I: home

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Lar. Esse era o destino naquela tarde, em um voo de volta a Miami. O final do verão presente nas folhas que começavam a cair das árvores ainda marcava a estética da cidade de Nova York quando o avião decolou no início daquele dia ameno de setembro, levando para casa seis pessoas cansadas de uma agenda tão cheia e exaustiva. Assim que chegaram na Flórida, o pôr-do-sol começou a exibir sua beleza no horizonte, como se lhes desse boas vindas após o tempo que haviam passado fora. Não demorou muito mais para que pudessem, finalmente, sair do avião e tocar o solo do qual tanto sentiram falta. Estavam de volta.

Os últimos meses, naquele ano, vinham passando de forma rápida e completamente movimentada para os jovens dançarinos. Rodar o país com apresentações e cumprir a agenda de compromissos não era exatamente fácil, mas era o preço que tinham de pagar pelo crescimento exponencial que estavam tendo. O grupo havia atingido o reconhecimento desejado e podia viver da arte de forma mais tranquila. Estavam entre os melhores grupos de dança da atualidade e a estampa de seu nome por todo o país confirmava esse fato: Color Crew era talento, identidade e dedicação.

Após o êxito na competição estadual de Miami, o até então septeto viu o sucesso se aproximar de maneira assustadoramente rápida. A notoriedade se espalhou pela cidade e, em semanas, o nicho de dança da Flórida já comentava incessantemente sobre eles. Com a assinatura de um contrato, as apresentações tão bem trabalhadas e cheias de fervor, integrantes entregues e a singularidade que possuíam quando juntos, a ascensão chegou ao âmbito regional e nacional meses depois. Daí em diante, era difícil conseguir algum espaço para respirar ou estar com suas famílias tanto quanto gostariam; as propostas de trabalho apenas se estendiam e os ensaios, compromissos, gravações e competições eram rotina. Color Crew se tornou representação e inspiração ao longo dos anos.

O primeiro ano de crescimento voou como uma flecha diante dos olhos deles e foi quando engataram em direção ao sucesso. No ano seguinte, as coisas começaram a mudar dentro do grupo. Com o reconhecimento crescente e a agitação rotineira, a tensão em alguns membros e a mudança de ideia em relação ao futuro, foi inevitável. Assim, Claire e Josh deixaram o grupo ao fim do primeiro contrato. A irmã mais nova de Alex foi a primeira a tomar a decisão, pois sentia falta de sua família e a distância a longo prazo não lhe faria bem. Para Josh, a pressão ou a saudade de casa não importavam muito, mas seu coração mudou de direção: decidiu que dançar era um hobby e preferiu tentar uma nova paixão, que era cursar cinema.

Mesmo lamentando a partida de dois membros, os outros cinco decidiram iniciar meses depois uma procura por novos integrantes e obtiveram uma resposta positiva: diversos dançarinos fizeram os testes, vindos de diferentes cantos do país. Dessa forma, em poucos meses a história de Anika se cruzou com a do grupo, que encerrou a busca depois de perceberem que não precisavam de mais ninguém além da jovem mulher – estavam completos novamente. Eram, por fim, um sexteto e uma família.

Ali estavam, enfim, caminhando juntos para fora do avião depois de um verão cansativo e extenso, prontos para descansar e aproveitar o período mais sossegado que teriam em meses. Carl, Alex, Benny, Diana, Anika e Matthew não tinham pressa – caminhavam devagar, conversando sobre a longa viagem e sobre o que fariam agora que estavam de volta –, mas também não demoraram a chegar até o edifício do aeroporto. Assim que saíram do portão de desembarque, não foi preciso muito tempo para que avistassem um rosto familiar e ansioso à espera deles: Jessie praticamente pulou da cadeira onde estava sentada assim que percebeu a presença dos seis.

O sorriso que iluminou não apenas o rosto dela, mas de todos eles, foi o suficiente para que esquecessem de todo o cansaço e se animassem ainda mais. Embora a aparência dela estivesse levemente mudada com o corte do cabelo encaracolado na altura do ombro e algumas luzes que iluminavam suas madeixas castanhas, ela tinha a mesma aura cativante de sempre. A moça correu até eles quase saltitante e Carl fez o mesmo, tomando a frente do grupo para poder segurá-la. Quando Jessie o alcançou, jogou seus braços ao redor de seu pescoço, ao passo que ele a tirou do chão, num abraço rodopiante como em uma cena de filme.

I WANNA BE YOURS IIWhere stories live. Discover now