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                                AMÉLIA CONNOR

Solto suspiros de frustração enquanto percorro os vestidos em meu closet, avaliando sobre qual escolher para a festa de gala que se reunia os da elite e pessoas importantes.
A obrigação de comparecer em um evento exclusivo, pesa sobre meus ombros. Sendo filha se um influente membro desse círculo social, me sinto compelida a marcar presença, embora eu me questione a real necessidade disso. Talvez por eu ser uma filha exemplar, ou como meu pai diz, a perfeição em pessoa.
A percepção de que meu pai provavelmente me exibirá como um troféu para seus amigos me incomoda profundamente. Não desejo fazer parte do jogo de aparências e falsidades que dominam o universo da elite, onde as filhas dos demais são superficiais e artificiais.
Nunca me dei bem com nenhuma delas, e estou certa de que a inveja as domina.

Depois de vasculhar todo meu closet, avisto um vestido que estava longe dos meu olhos à alguns segundos atrás, ele é preto, suas costas são tampadas por apenas um pedaço de tecido para amarrar.
Dou um pequeno sorriso de satisfação por ter achado um vestido que estivesse ao meu agrado.
O vestido me caia bem, realçando minhas pequenas curvas.

Me sento na cadeira da minha escravinha me olhando no espelho, observando as minhas desagradáveis sardas que cobriam minhas bochechas e nariz. Não as odeio tanto por causa da minha mãe, ela também tinha, mas diferente das minhas, as suas eram graciosas.

Pego meu rimel e passo em meu cilios e enseguida passo um gloss.
Amarro meus cabelos castanhos em um coque meio bagunçado, deixando minha franja e alguns fios soltos, e coloco meu salto meia pata preto.

Me examino mais uma vez no espelho e me dirijo à porta.
Deço as escadas e noto a silhueta do meu pai, sentado em uma poltrona lendo o que lhe mais interessa, jornal.
Não demorou muito para que ele percebesse minha presença. Um sorriso sincero tomou conta do seu rosto em quanto me esperava descer todos os degraus da escada.

- Está maravilhosa, querida - fala e em seguida dá um beijo em minha testa -Vamos? - ele diz não me dando oportunidade de agradecer seu elogio. Apenas assinto com um sorriso sincero.

Ao chegar à festa, sou recebida por um cenário deslumbrante. O local era decotado por requinte, lustres centilantes, mesas recheadas de fartura e arranjos de flores exóticas, que adornam o ambiente.
O salão imponente ostenta altos tetos decorados por pinturas clássicas e colunas majestosas, que sustentavam a grandiosidade do espaço. A iluminação suave realçava dos convidados vestidos em seus trajes, enquanto o som suave da orquestra preenche o ar com uma melodia encantadora.

Observo atentamente os convidados. Não pude deixar de notar a ostentação e a falsidade que permeavam o ambiente. As conversas pareciam repletas de superficialidade e sorrisos forçados, que denunciavam uma atmosfera artificial.

Me sinto ainda mais desconfortável a perceber olhares julgadores direcionados a mim, misturando curiosidade com desdém.
Me sinto presa em um mundo que não me representa, onde as aparências valem mais que a de autenticidade.

- Vamos comprimentar o anfitrião - meu pai diz olhando em meus olhos com aquele olhar sincero e calmo. apenas assinto, seguindo sua direção.
Ele comprimenta alguns dos convidados e logo para em frente a um homem.
O observei com cautela. Seus cabelos escuros e bem cuidados, caem de forma natural sobre sua testa. Seus olhos são penetrantes, de um tom intenso que oscila entre o verde e o castanho, refletindo sua personalidade enigmática. Sua altura era anormal, com seus ombros largos e sua postura imponente.
Seus músculos definidos denotam força e poder. Seu olhar firme transmite confiança, e sua presença preenche o ambiente com uma aura de determinação.

- Obrigado por ter vindo Sr. Connor - sua voz era rouca e áspera, sinto um calafrio percorrer o meu corpo.

- Não perderia essa ocasião por nada - meu pai diz, eles apertam as mãos e em seguida percebo que o olhar do anfitrião encontra o meu. Paro de encará-lo. A vergonha toma conta de mim por ter fixado tanto meus olhares sobre ele.

- Essa é minha única filha, Amélia - meu pai me apresenta. O homem me olha dos pés a cabeça.

- É um prazer te conhecer, Srta. Amélia - ele diz,ainda com seu olhar fixado em mim.
Percebo minhas bochechas corarem.

- O prazer é todo meu - digo, tentando evitar ao máximo olhar para ele.

- Querida, poderia dar um passeio pelo salão enquanto trato de alguns assuntos neste momento? - meu pai diz, apenas assinto e me retiro daquele local.
Sinto a sensação de que alguém me observava enquanto eu andava em direção ao um rumo qualquer.

Caminho em direção a uma mesa de petiscos, pego um e saboreio, apreciando cada sabor.
Sinto os olhares dos convidados sobre mim, o que me causa constrangimento e desconforto. Decido, então, retirar-me em busca de um local tranquilo e desprovido de espectadores.

Percorro o salão, me direcionando a um corredor onde não avistei ninguém indo para lá.
Ao chegar, noto que de um lado era possível avistar o exterior. A noite estava esplêndida, as estrelas cintilavam e a lua estava cheia.
O vento frio rebatia contra mim, fazendo me sentir estranhamente bem. Fecho os olhos aproveitando aquele momento.

Sinto alguém tocar em meu ombro, o desespero se apodera de mim.
Rapidamente, abro os olhos e viro-me, sentindo alívio ao perceber que se tratava do anfitrião, cujo nome eu ainda desconhecia. Ele me encarava seriamente, sem demonstrar qualquer expressão.

- Esta é uma área restrita, você não deveria estar aqui - sinto a vergonha bater, eu devia ter imaginando isso, já que não teria ninguém por aqui. Abaixo a cabeça, respirando fundo.

- Me desculpe, não estava ciente. Apenas precisava de um tempo longe daquele - dou um pausa,levantando a cabeça. Avisto seu olhar direcionado a mim, e logo prossigo - caos.

- Caos? - ele pergunta com um sobrancelha levantada. Suspiro, me virando para observar o céu, antes de lhe responder.

- Os olhares dos convidados sobre mim, me causam desconforto. As pessoas fingindo sinceridade, mas no fundo dá para notar que todos aqueles sorrisos e risos são apenas forçados. Ninguém aqui parece ser sincero ou normal. Para mim, isso é um caos - falo com meu olhar direcionando à vista.

Por um instante, um silêncio paira no ar, me deixando intrigada. Ao virar o rosto, avisto a silhueta do anfitrião que me observa atentamente. Após alguns segundos, ele parece pronto para responder.

- Se quiser, pode ficar por aqui. Não me incomoda.

Ele se vira e segue em direção à saída, sem me dar a oportunidade de responder ou agradecer pela gentileza.

O agradeço mentalmente por não ter mandado me retirar, não conseguiria permanecer naquele salão com aqueles olhares sobre mim.

Fico o resto do tempo, ali, sentada na mureta, observando atentamente a vista.
Avisto uma estrela cadente, logo me preparo para fazer um pedido. Entrelaço os dedos e fecho os olhos.

-Eu desejo, encontrar a verdadeira felicidade - susurro.

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⏰ Última atualização: Apr 25 ⏰

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