Parallel Twins - Woosan

Four

O garoto sempre teve um pressentimento sombrio em relação às medidas disciplinares. Ele nunca se atreveu a desafiar qualquer regra, pois rumores assombravam a clínica, sugerindo que tais punições não se limitavam apenas a chamar a atenção, mas poderiam envolver tarefas árduas como forma de redenção. Sempre que alguém enfrentava essas medidas, ouviam-se apenas relatos vagos sobre limpezas ou tarefas menores, mas essas pessoas desapareciam por alguns dias, deixando no ar um mistério inquietante sobre o que realmente acontecia durante esse período de ausência.

Wooyoung havia sido levado realmente para fazer a limpeza dos banheiros que ficavam localizados no último piso, reservado aos superiores. Cada passo que ele dava em direção ao topo do prédio parecia um peso adicional em seus ombros, carregando um balde, junto com os produtos de limpeza, enquanto os enfermeiros que o escoltavam, ficavam de mãos vazias.

À medida que ele subia os degraus, o ar se tornava mais denso a cada passo. Não conseguia evitar pensar que teria sido muito mais fácil se pudesse usar um carrinho para transportar os itens de limpeza e utilizar o elevador. No entanto, essa opção estava fora de cogitação, já que apenas os superiores tinham permissão para usar o elevador, que estava disponível apenas no bloco onde eles ocupavam. Nos outros prédios, as escadarias gigantescas eram tão íngremes que apenas olhar para elas já deixava Wooyoung sem fôlego.

Finalmente, ao alcançar o último piso, onde residiam os superiores, Wooyoung se deparou com os banheiros que imaginara serem impecáveis. No entanto, ao adentrar, foi confrontado com a realidade chocante: os banheiros estavam longe da perfeição que ele esperava. Manchas nos espelhos, respingos de água no chão e até mesmo um odor desagradável pairavam no ar. Aquela visão o surpreendeu, pois contradizia a imagem de prestígio e cuidado que os superiores sempre faziam questão de manter. 

Os enfermeiros que o acompanharam até ali permaneceram do lado de fora, aguardando pacientemente enquanto Wooyoung enfrentava a tarefa de limpeza. Seus olhares silenciosos transmitiam uma mistura de supervisão e distância, como se estivessem lá apenas para garantir que a punição fosse cumprida, mas sem interferir no processo. Enquanto Wooyoung mergulhava no trabalho árduo dentro dos banheiros, os enfermeiros permaneciam como guardiões silenciosos do lado de fora, esperando pelo momento em que ele terminaria sua tarefa.

Enquanto Wooyoung se dedicava a secar o chão dos banheiros, seus pensamentos vagavam para longe, rumo à preocupação com San. Ele se perguntava como San estaria naquele momento, o que estaria fazendo e se teria enfrentado uma punição semelhante à sua própria. A incerteza sobre o destino de San predominava em sua mente, acrescentando uma camada adicional de preocupação à sua já turbulenta situação. 

E como um clarão em sua mente preocupada, se lembrou das câmeras de vigilância, e que provavelmente a sala de controle, estaria localizada naquele mesmo corredor. Com determinação, ele decidiu ir até a sala para procurar por San pelas câmeras.

Ele então levou sua mão com precisão até o colar em seu pescoço, desconectando-o. O garoto já havia deixado no jeito, para quando precisasse usar seus poderes.

Um formigamento familiar começou a percorrer o corpo de Wooyoung, sinalizando a manifestação iminente de seu poder de invisibilidade. Gradualmente, sua figura começou a se desvanecer, como se fosse feita de fumaça se dissipando no ar. Cada célula de seu corpo parecia vibrar com energia enquanto ele se tornava cada vez mais transparente, até finalmente desaparecer por completo, deixando para trás apenas um vazio onde antes ele estava.

Agora invisível aos olhos dos outros, Wooyoung se moveu com passos leves em direção à porta do banheiro. Cada movimento era calculado para evitar qualquer ruído que alertasse os enfermeiros do lado de fora. Com uma destreza silenciosa, ele estendeu a mão até a maçaneta da porta, girando-a vagarosamente e abrindo-a sem emitir sequer um rangido.