Biology 2

593 6 1
                                    

Sem, palavras diante das dele, levei alguns segundos para conseguir sorrir fraco, admirada com sua atitude. Pela milésima vez naquele dia.

- Desse jeito eu não vou parar de chorar - confessei, respirando fundo e contendo minhas emoções afloradas.

- Ah, não, chega de chorar - ele pediu fazendo uma careta, e se afastou de mim - Vem, eu vou te levar pra casa. Você precisa descansar.

Concordando e agradecendo-o mentalmente, assenti, descendo da bancada com uma certa ajuda dele, e lhe entreguei a luva já morna para que ele a jogasse fora. Enquanto ele o fazia, fitei a porta do laboratório, sentindo meu coração acelerar só de pensar em sair. Tudo o que eu queria no momento era distância daquele lugar, porém a idéia de atravessar aquela porta novamente me parecia extremamente assustadora.

- Reh? - a voz de Thi me acordou de meu rápido devaneio, e quando o olhei, vi que ele já estava parado perto da porta, com minha mochila em suas costas - Tudo bem?

Confirmei rapidamente, soltando um suspiro baixo, e ele abriu a porta do laboratório, saindo primeiro e esperando que eu o fizesse para trancar a sala. Descemos as escadas o mais normalmente possível, apesar da leve tremedeira em minhas pernas, e caminhamos até a rua em silêncio, deparando-nos com o Porsche de Thi do outro lado da rua. A vaga de Tom, que sempre estacionava a poucos metros dali, estava vazia, o que significava que ele já havia ido embora. Repreendi minha própria mente ao retornar suas atenções para ele, e desviei meu olhar do espaço vazio no acostamento. Entrei no carro pelo lado do carona, sem me preocupar muito por estar sendo vista, já que não havia mais ninguém na porta do colégio a não ser as poucas pessoas que passavam pela rua, e pus o cinto de segurança.

Thi fez o mesmo em silêncio, colocando minha mochila no banco traseiro, e logo arrancou com o carro, ganhando velocidade facilmente e fazendo com que uma leve brisa batesse em meu rosto quando abriu um pouco meu vidro. Abaixei meus olhos até que eles fitassem meus joelhos e inconscientemente me perdi no silêncio do carro, absorta numa espécie de retrospectiva de todos os acontecimentos recentes.

A dor voltou a me preencher aos poucos, subindo por minhas pernas e dominando meu interior, como um veneno letal escalando meu corpo.

Fechei meus olhos com força, tentando evitar que as lágrimas neles caíssem, mas foi em vão. Virei meu rosto para a janela, sem querer que Thi percebesse minha recaída, porém assim que o fiz, sua mão envolveu a minha. Me mantive imóvel, sentindo-o apertar de leve meus dedos entre os seus, e um soluço baixo escapou por entre meus lábios.

- Eu não gosto de te ver chorando - ele murmurou, com a voz baixa e compreensiva - Mas acho que pra quem guarda tantas preocupações só pra si... Faz bem desmoronar de vez em quando.

Funguei baixo, sentindo meu choro se intensificar com suas palavras, e fitei nossas mãos unidas por alguns segundos, sem saber como encará-lo. O carro parou num sinal vermelho e Thi acariciou as costas de minha mão com seu polegar, suspirando baixo e fitando vagamente algum ponto à frente. Eu sabia que ele também havia sido duramente afetado por tudo que havia acontecido, e sabia que levaria algum tempo até que absorvêssemos todas aquelas emoções. Ergui meus olhos vermelhos até ele, me sentindo a pior pessoa do mundo por fazer duas pessoas sofrerem por atitudes erradas minhas, cujas conseqüências amargas somente eu deveria sentir, e o vi me olhar de volta, sério e inexpressivo. Apenas digerindo os fatos.

E por todo o trajeto até minha casa, prosseguimos naquele mesmo silêncio. Não havia muito mais a ser dito; nossas mentes e corações estavam entorpecidos e doloridos demais para que soubéssemos o que dizer um ao outro.

- Obrigada pela carona - murmurei quando ele estacionou em frente à minha casa.

- Se precisar conversar... Bem, você tem meu número, e em hipóteses mais drásticas, sabe meu endereço - ele sorriu fraco, erguendo meu rosto até que pudesse me encarar - E não se preocupe com o horário, eu adoraria acordar pra falar com você.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 31, 2013 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Biology 2Onde histórias criam vida. Descubra agora