Aviso de gatilho.
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À medida que os anos transcorriam, o advogado de cabelos soturnos mergulhava gradualmente na penumbra de sua solidão. Talvez desde o princípio, apenas talvez, sempre tenha preferido a reclusão, ciente de que poderia proporcionar a si mesmo todos os matizes emocionais que indivíduos dispensáveis também poderiam, mas jamais cogitaria estabelecer novos laços após as cicatrizes que ameaçaram enlaçar seu coração, tornando-o volúvel, contudo resiliente e dominador, mantendo-se perpetuamente em estado de vigilância, quase que um conflito interno que buscava atenção aos pequenos atos dos seres ao redor.
Talvez ele estivesse equivocado, seu coração já estava enredado pelos laços do passado quando mergulhou de forma imersiva em sentimentos vivenciados.
Ao mudar-se para outra cidade, buscando um recomeço de seu ser, motivado pela proposta oferecida por um renomado escritório de advocacia, prontamente aceitou, vislumbrando assim a oportunidade de desvencilhar-se do intrincado novelo de problemas que sua vida acumulara desde o dia de seu nascimento.
E por onde poderia iniciar? Enquanto se encaminhava para sua nova residência, naquele majestoso edifício, qual apartamento seria mais apropriado para sua existência, aos seus olhos.
Segurava junto ao corpo uma volumosa caixa contendo seus pertences mais preciosos: seus livros. Era isso que, em sua mente, deveria ter prioridade dentro do novo lar, que, com o tempo, estaria completamente mobiliado e adornado.
Ao se aproximar da entrada do elevador, pôde reagir apenas quando seus livros já estavam no chão. Um jovem de estatura reduzida e rosto levemente arredondado, com seus olhos diminutos e escuros que pareciam inquietantemente agitados, proferiu desculpas em um tom trêmulo, quase em sussurro, antes de continuar correndo para fora do prédio.
O jovem, que aparentava ter descido em minutos diversas escadas do imenso edifício como se tivesse participado de uma maratona, surpreendeu Jeon. Este que tentou evitar comentários enquanto sua expressão se contorcia em uma careta de fúria pelos bens preciosos espalhados pelo chão.
Quando ele seguiu em direção ao elevador, segurando agora, com renovada firmeza, a caixa de livros, pressionou o botão do penúltimo andar.
Adentrou o corredor que o conduzia até sua nova moradia, retirando em seguida as chaves do bolso e as introduzindo na fechadura da porta, girando-as e aplicando-lhe um leve impulso para abri-la com maior pressa.
Uma vez dentro do espaço vazio e silencioso de sua residência, inspirou profundamente, preparando-se para o árduo dia que se aproximava.
Já ao entardecer, Jeongguk encontrava-se exausto. Com auxílio de alguns ajudantes, procedeu à lenta disposição dos móveis que trouxerá consigo de Busan, pondo fim ao seu estado entusiasmado para limpeza, de tanto transportar e organizar caixas e materiais pessoais.
Jeon dedicou especial atenção à meticulosa limpeza do ambiente, acreditando que a ordem e a assepsia eram fundamentais para alcançar um estado mental confortável consigo mesmo.
No momento de recolhimento, seus pensamentos eram inevitavelmente atraídos para Mingyu, o jovem de cabelos cor de chocolate que revelou a Jeongguk a impossibilidade de confiar nas pessoas, e que também o introduziu aos aspectos mais sombrios da realidade em que viviam.Deslizando sua mão pesada pela testa, ele fechou os olhos e se culpou por todos os erros cometidos durante aqueles dias infernais ao lado de Mingyu.
Seus devaneios foram interrompidos pelo som estridente da campainha, instigando nele um resquício de coragem para interagir com algum "vizinho".
Exatamente como havia imaginado, sua vizinha, chamada Kim Su-n, surgiu à sua porta com alguns muffins, aos quais ele cedeu relutantemente, mantendo uma conversa breve e asperamente, com seu tom ríspido, mas educado.
enquanto sub-repticiamente apropriava-se de alguns muffins para garantir sua sobrevivência. Foi então que, mais uma vez, os olhos curiosos e redondos como duas pequenas bolas de gude percorreram o jovem com quem havia esbarrado naquela manhã, antes que ele desaparecesse em meio à excitação e à pressa.O pequeno garoto se escondia atrás de sua mãe, a vizinha que exibia um largo sorriso ao apresentar o menino, que permanecia recatado.
Jeon Jungkook era um homem curioso, ainda que não o demonstrasse devido ao seu firme autocontrole, agia impulsivamente em certas situações.
Ao ajustar sua postura descontraída na porta e ainda segurando os pequenos bolinhos, ele baixou os olhos lentamente até a estatura do garoto, podendo observar sua vestimenta infantil, seus joelhos um pouco ralados e seus pés atrás de duas meias vermelhas.- Conheço seu filho, Senhorita Kim. Na verdade, ele derrubou todos os meus livros no hall de entrada do prédio - indagou jungkook
- O que? Hoseok esteve implicando com o senhor? Perdoe-me, ele é um garoto doce, mas a agitação o toma, e bom, espero que ele não tenha danificado seus livros, eu posso pagar tudo!
- Não precisa se preocupar. Meus livros não chegaram a estragar; creio que ele não teve culpa - tranquilizou a mais velha.
Crianças, crianças eram o puta ponto fraco de Jeongguk. Mesmo que pudessem danificar qualquer coisinha com suas pequenas mãos, ele nunca conseguia demonstrar sua carranca para elas. Desenvolveu um coração terno para essas criaturinhas quando Mingyu expressou o desejo de ter filhos com Jeon. Isso o fez cair de amores e começar a buscar por crianças para adoção, almejando surpreendê-lo com um aumento na família.
Na tranquilidade da noite, Jeongguk já havia degustado aqueles bolinhos acompanhados por um delicioso café. Sua morada, com poucos móveis, ainda exalava um toque de aconchego, e ele aproveitou o momento para finalmente recolher-se em sua cama, após um relaxante banho de água quente. Vestindo um pijama confortável, seu quarto permanecia arejado, com o ar-condicionado gradativamente refrescando o ambiente, ajustado para a agradável temperatura de 20 graus.
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Jeon aguardava a chegada de Mingyu para que pudessem ir juntos a um restaurante que ele havia reservado para ambos, certificando-se de segurar firmemente o par de alianças na pequena caixinha envolta por um veludo avermelhado.
Assim que o jovem de cabelos castanhos entrou no carro, distraído enquanto procurava algo em sua carteira, despertou do transe ao ouvir um sussurro chamando sua atenção.
Quando Mingyu encontrou os olhos escuros de Jeon, seu olhar desceu para a pequena caixa, levando-o a soltar alguns suspiros pesados e recuar, Passando ambas as mãos ao rosto enquanto segurava as lágrimas.
- Por favor, aceitaria se casar com este humilde homem? - murmurou Jeon, com um tom de voz macio.
Mingyu estava trêmulo, aproximando-se novamente do parceiro para abraçá-lo com fervor e chorar em seus braços, repetindo diversas vezes um "sim" emocionado.
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Foi então que Jeon acordou, surpreso. Não que não estivesse acostumado; quase todos os dias as memórias vividas com aquele rapaz ou pessoas do passado apareciam em seus sonhos, afetando consideravelmente seu humor matinal.
Sem paciência para buscar significados para esses "pesadelos", ele se levantou e dirigiu-se ao banheiro para acalmar a mente com um banho de água gelada.
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Finalizando por aqui, espero que desgustem dessa escrita passiva.
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INCÓGNITO. [ THV & JK ]
FanficQuando um homem destinado a viver com a melancolia em seu peito se depara com o destino que revira sua história. Jeongguk será capaz de encarar o destino?