O sol refletia os cabelos loiros da menina que se encontrava espatifada no chão com um livro em suas mãos. A suíte real nunca chegou nem perto de ser ruim, ela era maravilhosa e confortável, bem diferente de como a garota estava se sentindo. Antes, a ideia de comandar, de se tornar uma rainha era um sonho, mas esse cargo não era dela. Agora que esse cargo se tornou seu, a ideia de se tornar um membro tão importante da realeza já não é tão mágico assim.
O livro deslizou em suas mãos quando algumas batidas na porta alcançaram seu ouvido. Seus pés a deram apoio no chão de quartzo daquele quarto. Sua mão alcançou a maçaneta.
- Srta. Clarke? - Era uma criada, com a vestimenta padrão dos funcionários daquele castelo, seu cabelo preso em uma trança discreta. - Rei Jake II está na sala principal. - Disse assim que viu o rosto confuso da loira. - Com licença. - Se curvou e saiu da vista de Clarke. A mesma suspirou e abaixou o olhar para ver amplamente sua roupa completamente inadequada para andar por aquele castelo. Três criadas adentraram o quarto, fazendo a saudação que Clarke conhecia de trás pra frente.
A mesma sempre tentava escolher suas roupas, mas como esperado, as criadas sempre escolhiam mais rápido que a loira. O vestido ia até seus pés e era - consideravelmente - volumoso depois dos quadris. Sua cor azul era chamativa até demais na percepção de Clarke. Uma das meninas que estavam ali puxou uma parte de seu cabelo para trás, prendendo com algo que Clarke deduziu que fosse um elástico, e decorando com flores. Dois braceletes enfeitavam seus braços, um mais alto e outro mais baixo. - Aquela foi a única parte da roupa que a loira gostou. -
Clarke desceu as escadas glamourosamente, nem parecia que tudo o que desejava era dormir. - Ninguém pode negar que ela daria uma ótima atriz. - Ainda doía ver os dois lugares daquela mesa vazios. Clarke engoliu seco e sentou no lugar que já era seu a dezessete anos, encarando o sorriso falso de seu pai. Ela sabia que era falso.
- Bom dia. - Jake falou, com o mesmo sorriso que fazia Clarke querer lhe dar um soco. - À tarde vamos almoçar em Illian. - Clarke franziu as sobrancelhas. Em sua lembrança aquele reino era o reino de sua falecida mãe. Ela voltou com sua postura.
- Para? - Ela perguntou como se não soubesse. E realmente não sabia, mas queria ter certeza de sua suposição.
- Não seja boba, você sabe. - Clarke voltou a franzir as sobrancelhas, o que fez seu pai entender que a menina realmente não sabia. - Finn. Princípe de Illian. Você está destinada a se casar com este rapaz desde sua nascença, Clarke. - O homem continuou a comer depois da fala, diferente de Clarke que engasgou com o suco.
- O que?! - A loira se esforçou para não gritar tão alto. - Eu já o vi alguma vez na minha vida?! -
- Você não precisa o conhecer. - Disse depois de limpar sua boca, sem parecer se preocupar. Clarke sabia como funcionava o casamento real, mas se negava a ceder.
- EU VOU ME CASAR COM O CARA! - Gritou, dessa vez sem tentar se impedir.
- Pare de gritar e controle suas palavras de baixo calão! - Seu pai ordenou, batendo na mesa e se levantando da cadeira onde estava sentado. - Você sabe que o casamento real não se trata de amor e muito menos de afeto, e sim patrocínio! - O homem saiu da sala.
