Jenlisa - I See Red

Chapter Twenty-Four;

Não adianta chamar

Quando alguém está perdido

Procurando se encontrar

Ovelha negra - Rita Lee

Vejo Lisa se calar por alguns segundos, engolindo seco e olhando para a mesa de tatuagem ao nosso lado. Depois de um momento, ela pronuncia algumas palavras olhando em meus olhos agora.

Lisa - Eu não tenho.

- Não tem...?

Lisa - Não - Ela diz seria. - Eu não tenho uma família. Eu os perdi quando tinha oito anos de idade.

- Eu...sinto muito...

Lisa - Tudo bem...

Suas mãos me puxam mais pra perto, me apoiando em seu peito enquanto me aconchego em seus braços que se passam delicadamente em minha volta.

Lisa - Você e a primeira pessoa que me faz pensar neles outra vez. E estranho, não deprimente.

- Não sente falta da sua família?

Lisa - E meio difícil dizer quando tudo o que me lembro e das brigas e abusos sobre mim. Não era uma família perfeita, eles eram tóxicos até os ossos. Ainda assim, era a única que eu tinha.

Ouvir tudo aquilo me deixava um pouco pra baixo, era difícil saber seus sentimentos, ela parecia ter passado por tanta coisa e ainda assim, ter superado tudo da pior forma possível para que ficasse assim, tão séria sobre o assunto. Tento acalmar seus nervos, tocando com suavidade seu braço.

- Eles sumiram?

Lisa - Eles estão mortos.

- Foi um acidente? - Pergunto, olhando para ela.

Lisa - Foram assassinados. Um conflito político no meu país, trouxe benefícios para uns, e tanto caos para alguns.

Minha expressão muda, me deixando surpresa com sua fala. Eu não imaginava que isso poderia ter acontecido, vejo Lisa ter uma expressão indecifrável no rosto agora, algo como a mistura de frustração e raiva.

- Lisa...

Lisa - E impressionante, o quão hipócrita o ser humano pode ser - Ela diz desacreditada, com um sorriso claramente raivoso nos lábios - Dizem querer a paz, mas precisam destruir vidas para isso...e assim que a paz deveria se parecer? Com a destruição?

Eu não sabia o que responder, tudo o que ela dizia parecia ter algum sentido, talvez ela estivesse certa. Me levanto vagarosamente do seu peito, olhando diretamente em seus olhos.

- E isso o que acha?

Lisa - Foi isso o que eu tive que aprender. Eu acredito que cada um tem a sua diferente visão do que seria a paz, mas destruição... nunca será a paz de ninguém.

- Eu entendo...- sorrio levemente acariciando seu rosto. - Sabe o que também entendo?

Lisa - O que?

- Que eu sei muito bem como acabar com a sua raiva agora...- Digo me aproximando de seu rosto aos poucos.

Lisa - Eu não estou raivosa...

Vejo ela me olhar confusa sobre minha fala e atitude, eu apenas sorrio, deslizando delicadamente minha mão sobre seu abdômen até chegar em sua intimidade, pressionando devagar por cima do couro da calça.