Um Passado Mascarado

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O tempo muda muitas coisas e muitas pessoas.

Vessel não poderia ser exceção.

Vessel era com certeza o homem mais gentil e sorridente que agora conheciam. Ele era acolhedor, seus braços os abraçariam sempre que precisassem e ele era um porto seguro.

Ele protegia seus três atuais amigos e amantes com tudo oque podia: Enfrentaria até mesmo Sleep se fosse necessário. Os amava, com ou sem aquela máscara, era um único Vessel.

Isso são as consequências do tempo: As mudanças.

Se olhassem para trás e comparassem o vocalista que conhecem hoje com o que conheceram quando chegaram no altar do Sono, nunca diriam que era a mesma pessoa.

Felizmente era passado, mesmo com as irreparáveis cicatrizes e rastros, ainda é apenas passado.

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– II...

O guitarrista chamou suave, parecia vaguear em seus pensamentos

– Você lembra como era Vessel quando nós chegamos?

II riu. A situação antes trágica se tornou cômica. Refletiu por um momento, a sensação era quase de uma indignação ao lembrar disso. O dito cujo estava fora de casa, foi chamado por Sleep para uma adoração longe dali.

– Lembro... ele me odiava.

Disse rindo levemente, tentando comparar o homem carinhoso que conhecia agora com aquele esquisito e soberbo homem que conheceu quando chegou. IV nega com a cabeça, olhando para o teto.

– Ele nem olhava na minha cara... resmungava quando eu chegava perto...

Ele dizia lentamente, como se estivesse lembrando com uma indignação nostálgica. II apoiou sua cabeça em sua mão, ajeitando seu cabelo com a destra, tornando a falar.

– Ele me julgava por ser baixo... lembro de uma vez que estávamos no altar e eu estava do lado dele, terminando a Adoração. Eu sentia ele me encarar por de trás daquela máscara, me julgando á cada movimento que eu fazia.

Fez uma pausa para rir, se apoiando na cadeira. O guitarrista se inclinou para a frente, ouvindo com um sorrisinho divertido estampado em seu rosto.

– Terminei, me levantei e quando tava na porta eu ouvi ele falar "Ainda bem que esse protótipo de gente foi embora" e virou para trás me encarando, foi óbvio que ele falou para eu ouvir.

IV riu. Não era mais algo que os ofendia, era apenas uma não tão boa memória, mas engraçada.

– Ele me olhou como se estivesse me expulsando.

O baterista também riu, negando com a cabeça. Seus olhares se direcionaram á porta quando foi aberta, sorrindo mais largamente ao verem quem era. III se assustou ao ver aqueles dois sorrisos travessos lhe encarando.

– Eu sei que sou bonito, mas não precisa me encarar assim...

Ele disse rindo e adentrando na cozinha. IV riu e II revirou os olhos, tendo um pequeno estalo ao lembrar de uma frase que Vessel o disse, que atacava diretamente o baixista.

– Você lembra do "Não sabia que Sleep tinha palhaços dentro do altar"?

O baterista disse rindo, vendo III o fitar indignado. Nessa situação situação em específico, o vocalista falou quando o viu pela primeira vez, com aquele jeito animado e caótico.

– Ele te odiava mais do que todo mundo...

O guitarrista falou com um sorrisinho no rosto, balançando para frente e abra trás na cadeira.

– Ele me chamava de palhaço, bobo da corte, risadinha... e tinha mais!

O baixista quase se contorcia ao lembrar dos apelidos maldosos que Vessel o chamou por muito tempo. Os três riram da situação. A noite foi cheia de lembranças e risadas, e quando Vessel chegou, foi apenas para trazer mais delas.


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Ainda bem que o tempo passou e trouxe suas inevitáveis mudanças, se não nem saberiam se ainda estariam suportando o vocalista daquele jeito.

Atualmente, Vessel era apenas um: com ou sem aquela máscara. Aquela pessoa gentil que nunca os largava por nada.

E pensar que talvez só não conhecessem direito o homem que havia atrás da máscara...










O Homem Atrás Da Máscara Onde histórias criam vida. Descubra agora