"Queria eu ter dito que o amava, ainda que o tempo tivesse sido cruel comigo mesma... eu ainda procurava um motivo para viver."
FIM DO VERÃO
30/07/2021
Estava em casa como de costume, estava chovendo, eu estava sentada em minha cama lendo um livro que havia ganhado de meu pai há pouco tempo atrás, era um livro tão misterioso e único que me preparei bastante para ler. Ouvi a porta bater, respondi ainda sentada na cama.-Quem é?
-Oi meu amor, é o papai, quer tomar um banho de chuva? Está chovendo bastante!
O olhei sorrindo, concordei com a cabeça e deixei o livro de lado saindo do meu quarto, meu pai era um homem simples que cuidava da casa enquanto minha mãe trabalhava. Ele tinha em torno de 1,70 de altura, barrigudo, orelhas meio grandes e olhos que eram iguais a uma jabuticaba, seus cabelos eram bem curtos e cacheados meio grisalhos, não deixava de usar sua bermuda meio velha com um cinto antigo.
Nem me preocupei muito com a roupa que eu estava usando, afinal, ela ia molhar do mesmo jeito. Ele já tinha pegado as nossas toalhas que estavam apoiadas na garupa da moto, com toda a felicidade saí de casa junto com ele, minha mãe estava cansada demais para se divertir conosco e tudo o que eu pude fazer era aproveitar a companhia que tinha dele. Eu não costumo dizer isso mas eu não sinto falta da minha mãe presente em alguns momentos da minha vida, desde os meus três anos de idade sempre foi só eu e meu pai, desde levar a escola, alimentar, levar ao médico... bem, não posso negar que também queria a presença dela na minha vida... Mas prefiro do jeito que tá, não tive boas lembranças com ela e prefiro não entrar em detalhes.Eu estava feliz pulando na chuva como se fosse uma criança de novo, ele me observava um pouco de longe enquanto estava debaixo de uma biqueira de água que caia de um cano, ele parecia estar pensando em algo, parei de dançar e o escutei cantar uma música que sempre cantava quando chovia.
-I'm singing in the rain, Just singin' in the rain. What a glorious feeling, I'm happy again!
Eu não segurei a risada ao ver ele dando alguns saltinhos nas poças enquanto cantarolava, ele sabia que eu gostava dessa música e que não perdia o tempo pra cantar.
-I'm laughing at clouds, so dark up above. The sun's in my heart and I'm ready for love.
Cantei de forma mais abrasileirada possível, nem acabei percebendo a chuva que engrossava, no portão minha mãe, uma mulher baixa com pele morena e cabelos meio arroxeados estava segurando as nossas toalhas com um braço e com o outro estava com a mão na cintura.
-Os dois, não vão pra dentro? Está ficando tarde e a chuva tá engrossando demais!
-Ah mãe, a senhora sempre estraga a minha felicidade.
Rebati com raiva enquanto caminhava para atravessar a rua quando nem percebi direito um carro com uma velocidade enorme vindo na minha direção, foi muito rápido nem ao menos pude escutar o barulho dele vindo... mas de uma forma ou de outra... eu pensei que fosse morrer...
Eu realmente pensei que fosse morrer naquele momento... Até perceber que não fui eu quem morreu...
-PAI!
Ayla Fernandes Prates
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Até o último suspiro
ParanormalAyla Fernandes é uma jovem adulta que foi recentemente diagnosticada com problemas cardíacos, sem motivos nenhum para continuar vivendo desde o falecimento de seu pai, acaba encontrando um livro misterioso deixado por ele! que tipo de coisas à aguar...