༻Capítulo 1 ༺

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—Vamos, Elisa, é a sua vez de apresentar o trabalho. — A professora Beatriz conserta o seu óculos demonstrando total impaciência.

Três batidas são emitidas do lado de fora, a diretora Alice entra na sala, o que faz a professora de história consertar sua postura e forçar um sorriso falso.

— Espero que eu não esteja atrapalhando sua aula, essa é a aluna nova — Suas duas mãos estavam sobre o ombro de uma garota meio desajeitada, seu óculos era um tanto esquisito, mas seu cabelo ondulado estava totalmente arrumado — Turma essa é a Angelina.

— Seja bem-vinda, Angelina — Todos disseram em uníssono.

— Vá se sentar querida, ali tem um local vazio — Nunca vi alunos entrarem quase perto do ano letivo acabar, e por coincidência ela senta ao lado da minha mesa.

Respirei aliviada em não ter que apresentar o trabalho  quando o sinal tocou, minhas mãos estavam trêmulas, meu coração batia desreguladamente, todos saíram para o recreio menos a novata, seus olhos cor de safira fixaram nos meus, e algo me fez ficar sem graça.

— Oi — Digo toda sem jeito, sentando ao seu lado — Me chamo Elisa — Estendo minha mão para  ela.

— Angelina — Seu aperto de mão é firme e ela abre um lindo sorriso.

— Então a quanto tempo está na cidade ?

— Desde quando nasci, mas se sua pergunta é porquê está aqui perto do final do ano, a resposta é simples: Estava sofrendo bullying. —Bem direta, gostei dela.

Fiquei sem reação, olhei para ela de cima a baixo, eu não tinha tantos amigos, ninguém nunca sentava com a Olívia palito da sala, eu compreendia o que era passar por isso tudo, mas me calava meus pais não tinham tempo pra esses assuntos e a governanta nem ligava pra nada.
E ali naquela sala encontrei minha melhor amiga.

11 anos depois

Reluto comigo mesma para abrir os olhos, ouvindo o som irritante do despertador, queria ficar mais uns dez minutos na cama, não vejo a hora dessa  formatura chegar, o que tecnicamente só falta um mês, entretanto parece durar uma eternidade.

— Levante-se querida, Angelina está lá embaixo lhe esperando — Mamãe abre um sorriso bobo ao passar pela porta, e eu sei o que ela quer insinuar, apenas reviro os olhos.
Sei que ela já está de saída, encontra-se vestida em seu jaleco.

— Vinte minutos e eu desço — Digo levantando, deixo a cama arrumada e sigo para o banheiro.

Fico na frente do espelho, admirando meus cachos dourados, combinado com meus  olhos castanhos.

Minha vida não é ruim, longe disso, mas às vezes tem aquele vazio, nem eu mesma sei o que me falta, meu pai é empresário quase não sei o que é ter sua presença em casa, ou quando conseguir superar meu medo de falar em público na apresentação dos dias dos pais, ele não estava lá, isso já faz onze anos.

Tem noites que a ansiedade chega a me sufocar, e eu grito em silêncio apenas deixando as lágrimas falarem por mim, eu nunca consigo ter uma conversa com a minha mãe, ela sempre anda ocupada, mesmo essa casa sendo enorme e cheia de pessoas trabalhando, eu me sinto só, mas não quero falar como me sinto, eles vão achar que é pra chamar a atenção que eu não tenho.

Minha mãe é médica, nem para tanto em casa, mas se esforça para estar presente, aprendi a me virar sozinha desde cedo. Até a Angelina aparecer e colorir meus dias com sua amizade.

Desço as escadas e sinto o perfume de Angelina inundando o ar, balanço a cabeça tentando esquecer esse cheiro, que na maioria das vezes me irrita.

— Oi — Faço gesto pra
se ela sentar ao lado do balcão da cozinha.

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⏰ Última atualização: May 01 ⏰

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