OSFRESIA.

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Do grego ósphresis, osfresia; elevada sensibilidade olfativa; olfato apurado.

MinWon; Meanie.

O Jardineiro e o Proprietário.

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Parecia o paraíso. Uma explosão de cores vivas cobrindo a grama verde, quem sabe até mesmo falsificada, presentes no quintal daquele casarão branco que tanto chamava a atenção do jardineiro. Já estava há uma eternidade preso naquele carro com estofado de couro, tinta branca e um formato tão anos 50. Passou as últimas horas observando as árvores laranjas soltando suas folhas, tomadas pelos ventos e rajadas agressivas, a estrada consumida pela natureza morta que se preparava para renascer em poucos dias, já que a primavera se aproximava, e aquele clima frio que ele tanto adorava.

ー Informo-lhe que chegamos, sr. Jeon. ー Despertando de sua admiração excessiva, Wonwoo observou o motorista descer da velharia clássica, e muito chique, dando passos rápidos até a porta de trás e a abrindo com toda a cortesia para que o jardineiro descesse.

ー Obrigado. ー Wonwoo não conseguiu nem ao menos esboçar alguma reação em direção ao motorista. Não, ele estava estonteado, inebriado e completamente em transe à beleza que aquele jardim frontal o proporcionava. Mas não era apenas o olhar, a beleza visual, não mesmo. Isso seria muito pouco para despertar o interesse do jardineiro. O que realmente lhe deixava extasiado era o cheiro. Maldito cheiro doce das flores que Jeon conseguia sentir a muitos metros de distância.

ー Levarei suas malas até o seu quarto, ok? Confesso que estou com inveja.. Nenhum de nós tem esse privilégio de dormir aqui. ー O motorista disse com um sorriso humorístico enquanto se ocupava com as malas grandes e, por incrível que pareça, leves, do novo jardineiro. ー Qualquer dúvida peça diretamente ao patrão, certo? Ah! E como agora seremos colegas de trabalho, me chame de Jeonghan.

ー É um prazer conhecê-lo, Jeonghan. ー Ele parecia amigável. E não só pelo seu jeito e maneira de sorrir, mas seu perfume também expressava seu bom gosto. Era doce, não enjoativo, suficiente para deixar qualquer pessoa atordoada. ー Me chamo.. ー

ー Wonwoo, eu sei. Soube antes mesmo de ir lhe buscar. ー Comentou o motorista com o seu sorriso característico preso a seu rosto. Jeon se sentiu envergonhado por um momento. Viajou com o moço por 4 horas inteiras e nem ao menos havia perguntado o nome dele! Era um hábito comum do jardineiro. Não prestava muito atenção as pessoas ao seu redor, já que era mais fácil ocupar sua mente com os estímulos que o mundo lhe oferecia (nem sempre bons, vale frisar). ー O jardim verdadeiro fica na parte de trás da casa. Se encontrar o proprietário pelos corredores, se apresente, certo? ー Jardim verdadeiro? Aquilo estava começando a valer a pena na cabeça de Wonwoo.

ー E como eu saberei quem é ele? ー Era uma pergunta válida, afinal, ele não havia visto o rosto do sujeito até dado momento.

Wonwoo não é de aceitar qualquer trabalho. Sempre prezou muito pelo seu bem estar e, apesar das inúmeras vantagens de possuir um sentido olfativo aguçado, nem sempre isso se mostrava como uma vantagem de verdade. Na realidade, em certas ocasiões, Wonwoo tinha vontade de arrancar seu nariz fora. Recebeu uma ligação do homem que o contratou em um dia qualquer, semanas após o seu último emprego. Seu atual patrão disse que ouviu falar muito bem do trabalho do jardineiro e gostaria que ele trabalhasse para ele durante aquela primavera. Não deu detalhes, nem ao menos fez uma ligação por vídeo chamada para perguntar quais eram as competências do Jeon; só o contatou, ofereceu o emprego e esperou a resposta. Pessoas em sã consciência achariam tal proposta um pouco.. suspeita, o mínimo a se dizer. Porém, o salário não era pouca coisa. Quer dizer, era muita coisa. E o que fazer quando a necessidade grita por tal oportunidade? Você deve ceder. E foi isso que Wonwoo acabou fazendo.

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