Um Dia Perfeito.

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O céu estava azul, limpo, claro. Nenhuma nuvem atrapalhava aquela imensidão azul.

O canto dos pássaros parecia anunciar uma calmaria, uma vontade de viver no mundo, correr por um parque verde de uma paisagem incrível.

– Eu vos declaro, marido e mulher! – O padre anunciou, e então gritos eufóricos preencheram o lugar.

"O que eu tô fazendo aqui?"

O moreno se levantou de sua cadeira, aproveitando que a atenção estava aos recém casados, em passos firmes saiu de perto daquela cerimônia.

A escolha do lugar, na opinião de Pac, foi arriscada, um campo aberto sem nada para cobrir o evento era pedir para que ou todos se torrassem no sol ou todos se molhassem na chuva. O que não aconteceu. Afinal, a escolha do lugar foi perfeita, como o dia ensolarado que estava.

– Não confio nele. – Resmungou dando a volta numa árvore longe de todo o barulho, a festa parecia ruídos daquela distância.

O convidado se sentou no pé da árvore, respirou fundo e encostou a cabeça no tronco, fechando os olhos, esperando que pudesse dormir por quarenta anos e acordar daquele pesadelo onde só havia angústia e ansiedade.

– Senhor, sabe que não pode se afastar sem chamar um segurança. – A voz grossa e ao mesmo tempo cautelosa preencheu o silêncio, Pac sorriu.

– Eu sei do meu cárcere privado, senhor Fit, eu só queria um pouco de paz. – Respondeu abrindo os olhos e vendo o outro homem apoiado na árvore. – Ainda não acredito que a mamãe não me deu ouvidos sobre aquele cara. – Desabafou, confiava em Fit, seu segurança particular.

Fit havia sido contratado há quase dois anos, antes da senhora cheia da grana que Pac chamava carinhosamente de mãe, conhecer um ex-mercenário.

Não que Fit não tivesse um passado parecido, mas as motivações eram bem diferentes, totalmente diferentes. E ele não estava se casando com sua amada mãe, o que o moreno dava graças a divindade divina.

– As pessoas podem mudar, Pac. – Informou desviando o olhar para uma criança que passou tentando empinar uma pipa.

O moreno se levantou de onde estava, sabia que seu terno estava sujo de terra e folhas, nada disso importava, ele não achava que voltaria pra festa tão cedo.

– Não compare ele a você, ele não precisava entrar naquela vida, você tinha que salvar seu filho de uma doença grave. – Argumentou se pondo de frente ao careca que cruzou os braços olhando nos olhos do outro.

– Pac, você está sendo conveniente, não sabe o porquê dele ter entrado naquela vida. – Tentou, o moreno revirou os olhos negando com a cabeça.

– Por que ta tentando limpar a barra dele comigo? – Perguntou irritado cruzando os braços.

– Porque sua mãe está seguindo a vida dela, você deu sua opinião sobre isso e ela não concordou. Isso é ciúmes com uma pitada de orgulho ferido. Não seja um filho birrento. – Pediu levando uma mão ao cabelo macio do outro. – Além disso, não sei porque está tão bravo com isso, você nem mora mais com sua mãe. – Argumentou arrumando alguns fios bagunçados pela brisa fresca, Pac suspirou desviando o olhar para qualquer canto.

Ele tinha medo, medo que o homem com quem sua querida mãe casou não tivesse mudado nada, ainda fosse um mercenário que matava por dinheiro, coisa que sua mãe tinha e muito.

– Não confio nele. – Repetiu, levando seu olhar para o segurança.

– Entendo. – Concluiu tirando a mão dos fios negros, olhando no olhar preocupado de um filho que só queria a mãe segura. – Eu vou reforçar a segurança na casa, ficar ligado nas câmeras, todas elas. Nada vai acontecer com ela, prometo. – Assegurou num sussurrou como um segredo, Pac sorriu.

– Eu confio em você. – Afirmou, seus olhos foram até além de Fit, onde viu sua mãe vestida de noiva se aproximando.

– Sendo sincero, sua mãe não me interessa nem um pouquinho. – Comentou divertido, Pac lhe olhou confuso e então riu entendendo.

– Não repita isso nos próximos trinta segundos ou perderá seu emprego, senhor Fit. – Comentou baixo cobriu a própria boca, Fit uniu as sobrancelhas até sentir uma mão em suas costas.

– O que os pombinhos tanto riem? – A voz doce da senhora Charlotte fez o careca engolir em seco nervoso.

– Coisas bobas, senhora Charlotte. – Respondeu o segurança limpando a garganta em seguida. – Seu casamento está lindo, senhora. – Afirmou com uma voz mais profissional, Pac se segurou para não rir, nunca entendia esse medo da chefe.

– Obrigado, senhor Fit. – Agradeceu a noiva sorrindo e se virando para seu filho adotivo. – Te procurei por todo lugar e não te achei, os pombinhos queriam um tempo sozinhos? – Perguntou levemente preocupada.

O moreno pensou em falar o que de fato aconteceu, que se sentiu angustiado por não ter "aberto" os olhos da mãe, mas percebeu que era uma implicância com algo que não tinha fundamento, ele tinha medo, sim, mas Fit garantiu que tudo ficaria bem. E ele já tinha conversado com a mais velha e de nada teria adiantado.

– Desculpa mamãe, eu acabei ficando com dor de cabeça com tanto barulho, não consegui ficar na festa. Fit veio me ajudar. – Inventou sorrindo fraco.

– O trabalho do Fit é te manter seguro, onde você for ele deve ir também, não precisa de explicações, queridos. – Informou levando as mãos até a bochecha de ambos. – Espero que o próximo casamento seja de vocês dois, vocês combinam. – Despejou antes de dar meia volta e seguir caminho para a festa novamente.

Fit respirou fundo voltando a se encostar na árvore.

– Sua mãe me assusta mais que o ex mercenário. – Comentou fazendo Pac rir.

– Pelo menos ela já te aceitou como genro, seria mais assustador se ela só te olhasse de cara feia o tempo todo. – Disse. – Você já viu dona Charlotte irritada. – Afirmou.

– Não me lembre dos minutos mais assustadores da minha vida, eu quebrei um simples e pequeno vaso de flores e me arrependo até hoje. – Relembrou fingindo se arrepiar. – Aliás, foi culpa sua! – Acusou fazendo o moreno rir mais.

– Eu? – Perguntou fingindo-se ofendido.

– Sim, você. A gente tinha uma semana de namoro e você me beijou pela primeira vez do nada, eu tinha acabado de chegar no meu posto, seu bilontra! – Apontou se aproximando do outro que segurava a barriga rindo. – Vai rindo mesmo, quando você estiver no altar com um ex mercenário, você vai entender sua mãe.

Pac, ainda tentando parar de rir, pegou a mão do segurança e começou a levá-los de volta ao casamento. Havia ficado com fome, e talvez quisesse pensar em referências para como seria seu casamento com um ex mercenário careca que tinha uma criança doce, saudável e inteligente como filho.

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⏰ Última atualização: Apr 19 ⏰

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Sobre Casar Com Você. - Hideduo.Onde histórias criam vida. Descubra agora