Linhas Invisíveis - Theo's Version

trinta e três | bipolar

"E simplesmente não consigo olhar

Isso está me matando

Tomando o controle

Ciúmes

Jogando santos dentro do mar

Nadando em doentias canções de ninar

Sufocando em suas justificativas

Mas este é apenas o preço que eu pago

O destino está me chamando

Abro meus olhos ansiosos

Porque sou o Sr. Otimista."

Mr. Brightside - The Killers

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Quando chegamos no estacionamento da faculdade, a Diana ainda estava com o Ben e os dois pareciam se divertir bastante, entretidos em uma conversa animada. Eu sei que não deveria me incomodar tanto com isso, a Diana está comigo e eles são amigos há anos, mas mesmo assim não consigo me livrar desse aperto no peito.

Estou com ciúmes pra caralho e mal conseguindo disfarçar.

Todo mundo começou a se agitar quando viu que já havíamos chegado, e quem estava dormindo foi sendo acordado pelos outros de formas nada delicadas, a maioria acordou no susto, com os olhos arregalados e demoraram algum tempo para entender que havíamos chegado.

Peguei minha mochila e a dela, joguei por cima do ombro e quando vi que ela continuava sentada ao lado do Ben, sem fazer nenhum movimento como quem fosse se levantar, passei direto por eles e desci do ônibus, deixando os dois para trás. Mia e Tina já estavam do lado de fora do ônibus e me olharam de um jeito que só podia significar preocupação. Fui até o bagageiro para pegar minha mala e as duas me seguiram para pegar as malas também.

— Tá tudo bem? — Tina perguntou quase num sussurro quando chegou perto de mim e eu apenas concordei com a cabeça, sem vontade de entrar nesse assunto agora.

Peguei a minha mala e a da Diana. Olhei de lado e vi ela se aproximando junto com o Ben.

— Você vai com a gente, Didi? — Mia perguntou quando eles pararam ao nosso lado.

— Claro! Eu vim com vocês. — ela confirmou e eu segurei a vontade de dar uma risada sem humor, afinal, ter vindo com a gente não a impediu de ter se sentado com ele na volta, mas preferi guardar esse amargor.

Estiquei a mala dela, juntamente com a mochila que ainda estava em meu ombro para entregá-la, mantendo uma certa distância e evitando olhar em seus olhos.

— Ei. — escutei ela me chamar, mas continuei na função de pegar outras malas do bagageiro que eu nem sabia de quem eram, tudo para evitar conversar agora — Theo, olha pra mim! — tornou a pedir, dessa vez de forma mais enérgica e eu parei o que fazia para enfim olhá-la, e acabei travando o maxilar quando vi que Ben continuava ao seu lado e me encarava de volta de uma forma desafiadora. — Tudo bem? — Diana enfim pergunta cautelosa e eu volto meu olhar para ela, acenando positivamente com a cabeça.

— Só estou cansado, com um pouco de dor e doido para ir para casa. — respondi sem conseguir disfarçar o azedume em minha voz e eu me odiei por isso.

Era por isso que eu não queria me abrir para outra pessoa entrar, era isso que eu não queria sentir mais uma vez. Odeio ficar tão vulnerável, tão exposto quanto estou agora. Porque por mais que esteja afirmando que estou bem, minhas atitudes me traem e demonstram o quanto eu estou odiando isso.