𝟢𝟢𝟣, 𝗅𝗎𝗍𝗈

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𝐁𝐄𝐀𝐓𝐑𝐈𝐂𝐄

Eu precisava tirar essa dor de mim. Tentava me concentrar nos movimentos do meu corpo e na coreografia, mas minha cabeça só pensava na minha tia Lauren.
Eu estava colocando todos os meus sentimentos e tristezas na dança, até me machucar, até não aguentar mais essa dor.

Minha tia, que me acolheu quando minha mãe não me quis, que cuidou de mim desde bebê, que me ensinou tudo que sei, seja dançando as músicas mais clássicas do balé ou as mais agitadas e divertidas. E agora, ela se foi.

Pra sempre.

Tinha mil coisas passando pela minha mente, mas nesse momento eu só precisava me jogar em passos aleatórios.
Ou talvez tudo que estou fazendo seja em vão. Quanto mais eu danço para esquecer, mais eu lembro. Ela foi uma ótima professora, podia ser um pouquinho exigente, sempre me corrigindo, mas quem vai me cobrar e incentivar para que eu melhore meus movimentos?

— Ahh — resmunguei quando errei mais uma pirueta.

— Bea, você tá me ouvindo? — falou Guadalupe.

— O quê? Pode repetir, por favor?

— Que tal uma pausa? Você está ensaiando faz horas, não cansa não? A gente pode ir à cantina comer alguma coisa. O que você acha? — disse minha amiga, tirando sua sapatilha de ponta.

— Pode ser. A gente pode passar na sala de música e chamar a Gi — falei, enquanto pegava meu celular e via várias mensagens da Amélia perguntando se eu estou bem.

— Tem certeza de que você está bem? Pode conversar comigo se quiser. Estou sempre de coração aberto para te escutar e, se precisar, enxugar suas lágrimas.

— Eu sei. É que eu não estou sabendo lidar muito bem com isso. Tá tudo acontecendo ao mesmo tempo, e tem uma coisa que a tia Lauren me disse antes de partir que está me deixando pilhada.

— O que ela te disse?

— Que minha mãe teve os motivos dela e me disse para procurar uma carta no quarto dela, que tinha mais informações sobre minha mãe.

— E você achou a carta? Você quer conhecer sua mãe? — fez perguntas para as quais eu não fazia ideia das respostas.

— Não consigo entrar no quarto dela e, para ser bem sincera, acho que não. Não quero conhecer aquela mulher. Ela me abandonou, não me quis. Ela não me quis anos atrás, imagina agora. Não vou mexer no passado.

— Acho que você sabe o que é melhor para você, Bea. Você feliz me deixa feliz também — disse, sorrindo na última parte. — Amigas servem para isso: apoiar nos momentos felizes e nos tristes também.

— Obrigada, Lupe — falei, abraçando-a. — Agora vamos. Prometi para a Amélia que não chegaria tarde hoje.

— Tá bom.

Tirei minha sapatilha e troquei por um tênis. Coloquei um blusão por cima do collant e um short legging preto, peguei minha bolsa e fui para a área de música junto de Guadalupe buscar nossa amiga para comermos.

 Coloquei um blusão por cima do collant e um short legging preto, peguei minha bolsa e fui para a área de música junto de Guadalupe buscar nossa amiga para comermos

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𝐀𝐔𝐆𝐔𝐒𝐓, 𝗍𝖺𝗒𝗅𝗈𝗋 𝗌𝗐𝗂𝖿𝗍 (𝐏𝐀𝐔𝐒𝐀𝐃𝐀)Onde histórias criam vida. Descubra agora