PARTE I - Funções da Linguagem
O texto expõe uma informação, de forma objetiva e direta, e não pode permitir mais de uma interpretação.
Exemplo: Sua solicitação de trancamento de curso feita no último sábado, dia 17 de março, foi aceita.
Meu dia começa mal.
Minha mãe diz que tenho o costume de reclamar muito - e é verdade -, mas hoje, segunda-feira, acontecem tantas coisas ruins em seguida que, às três da tarde, minha energia já acabou.
Eu tinha quebrado a unha do meu indicador e, por mais que pareça drama, saiu sangue, sangue, e está doendo até agora. Meu cartão de ônibus tinha sumido. Meu cabelo está tão cheio de frizz que parece que levei um choque durante o sono. O carregador do meu celular estragou e estou sem bateria.
Como não recebi ainda (e o quinto dia útil do mês está longe de chegar), a primeira pessoa que penso que pode me socorrer quando vejo o meu carregador se partir em dois é Olivia.
Vou de bicicleta até sua casa, mas minha irritação é tão aparente que a primeira coisa que ela pergunta quando abre a porta é:
- Você está bem?
Olho para o seu rosto. Ela está se arrumando para o trabalho, pois um olho está com maquiagem e o outro está sem. Na sua mão, posso ver um pincel, pronto para fazer outro delineado de gatinho.
Meu olho começa a lacrimejar sem eu perceber.
Faço uma nota mental de comprar absorvente e remédio para cólica antes de ir para a aula.
Olívia ficou surpresa. Posso ver sua cara de preocupação, porque eu dificilmente choro na frente de outras pessoas. Quando conto, porém, os motivos da minha frustração, sei que ela se segura muito para não tirar sarro ou me dar um tapa - ou os dois.
Meu choro não dura muito. Quatro ou cinco lágrimas depois, eu já estou sentada na cama de Olívia, com o celular na tomada, aguardando ansiosamente ele ligar.
- Você sabe que não podia mais chamar aquilo de carregador - diz ela, enquanto se maquia. - Era o resto do que um dia já foi um carregador.
- Ele foi um ótimo carregador - respondo e penso na quantidade de fita adesiva que usei na tentativa de colar as partes que ameaçavam se soltar.
Olívia ri e vejo que, como em um passe de mágica, seu delineado está pronto e perfeitamente alinhado, como se ela tivesse feito um copia e cola.
Às vezes acho que ela é uma bruxa, ainda mais que ela sempre está de preto, mesmo no verão, e não passa calor.
- Você tem aula hoje? - pergunta ela enquanto procura algo dentro da gaveta e tira uma prancha de cabelo.
- Sim, mas só às seis. Vim te ver antes. - Olívia me olha, uma sobrancelha levantada. - Vim te ver e pedir seu carregador emprestado. E desabafar. Hoje não está sendo um dia bom.
- Você chorou. É a segunda vez que eu te vejo chorar em menos de uma semana.
- Hoje eu estou de tpm, e sábado eu estava bêbada. Logo, tenho passe livre para chorar.
Ela ri.
- Sábado você não estava bêbada. Você estava bêbada. Tribêbada. Louca. Loucassa.
Meu celular finalmente liga, mas não presto atenção nas notificações que aparecem, porque estou ocupada demais escondendo meu rosto.
- Eu não quero ouvir sobre isso.
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Gramática Atualizada da Língua do Amor
RomancePaola Apola só queria terminar sua faculdade, conseguir seu diploma e seu prêmio de melhor aluna da turma de Bacharel em Direito de 2017 (e que Kim Taehyung finalmente a notasse). Infelizmente, para ela, a volta de Jeon Jungkook para o Brasil, uma b...