ONE-SHOT | CONCLUÍDO.
I WANT TO BREAK FREE | SHAMELESS.
Em meio ao turbilhão familiar, com Freddie Mercury embalando o momento ao fundo, e você de pé em sua sala de estar, entregando-se a uma dança desengonçada, que Lip Gallagher tem a revelação que...
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"Quero a liberdade de amar quem eu desejo, poder abraçá-lo sem medo e me perder em seu olhar. Livre."
— I WANT TO BREAK FREE
LIP GALLAGHER NUNCA ESTEVE TÃO ABSORTO quanto naquele instante, superando até os momentos de preparação para testes cruciais. Sentado ao pé da escada de sua residência, que oferecia uma visão impecável da sala de estar, segurava uma garrafa de cerveja, imerso em um quase transe diante do espetáculo à sua frente, alheio a tudo que não fosse você e sua presença.
I want to break free I want to break free
Você, que se balançava suavemente ao som da música, acompanhada pelos irmãos menores dele, Carl e Debbie, e com o pequeno Liam aconchegado em seu colo. Você, de olhos cerrados, entregue ao ritmo da canção que ecoava pelo ambiente: "I Want to Break Free", de Freddie Mercury, a melodia fluindo naturalmente de seus lábios. Era nisso que os olhos de Lip se fixavam: em você, em cada movimento seu, na sincronia de seus lábios, na ressonância de sua voz preenchendo o espaço.
I want to break free from your lies You're so self satisfied I don't need you
O dia transcorrera em absoluto caos, com adversidades na escola e desafios familiares, mas sua capacidade de lidar com as adversidades sempre se mostrou inabalável. Ao notar o estresse marcado em seu rosto, aquele franzir de nariz típico de Lip quando contrariado, você não hesitou em inquiri-lo até que ele compartilhasse suas angústias, e prontamente você encontrou uma solução. Deixando sua própria casa para trás, dirigiu-se à dele, organizando sua bagunça e preparando o jantar para as crianças, finalizando a noite ao som de uma melodia clássica de rock.
I've got to break free God knows, God knows I want to break free.
Os vizinhos que se queixassem do volume alto, pois naquele momento, nada mais importava. Você distraiu os irmãos dele, permitindo-lhes exaurir suas energias e desfrutar de sua agradável companhia. Não existia umGallagher que não lhe estimasse. Mesmo Frank, seu horrível pai, era agradecido por ter você por perto. De vizinho a amigo de infância e babá, sua presença era uma constante, especialmente ao lado de Lip.
Sorvendo o último gole de sua cerveja e pousando a garrafa ao lado, um suave erguer de lábios se desenhou no rosto dele, revelando diversão com a continuidade do show diante de seus olhos. Você ainda não tinha percebido o quanto os olhos de Lip estavam fixos em você. Nem mesmo ele havia se dado conta de que observava há tanto tempo, provocando-lhe uma sensação efervescente no estômago, algo que até então ele atribuía apenas à profunda admiração que sentia por você. Seu amigo. Seu melhor amigo. A simples certeza de que você sempre estaria por perto já era suficiente, mesmo que a relação de vocês não evoluísse além disso.
I've fallen in love I've fallen in love for the first time
Afinal, por que ele desejaria algo mais? Seria apenas porque você trazia cor ao seu mundo antes cinzento? Ou porque parecia ocupar aquele espaço vazio em seu coração que nem Mandy, Karen ou — droga, ele nem se lembra dos nomes da metade das garotas com quem esteve — jamais conseguiram preencher? Que seja. Nenhuma delas nunca chegaria aos seus pés. Não importa o quanto qualquer uma tentasse.
Porque você era insubstituível. O único capaz de tolerar seu humor ácido, suas atitudes egoístas, sua impaciência e seus embates com a bebida. Era você quem, no silêncio da noite, apesar de ter seus próprios estudos para se preocupar, permanecia acordado até altas horas para estudar com ele, mesmo diante do lembrete constante de que ele era um prodígio. Extremamente inteligente.
Seria um eufemismo dizer que você não inflava seu já vasto ego cada vez que o elogiava, seja por um A+ em um exame ou pelo tempo que ele conseguia se manter sóbrio. Em um mundo que parecia abandonado por Deus, em meio ao caos e sob a penumbra de suas amarguras, era você quem genuinamente se importava com ele, independentemente de quão fundo ele afundasse.
Parte de Lip amava e detestava essa realidade. Você nunca o poupou, nunca validou cegamente suas ações; ao contrário, era você quem lhe confrontava com a verdade, mas também quem estaria sempre lá para oferecer uma mão e ajudá-lo a se reerguer. Um refúgio seguro que ele jamais imaginou ter a fortuna de encontrar.
And this time I know it's for real I've fallen in love, God knows, God knows I've fallen in love.
E mesmo após todos esses anos tumultuados, vivendo lado a lado nas ruas suburbanas do sul de Chicago, você permaneceu. Ficou, quando teve a chance de escapar para o mais distante possível e buscar um futuro mais promissor do que passar a vida ao lado de um rapaz problemático. Você também tinha suas imperfeições, algo que Lip, sinceramente, adorava contestar.
It's strange but it's true, yeah I can't get over the way you love me like you do But I have to be sure When I walk out that door
Você era bom, excepcionalmente bom. Bom demais para ele, para aquele bairro, para tudo e todos ao seu redor. Nunca se deixou abalar pelas adversidades, o completo oposto de Lip. Você era superior a ele. E sempre seria. Lip enfrentaria qualquer um que afirmasse o contrário, mesmo que essa pessoa fosse você.
Oh how I want to be free, baby Oh how I want to be free, Oh how I want to break free.
— Ei, Gallagher! — seu chamado o faz despertar, fazendo-o perceber que você está de pé à sua frente, com as mãos na cintura e a cabeça inclinada para o lado, enquanto um sorriso persiste em seu rosto. Liam já não está mais em seu colo, agora nos braços de Debbie, que continua a dançar animadamente com Carl ao lado. A música, quase no fim, finalmente soa agradável aos ouvidos de Lip, substituindo o zumbido que antes preenchia sua mente com pensamentos sobre você.
Você. Você. Você. Somente você.
— O que? — Lip pergunta com um sorriso, soltando uma risada breve enquanto observa seu rosto, notando detalhes que antes lhe pareciam tão triviais: seus olhos sempre brilharam tanto? Aquela marca de nascença sempre esteve lá?
— Você vai ficar parado aí? Estou te chamando há décadas! — você diz, rindo, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar do degrau onde está sentado, com um pé ainda balançando no ritmo da música que se encerra. — Venha dançar conosco.
— Dançar? — hesita por breves instantes antes de aceitar sua mão, erguendo-se e seguindo você até o centro da sala, posicionando-se ao seu lado. — Eu não sei dançar, (Nome).
— Não seja um chato! — ele ouve sua irmã gritar, o garoto de cabelo raspado ao lado dela concordando com passos de dança desengonçados. Você tinha o poder de fazer até os mais pestinhas parecerem anjos sob seu comando. — Qual é!
But life still goes on I can't get used to, living without, living without, Living without you by my side
Ainda de mãos dadas, Lip se deixa levar enquanto uma corrente elétrica parece percorrer o contato entre suas palmas. Juntos, vocês giram pela sala, e as risadas que ecoam criam uma atmosfera que transforma a casa em um verdadeiro lar. Lip mal percebe quando seus outros irmãos se juntam à dança, tão envolvido está em compartilhar aquele instante com você, contagiado por sua risada, seu sorriso o fazendo sorrir em resposta. Ele se sente livre para se deleitar naquele momento, desvencilhado das correntes que ele próprio se impusera.
I don't want to live alone, hey God knows, got to make it on my own So baby can't you see I've got to break free.
E é então que ele se dá conta, com uma clareza avassaladora, do quão profunda e irremediavelmente apaixonado ele está por você.