" Faz um tempo que eu vivo, morro, e revivo. Então nessa minha vida moderna de agora, vou contar minha sexta vida, onde eu fui um garotinho feliz.
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Na minha sexta vida eu me chamava Haku, e nasci em mil novecentos e trinta, no Japão.
Sempre fui um garotinho sapeca, mas eu tinha meu irmão, An, para me dizer basta. Até que em mil novecentos e trinta e seis, quando meu irmão tinha doze anos, ele acabou morrendo em um acidente de carro, e eu lembro que chorei a noite inteira, porque nossa mãe trabalhava muito e nunca se incomodou se quer com o nosso ensino.
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Em mil novecentos e quarenta e dois, minha mãe me mandou para morar com minha avozinha, e então eu consegui estudar.
Quando eu estava no meu sétimo ano escolar, comecei a sofrer bullying pela minha maneira estranha de ser e falar, pois afinal, como minha mãe nunca se preocupou com nada à meu respeito, não havia percebido que eu tinha língua presa. E comecei a ter problemas para me comunicar, até com os professores, dos quais muitos eu tinha afinidade, e de repente, ninguém olhava para mim na sala de aula.
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Lembro-me bem que em mil novecentos e quarenta e seis, namorei uma linda garota. Linda, porém, bastante tímida. Mas não me recordo seu nome, por mais que me esforce.
Numa tarde, quando estávamos no parque, ela bateu a cabeça enquanto brincava e ficou em coma por dois longos anos, assim perdendo a adolescência, e o meu amor.
Quando a garota acordou, seus pais me proibiram de vê-la novamente, me ameaçando e dizendo-me que eu era um perigo para a filha deles.
Desde aquele dia, nunca mais se quer esbarrei com ela nas outras vidas.
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O que achei muito azar na vida de Haku, na verdade era pura sorte, pois Haku nunca amou a garota como namorada, e nem amou qualquer outra garota, porque Haku, ou seja, eu gostava de garotos.
Mas, na época isso era uma abominação, então, Haku nunca foi realmente feliz, em toda sua vida amorosa.
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Em mil novecentos e cinquenta e dois, Haku estava com vinte e dois anos na faculdade que queria exercer a profissão: Veterinário.
Nessa faculdade, Haku conheceu um rapaz chamado Sousuke, do qual parecia ser muito gentil, por ser o exemplo da turma. Porém, Sousuke era cruel, e ao descobrir que Haku tinha sentimentos por ele, fingiu retribuir para depois humilhar Haku na frente da faculdade.
Tal plano foi tão bem sucedido, que Sousuke até adicionou mais algo em seu plano. Sousuke além de me humilhar, assumiu namoro com uma garota que eu não gostava. Não odiava, apenas não sentia um sentimento de humildade vindo de seu olhar.
Sendo ele, o rapaz que eu mais amei, um traidor.
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Farto de tantas injustiças, Haku decide passar um tempo fora de casa e viaja para a casa de uma prima, em uma cidade próxima, procurando paz.
Quando eu cheguei lá, logo no caminho, encontrei minha gata, que nomeei de Yumi.
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Em mil novecentos e cinquenta e quatro, Haku volta para casa com Yumi, finalmente com a cabeça limpa, pronto para enfrentar todos os novos desafios, com o fim da faculdade, e o começo de seu emprego.
Com Yumi nos braços, Haku chega em casa com uma felicidade, que logo foi ofuscada por sangue, gritos e miados.
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E então, foi em outubro de mil novecentos e cinquenta e quatro, com vinte e quatro anos que minha sexta vida acabou.
Eu considero essa vida a mais longa, doce e por enquanto, a única vida que eu tive uma companhia amorosa na hora da morte. "
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𝑻𝒐𝒕𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒗𝒊𝒅𝒂𝒔
RandomUm(a) total desconhecido(a) no mundo se perde em várias décadas diferentes, assim tendo que viver em vidas que não são dele(a), e acaba esquecendo de sua primeira vida, a principal, e mais importante. _____________________ ⚠︎ Criada originalmente po...