pensamentos inoportunos

felicidade

" você foi feliz?"
"Você fez alguém feliz em sua vida?"
Essas frases ficaram impregnadas em minha mente quando assisti uma vez em minha infância um clássico protagonizado por Morgan Freeman e Jack Nicholson.
Sempre acreditei que como os protagonistas do filme, se soubesse quando morreria faria literalmente TUDO que eu gostaria e esbanjaria felicidade antes de partir, e partiria feliz.
Mas se esse infortúnio de previsão da morte não acontecesse, eu estaria pronta e disponível pra esbanjar felicidade?
Não, essa é a resposta.
Aos 26 anos, eu me encontro com meu monstro mais assustados de minha vida, a morte.
Não, eu não temo a morte.
A questão é que eu sempre esperei por ela, aqui, no agora.
Aos 26 anos minha mãe faleceu com câncer, e como minha infância e adolescência foi resumida em ser comparada com sua personalidade, sua figura física, mais tarde também o seu jeito. Eu sempre aguardei o futuro que ela teve.
Não faz sentido algum, eu sei.
O câncer não escolheu ela pela cor do cabelo, pela pele, pelo sorriso, ou pelo jeito de ser.
Ela simplesmente teve o azar se conhecer a doença muito jovem.
Mas de alguma forma, na minha cabeça, o meu destino era morrer aos 26, sei que ainda não passou a idade e isso pode acontecer a qualquer momento. Deve ser por isso que fiz meu atestado pela primeira vez aqui, aos 26.
É bizarro como parece que só agora, que essa verdade da morte chegou à minha porta, que eu pensei em me preparar pra ela.
Sempre me questionei sobre felicidade, mas nunca sobre como exercê-la. Ou sobre questionar se ela existiu.
Eu fui feliz? Eu não sei se fui feliz em grande parte do tempo.
Mas sei que não primeira vez que fiz um pão eu fui feliz, que quando fiz meu bolo de aniversário e ficou perfeito, eu fui feliz, que quando dropei um item raro no BDO, eu fui feliz.
Sim, acho que posso dizer que fui feliz. De certa forma eu fui feliz.