Brooklyn, Nova York
22 de Novembro de 2014, 02:07PM
Eu estava voltando mais uma vez pra casa, a pé, acompanhado a solidão e a minha mochila, que estava pendurada sobre um de meus ombros. Eu provavelmente já devia estar em casa, deitado em minha cama quentinha, aproveitando as poucas horas que teria para me divertir com meus gibis e videogame. No entanto, minha mãe me esqueceu na escola, de novo. Se não perdi minhas contas, é a vigésima vez só este mês, e olha que é dia 22 ainda.
Minha mãe tem o costume de me levar a escola, mas não porque meus pais se importavam comigo, nada disso. Eu ia de ônibus até poucos meses, e adorava isso, mas meu pai me deu como punição, me obrigar a vergonha de voltar com mamãe pra casa... O que funcionou, eu realmente me constrangi ao que já tinha meus quinze anos, e era obrigado a dar tchau para meus amigos e voltar dentro da porcaria do carro de meus pais, muitas vezes recebendo beijos de despedida e recepção.
Mas, então, porque eu não estava voltando com minha mãe? Você me pergunta. Bem, é simples, minha mãe está ocupada demais com seus novos amantes.
A respectivamente um ano atrás, vi minha mãe junto de dois homens apropriando-se de luxúria em cima da cama de meu pai. E eu devia ter exposto a traição a meu pai, mas reprimi isso e guardei para mim. Pois me sentia no direito de a protegê-la. Eu era o homem que mais cuidava de minha mãe. Digo isso, porque meu pai era um péssimo exemplo de ser humano, marido, homem e pai. E, portanto, eu tinha o direito e o dever de a proteger de seu erro. Sabia que o dia que meu pai soubesse de tais traições, ela estaria fora de casa, e me despojaria porta a fora como brinde de minha mãe.
Meu pai me odiava, ele diariamente dizia-me que devia ser um homem forte. Mas convenhamos, minha altura já não ajudava nisso, e depois que meu pai soube da doença que me alojara, respectivamente sendo anorexia, foi quando ele me pressionou mais ainda para me encaixar em seu "padrão" de homem "másculo".
Minha mãe também não contrariava nada do que meu pai dizia, ao contrário, lhe incentivava a me forçar a ser um homem mais forte.
Eu era forte, claro que era. Até porque essas minhas mãozinhas de neném hoje mais cedo destruíram um mesquinha. E olha, não me arrependo de cada gotinha de sangue nojento que veio parar nos nódulos de minhas mãos.
Eu dei um murro no idiota do Mackenzie, ou melhor, Nicholas Mackenzie Galitzine. O motivo? Não sei... só odeio os Mackenzie — aqueles riquinhos de vida ganha... — e ele estava me provocando só porque eu era dois anos mais novo que ele. Mackenzie deu sua primeira bobeada e pronto, acertei meu punho bem no meio daquele seu nariz de batata.
Ai papai, sou forte ou não? Consegui dar um murro num cara de 17 anos e mesmo assim sou fraco? Francamente, meu pai quer que eu seja um homem que nem ele consegue ser. E olha que eu quase fiz ele chorar.
Acho que os Mackenzie me odeiam só porque sou bonito... Bom, acho que o Nicholas pelo menos sim. É que sei lá, eu sou loiro, quase o próprio Ken da Barbie. Tenho pele clara; Olhos lindos; Rostinho limpo como um bumbum de neném; Uma carinha de sarcasmo que só eu tenho; Um físico invejável, mesmo anoréxico; E ainda sou loiro. Ah me poupe, eu sou um combo de formosura.
Mas não que ele não seja bonito... Não é isso, os Mackenzie são muito bonitos, além de terem uma família dos meus sonhos. Mas é que assim... O que eu nasci de pobre e miserável, ganhei de beleza.
Acho que meu pai tinha que parar de focar nos meus defeitos e ver como eu sou um gatinho...
E acho que ele também tinha que parar de beber, minha mãe anda tendo que me ajudar mais nas maquiagens pra esconder os hematomas de suas crises, juntamente dela, que ultimamente anda sendo a mais abalada pelos seus descontroles. A vi ontem chorar após comentar pela sua repentina perda de cabelo. Que sinceramente, anda me deixando bem nervoso. Alguns dias atrás eu roubei o notebook de meu pai para pesquisar sobre o tal assunto e grande parte dos sites apontou câncer.
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Moonlight
Jugendliteratur"Spin-off" Noah é um garoto que está passando por momentos difíceis em sua vida. Sua mãe está prestes a morrer por conta da leucemia que atingira seu corpo. Seu pai, por sua vez, está exausto com a atenção que tem dado para sua esposa. E em meio a t...