Take care. - damijon

XIII. Take care (final)

(Jon)

Já ia fazer quase duas semanas que não via Damian dar um sinal de que poderia acordar, ruía minhas unhas a todo momento com tiques na minha perna que tremiam sem parar.

Os dias começaram a se confundir. Cada vez que eu entrava naquele quarto, a esperança se tornava mais frágil. Damian continuava em coma, seu rosto sereno e imóvel, como se estivesse preso em um sonho distante. Eu me sentia perdido, como se o mundo estivesse parado e minha única âncora fosse aquela presença silenciosa. Colocava a música "Take Care", da Beach House, para tocar, uma das favoritas de Damian, e sentia uma dor apertar meu peito.

— I'll take care of you, that's true... that's true...

Essas palavras ecoavam no quarto, suaves e carregadas de promessa. Talvez, de alguma forma, ele pudesse me ouvir. Mesmo que nunca mais abrisse os olhos, eu queria acreditar que ele sabia. Sabia que eu estava ali. Que eu ficaria ali.

Meus pensamentos voltavam para todas as conversas que nunca tivemos, para os sentimentos que nunca conseguimos expressar com clareza. Talvez fosse por orgulho. Talvez por medo de nos perdermos um do outro. Mas havia tanto que eu queria dizer, tanto que eu queria que ele soubesse. E agora, cada segundo parecia uma chance perdida, um momento que nunca poderia ser recuperado.

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(Narrador)

No limiar entre a vida e a morte, Damian sonhava. Em seu estado inconsciente, sua mente lhe oferecia uma fuga: um mundo onde todas as incertezas se dissipavam e o tempo era generoso. Estava com Jonathan, como sempre quisera estar. Entre estar comendo bolo de milho e assistindo seriados calorosamente quanto estarem em parque, onde a roda gigante os levava até o ponto mais alto, longe de tudo e de todos. O vento soprava suavemente, carregando a fragrância de flores frescas, e ao lado dele, Jon estava sorrindo. Sem máscaras, sem o peso do mundo sobre os ombros. Apenas eles dois, finalmente livres.

— Eu te amo desde sempre — Jon confessava, as palavras que nunca tinham dito fluíam facilmente nesse mundo imaginário. — Eu só não sabia como admitir isso pra mim mesmo e pra você, sempre pareceu confuso pra mim sabe, mas esses dias com você...

Damian o olhava, sentindo algo caloroso preencher seu peito. Pela primeira vez, ele estava em paz.

— Eu sei — respondeu sorrindo levemente, um sorriso que raramente aparecia na realidade — Eu também J

Eles se beijavam no alto da roda gigante, e naquele instante, tudo parecia possível. Não havia brigas, desentendimentos ou expectativas não cumpridas. Apenas o agora. O sonho era perfeito, o que eles sempre quiseram, mas que a realidade nunca permitiu. Damian desejava poder ficar ali para sempre, sem precisar acordar, sem enfrentar o que estava do lado de fora daquele sonho.

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(Jon)

O tempo parecia se arrastar, até que uma tarde, algo mudou. Estava sentado ao lado dele, quando senti seus dedos se moverem. Foi quase imperceptível, mas foi real. Meu coração disparou, meu corpo congelado entre esperança e medo. Olhei para o rosto dele, esperando, torcendo para que fosse mais do que um reflexo.

— D.. — minha voz saiu como um sussurro quebrado, eu faria de tudo para olhar seus olhos verdes novamente. Aquela cor vibrante

Lentamente, seus olhos começaram a se abrir. Não de uma vez só, mas aos poucos, como se ele estivesse lutando contra algo pesado, profundo. Quando finalmente ele conseguiu me olhar, seus olhos estavam desfocados, perdidos entre o que era sonho e o que era real. Por um instante, não soube o que ele estava vendo, se me reconhecia ou se ainda estava preso no seu próprio mundo. A confusão em seu rosto me atingiu mais forte do que eu esperava.