Encontro Inesperado

1.

5 dias antes...

- CALA A BOCA E ME OBEDEÇA MELINA, VOCÊ NÃO VAI A LUGAR NENHUM!!!
» As vozes poderiam ser escutadas na quadra ao lado, facilmente chamariam a polícia se os gritos não estivessem vindo da casa do Deputado.

- EU NÃO SOU MAIS UMA CRIANÇA PAI, SOU DONA DO MEU PRÓPRIO NARIZ ENTÃO EU VOU SIM!!
» A garota retrucou as falas do pai que apenas reagiu com um tapa, a face branca da menina ganhou uma vermelhidão no lado direito do rosto, os olhos de Melina se encheram d'água.

Novamente, a briga se repete, os dois discutiam intensamente, gritos e mais gritos, mas pela primeira vez Dmitry levantou a mão para a loira, a mesma assustada saiu do escritório do pai sem dizer nada.
O Deputado se arrependia do que havia feito mas isso era o necessário para manter a única filha em casa, sob sua segurança, bom era isso que ele pensava.

Melina estava decidida, era isso que ela queria e nada iria mudar o seu futuro plano, muito menos seu pai. Após sair do escritório e caminhar apressadamente até seu quarto, a garota bate a porta com toda a força de seu corpo, em sua mente poderia ser seu pai ali para devolver o tapa que ele havia marcado em seu rosto, ela se joga nos lençóis da cama mal arrumada e grita em meio as lágrimas que insistiam a cair.

Ela tinha apenas uma vontade, sair da Rússia, ganhar a vida pelo mundo fazendo o que mais ama, dançar balé, Melina queria sair do seu país pra seguir seu sonho porque ali todos a viam apenas como a filha do Deputado, todos a tratavam diferente e não era isso que ela queria.
Com essa idéia em sua cabeça ela começa a arrumar sua mochila, poucas coisas, a porta se abre bruscamente revelando a figura materna da menina, seus olhos vermelhos de um choro recente, Verônica sempre presenciou as brigas do marido com a filha mas nunca se meteu, o erro dela era ser submissa ao homem que a tirou da lama.

- Não vá amor, não quero que você saia de casa, fique comigo
» A mais velha disse segurando as poucas lágrimas que lhe restavam

- Não posso ficar mais nenhum minuto se quer nessa casa mãe, eu te amo mas eu preciso seguir meu sonho
» As lágrimas que a mãe segurava caíram em meio alguns soluços baixinhos, Melina não queria ver sua mãe chorar mas a escolha de viver sob as ordens de Dmitry foi da própria.

Verônica se deu por vencida e então ajudou a filha a arrumar suas coisas, as sapatilhas que a menina mais amava, Melina estava fugindo de seu país por isso, queria viver seu sonho de dançar balé livremente, seu pai não aceitava, dizia que ela devia seguir a carreira dele, mas nunca que a garota largaria seu sonho de ser bailarina pra participar de política.

...

O dia raiou e antes de Melina acordar, Dmitry já havia saído de casa, logo depois a menina acordou e correu pra aprontar suas coisas pra sair do país de origem, seu destino era os Estados Unidos, famoso EUA. A garota já tinha conseguido um passaporte com ajuda de uma amiga da mesma academia de dança que ela, sua mãe a ajudou e lhe deu uma quantia de dinheiro suficiente para a mesma sobreviver por algumas semanas no novo país.
Melina pediu um uber, se despediu de sua mãe em meio as lágrimas e seguiu para o Aeroporto Internacional de Moscow pegar o voo com o destino a América do Norte.

Ao chegar no aeroporto, já se sentiu mais livre mas o medo de ser forçada pelo pai de ficar na Rússia era maior, seu corpo tremia e suas mãos suavam frio, a garota seguiu o caminho do banheiro para lavar o rosto, em sua cabeça isso melhoraria sua aparência ansiosa, saiu do banheiro e ouviu a voz robótica feminina do aeroporto anunciando seu voo.

O VOO 384 SAIRÁ EM 10 MINUTOS, PASSAGEIROS SIGAM PARA O PORTÃO 5 E EMBARQUE EM SEU VOO. TENHAM UM BOM DIA.

Melina sentiu um arrepio na espinha, sabia que este era o seu momento, o momento de seguir o sonho que desejou a vida inteira, desde garotinha sempre sonhou com isso e agora estava a um passo de realizar, seguiu as instruções da voz e seguiu para o portão de embarque, entregou a passagem para despachante e entrou no portão para seguir o corredor que a deixaria dentro do avião.
Caminhar por ali lhe dava um alívio, um peso foi tirado das suas costas, apressou seus passos e adentrou o avião, carregava apenas uma mochila nas costas e a passagem na outra mão para localizar seu assento.

[...]

Quase 20 horas de voo depois, o corpo flexível da bailarina já estava cansado após tantas horas sentada, finalmente Melina estava em solo estadunidense, sentiu o ar da cidade de Los Angeles, saiu do aeroporto e logo se assustou com a movimentação intensa do local, logo avistou um táxi e o chamou para lhe ajudar.

- O senhor poderia me deixar em alguma academia de dança perto daqui, por favor.
» Melina se comunicou com seu inglês mediano e o motorista iniciou o caminho para a academia mais próxima.

Ao longo do percurso, a garota analisou as pessoas na rua, pareciam felizes, algumas andando apressadamente para provavelmente ir ao trabalho e outras caminhando calmante observando a beleza da cidade.
Era assim que a menina queria se sentir, calma e livre, sem pressão de pais ou quaisquer coisa do tipo.

[...]