:: Capítulo 13 ::

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 [ continuação ] 

 "Ele me salvou hoje duas vezes... e acabou se ferindo por minha causa" disse eu enxugando as lágrimas no rosto enquanto observava a senhora colocá-lo na cama

  "Como você se chama mocinha?" perguntou ela olhando para mim

  "Pansy..."

  "Pansy, meu filho é muito gentil... acredito que ele tenha gostado bastante de você, eu vejo que você também é uma pessoa boa... por trazê-lo até mim..."

  "Como a senhora se chama?"

  "Meu nome é Lucy mas pode me chamar de Lu"

  "Senhora Lu, obrigada pelo que disse... mas eu me sinto tão chateada agora"

  "Não se preocupe minha filha, ele ficará bem se você ficar aqui"

  "Mas..."

  "Eu irei buscar algumas ervas para ele, me espere aqui"

  "Está bem".

  Lucy tinha acabado de sair quando me aproximei da cama e o observei, peguei um grampo afiado de cabelo e coloquei em seu ferimento para examiná-lo. Para minha surpresa estava envenenado, o que mais eu poderia fazer para eliminar o veneno antes de fazer efeito? 

  Não tive outra escolha, seu corpo estava cada vez mais frio e seu rosto pálido, apenas me esforcei e comecei a remover o veneno com minha própria boca, jogando-o no chão e repetidamente até perceber que a cor azulada já não marcava mais presença no ferimento em suas costas. Minha boca repleta de sangue foi limpa com um lenço, mas senti meu corpo esquentar e então meus olhos se fecharam. 

   Não sei quanto tempo passou até que eu acordasse, mas senti que meu corpo estava melhor e mais forte que antes. Deitada na cama sobre um lençol alaranjado, o sol entrava pela pequena janela de madeira e iluminava todo o quarto, com uma suavidade de luz em meu rosto ouvi o canto dos pássaros e sons de alguns passos chegando, era ele.

  Aos poucos ele se aproximou da cama e se sentou na beirada, com uma tigela e uma colher

  "Como está se sentindo?" perguntou ele

  "Bem melhor... quanto tempo eu dormi?"

  "Dois dias seguidos..."

  "Hã? Tudo isso...?"

  "O veneno era muito forte mas você se esforçou para removê-lo do meu corpo"

  "Eu só queria... retribuir sua gentileza..."

  "Obrigado, eu queria ter algo valioso para lhe dar"

  "Você é valioso o suficiente... não se preocupe com isso"

  "Então... eu me entrego a você" disse ele com um sorriso

  "Pare com isso... eu sou tímida..." disse eu sorrindo

  "Afinal, onde está sua mãe?" continuei

  "Ela saiu para procurar lenha" disse ele

  "Ah... ela é tão gentil, assim como você"

  "Soa tão bem quando diz isso..."

  "Está bem, me dê o remédio..."

  "É um pouco amargo... você se importa?"

  "Não me importo, já comi e tomei coisas piores..."

  "Você deve ter uma vida difícil... não é?"

  "Sim..."

  O observei colocar todo o remédio da tigela na boca e em seguida, a colocou na mesinha ao lado cama. Seus lábios tocaram os meus e engoli o remédio, como ele havia dito, muito amargo, mas que com seu beijo se tornou doce. 

VIVER OU AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora