falou?
Ela tá querendo pegar aquele nojento do Ethan?
Ela realmente só pega casos perdidos.
- Sinto muito, Baby, isso parece bem nojento. Mas e aí? A fim de dar uns beijos na arquibancada? Mas sem encostar muito. Não quero pegar alergia.
Por mais que adore o Trent, as vezes ele é um babaca, mas ele é legal.
- É... Eu adoraria, mas tô tão ocupada com a reunião da Sra. Warner, conselheira universitária, e começamos os ensaios pro músical de outono, uma adaptação teatral de Romel e Julieta. E sua agenda, com tá?
Puta merda. Ela realmente quer pegar o Ethan. Ela deu uma desculpa tão esfarrapada para não fica com ele que só o Trent acreditaria nisso.
- Ah... É, eu também tô super ocupado com... As aulas.
- O que tá fazendo? Estamos em cálculo e literatura avançada.- comento.
- Ah, eu queria fazer essas aulas mas pareciam fáceis demais pra mim. Então eu tô em bifrigonometria.-Mentira, e isso nem existe- Tenho que ir, mas vejo vocês cabeçudas na sala de estudos, beleza?
Ele nem esperou uma resposta e já saiu.

E lá estava ela, a Sra. Mary Jean kaye, uma lenda na escola Sherman Oaks.
Mas, estou determinada a conquistar uma dessas recomendações, então fui desfilando com a minha saia até o joelho em direção aquela mesa.
- Bom dia Sra. Kaye. Só queria dizer o quanto eu tô animada para literatura avançada, esse ano.
- Bom, vou te avisar. Não usamos Tablets. Lemos do jeito antigo. Com livros cheios de poeira.
- Mal posso esperar por isso! Pode ser meio antiquado mas eu  gostaria de oferecer isso.
Lhe entrego uma caixa, ela pega e sua cara é de surpresa. E com isso, sei que minha recomendação já está meio caminho andando.
- Isso são peras? Mas que maravilha! Devi, este é um presente muito elegante. E, se me permite, também estou muito feliz em ver uma jovem nos dias de hoje não se vestir como um poster de praia.
- É claro! A única pessoa que precisa ver minha cintura é meu futuro marido ou a minha gastroenterologista. -Nós duas rimos- espero que a senhora me considere para uma de suas lendárias recomendações.
- Ah, veremos o que vai acontecer, mas já posso dizer que está no caminho certo.
Viro me de costa e vou em direção ao meu lugar.

Viram, é assim que chantageia uma professora de meia idade. Após o triunfo com a Sra. Kaye, sinto que estou em um bom ritmo, então descidimos tomar uma atitude madura e falar com Isaac. As vezes quando as coisas não acontece. Do nosso jeito, ainda podemos ser graciosos e aprender.
Eu e Isaac superaremos isto.
Então, vou até ele, firme e confiante.
Mas que droga é essa?
O Isaac estava com a Margot? Se beijando? E ele estava feliz?
Quando ele me viu seu sorriso se desfez.
Viro-me para tentar fugir mas ele vem atrás.
- Helena, perai!
- O que é isso? Você está com a Margot.
Ele tenta arranjar uma desculpa mas não consegue.
- É... Eu tô.
- Eu... Eu não tô acreditando. Você me ignora depois de tirar a minha virgindade e agora aparece na escola exibindo sua boca namorada na minha cara?
- Eu presumi que você não queria que ninguém ficasse sabendo. Principalmente pelo jeito que sumiu do meu quarto depois.
- Eu não sumi!
- Sumiu, sim. E ainda me chamou de parça.
Eu sabia que chamar de parça não tinha sido uma boa ideia.
- É, depois de você dizer que chamaria um Uber.
- só disse porque você não estava falando nada e parecia desconfortável.
- Que seja! Eu mandei mensagem! Mas, aparentemente, uma transa medíocre era tudo que queria antes de seguir pro próximo corpo quente.
- Do que me chamou?
Merda. A Margot chegou.
- Desculpa, estamos numa conversa particular.- Falo.
- Não parece particular. Você está gritando com meu namorado.
Ouvir a palavra "namorado e o quanto fazia eles saírem oficiais, era como uma faca no meu coração. E quando estava magoada, nem sempre fazia escolhas inteligentes.
- É bom que saiba que eu e Isaac fizemos sexo antes de ficarem juntos. Talvez queira dar o fora nele.
- na verdade, ele me contou isso. Não sei por que devia me importar.
A escola inteira começou a se juntar à nossa volta.
- Isso tá se intensificado de um jeito desnecessário público.- Diz o babaca do Isaac.
- E eu acho que tá bem claro qual corpo quente ele quis, e não foi o seu.
Quem essa idiota tá pensando que é.
- Não poderia estar mais feliz por você. Quer saber? Tenha uma boa vida cavalgando no pai circuncidado do Isaac. É isso mesmo pessoal. Eu já vi. E vi bem de pertinho.
Nessa hora, uma velhinha atrás de mim desmaia. Olho para trás e faz o meu coração congelar.
- Aí, meu Deus! Sra. Kaye! Tá feliz? Olha o que você fez!- refiro-me a Margot.
- Eu? Eu devia é te dar uma surra!
- Senhorita Ramos e Senhorita Vishwakumar, no meu escritório agora!
E lá se vai, minha chance de uma recomendação.