Capitulo 7

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MEL TORRES

DOMINGO - UM DIA, ANTES DA MINHA MORTE

Abro os meus olhos, minha cabeça testa doendo. Olho em volta e percebo que o sol já se pôs. Pego meu celular que estava carregando em cima da cômoda. O brilho me cega por alguns segundos. Na tela marca três da madrugada. Porra como foi que dormi tanto assim? Então as lembranças começam a retornar. Leo tentando se aproveitar de mim. A ameaça da Lola. O kai, eu me lembro dele me defendendo. Lembro de ter chorado em seus braços. Acho que dormi abraçada a ele. Eu devo ter perdido juízo.

---- aí, mel o que está acontecendo com você essa semana --- converso comigo mesma. Ligo a tela do celular novamente para confirma se não a mensagens. aperto no aplicativo do WhatsApp. Duas mensagens do meu pai e uma do Calebe. ignoro a do meu pai e aperto na conversa que mais me importa. Um áudio

----- Você é uma vadia mesmo. Me diz onde eu estava com cabeça de me envolver com aguem como você? Mel, você acabou com a minha vida, como pode mandar aquelas fotos para o meu pai? Você vai pagar pelo que fez, está entendendo? Eu vou acabar com a sua vida!! ---- meu coração acelera, e meu corpo fica mole. Mas do que ele está falando? eu não fiz nada. Tento me recompor. E ligo para o seu celular imediatamente, mas a chamada cai na caixa postal

Coloco a mão no rosto. Está tudo dando errado essa semana. Eu preciso me recompor, e da um jeito em toda essa merda.

Tento liga mais algumas vezes, mas em todas sou ignorada. Jogo meu celular de canto e desisto, vou resolver isso pessoalmente, assim que amanhecer. Desço a escada no escuro, preciso comer algo, minha barriga está reclamando.

A cozinha esta um breu, bato a mão na parede a procura do interruptor. As luz acende revelando uma figura, sentada no balcão

--- minha nossa senhora ---- levo minha mão ao peito, para confirma se meu coração ainda está batendo

---- nossa senhora está no céu ---- minha mãe está sentada , com uma xicara de chá em suas mãos

---- achei que tivesse ido com o papai ---- falo me aproximando

--- há não, fiquei o dia todo escrevendo no quarto --- ela bebe um longo gole de seu chá ---- quer um? ---- ela indica o chá, e eu chacoalho a cabeça em concordância. Imediatamente ela se levanta pegando outra xicara. O cheiro de chá de camomila invadi minha narina. Ela se senta novamente, me entregando.

----- Obrigada ---- assopro um pouco antes de dá o primeiro gole. É um pouco estranho conversa com a minha mãe. É como se fossemos duas estranhas. Quando meu pai está por perto, ela apenas fica de cabeça baixa, com medo dele a repreender. Já que só o fato dela respirar o mesmo ar que ele, já o incomoda ---- mãe? --- ela ergue seus olhos vendes esmeralda na minha direção, somos muito parecidas. Minha mãe é loira, com olhos verdes como os meus. Um dia encontrei suas fotos de quando ela era jovem. Ela estava sorrindo, tinha um olhar vibrante. Agora tudo o que vejo é uma mulher destruída psicologicamente, com um olhar vazio, sentada na minha frente ----- você se lembra do nosso vizinho? Como é o sobrenome dele mesmo? ---- tento recorda, mas não me lembro

----- Família Salles. Por que quer saber deles?

---- por curiosidade. A gente os conhecia, não é. O que aconteceu?

Ela faz uma pausa, como se estivesse tomando coragem. --- Alexandre Salles e seu pai eram grandes amigos. Os dois nasceram praticamente juntos. Mas na adolescência Alexandre foi embora, e fico desaparecido por anos. Mas um dia sem nenhuma explicação, ele retornou procurando seu pai. Acho que queria expandir os negócios algo do tipo. Ele se mudo para a casa ao lado, com seu filho de oito anos. Como era o nome do filho dele mesmo ---- ela faz uma pausa, tentando se lembrar

---- kai Yuri ----- a interrompo. Ela olha fixamente para o meu rosto

---- isso mesmo, você se lembra dele?

---- um pouco. A gente era amigos?

--- não querida, vocês eram mais do que isso. Eram almas gêmeas, não se desgrudavam nem por um minuto. Faziam tudo juntos.

---- o que aconteceu com ele?

---- bom, era quase natal você tinha quase doze anos. Eu me lembro daquela noite como se fosse ontem. os gritos

---- gritos? Do pai dele?

--- não. Eram os gritos do kai. Ele espancava tanto aquele garoto. Kai sempre aparecia com um hematoma novo. Eu sei que seu pai é horrível mel ---- ela segura a minha mão --- mas o pai dele, era o verdadeiro mal. Ele mereceu o que aconteceu com ele

--- você acha que foi o kai que o matou ?

--- ela abre a boca para falar, mas a fecha novamente, como se estivesse repensando ----- seja quem for o assassino, eu o agradeço por ter tirado aquele mostro do mundo

Minha cabeça ainda está girando, término meu chá. Então resolvo subir para desancar mais um pouco. mas antes que eu pudesse sair da cozinha. Minha mãe, me chama

---- mel? Você está tomando seus remédios?

--- estou mamãe

---- não pare de tomá-los, nunca --- então ela volta sua atenção para seu chá, que já deve estar gelado

Sigo para o quarto batucando sobre tudo o que ela me falo. Sinto pena do kai, ele deve ter sofrido. O pai dele mereceu o que aconteceu. ele era apenas uma criança, que não tinha ninguém para protegê-lo. Quantas coisa ele devia ter aguentado, para tomar a decisão de matar o próprio pai. Talvez ele só tenha se defendido. Fico imaginando todas as vezes que meu pai me bateu, e todas as vezes que desejei a sua morte. Eu não sou diferente do kai

Louco Por Você +18 [ Livro 1 ]Onde histórias criam vida. Descubra agora