LAÇOS DE SANGUE: o casamento do Fantasma e da Noiva da Camorra

Capítulo Um - O acordo

Seis meses atrás

Domenico Santoro

"- ...Bom dia, estou aqui no bairro de Summit Square, em Las Vegas, conhecido por ser uma área comercial movimentada. Hoje pela manhã, a polícia foi acionada após denúncias de que corpos estavam espalhados pelo estacionamento subterrâneo de um dos prédios comerciais. Investigadores suspeitam que este seja um resultado de conflitos entre organizações criminosas rivais. Até o momento, os responsáveis não foram identificados..."

     Desliguei a televisão.

     Estava surpreso com a proporção do fracasso de Antônio Morello em proteger seu território. Era de se imaginar que ele estaria sempre um passo à frente de seus inimigos, mas não poderia estar mais errado. Os italianos de Chicago estavam trucidando os Camorristas e roubando seu território, e eles mal podiam detê-los.

     Não deveria ser do meu interesse o que acontecia com pessoas que não eram meus aliados. No entanto, com a guerra acontecendo, percebi que os italianos de Las Vegas possuíam algo que me interessava. Com a ausência dos russos da Bratva em Nova York, as rotas que estavam abandonadas, decidi assumi-las para transportar minhas mercadorias. Era para ser temporário, mas com o tempo percebemos que elas serviam ao propósito. Agora, estamos novamente em uma situação que precisa ser solucionada e depende da minha escolha: entrar em uma guerra com os russos ou tentar negociar com alguns aliados.

     Contudo, o único homem que poderia dar o que eu preciso está agora em guerra. E o pior, está perdendo. Os problemas estão se acumulando e não vejo nenhuma solução à vista. O noticiário me deu uma luz no fim do túnel. Com certeza, as coisas acabarão por se resolver e eu estarei a caminho de fazê-las.

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Uma semana depois

     Observei meu irmão, Emílio, adentrar meu escritório enquanto analisava a contabilidade do último mês. Os números estavam bons, mas não chegavam perto dos últimos resultados, quando transportávamos o dobro de mercadorias pelas rotas da Bratva. Precisava resolver a porra desse problema antes que abalem ainda mais os negócios.

- Trago boas notícias. - falou, sentando no sofá à minha frente.

- Espero que sejam boas o suficiente. - esfreguei os olhos. O cansaço de noites em claro à procura de alternativas cobrava seu preço. - Quais são essas notícias?

- O chefe da família de Las Vegas entrou em contato na esperança de conseguir falar diretamente com você. - disse, animado.

     Era bom saber que poucos conheciam minha verdadeira identidade no crime organizado. Com tantos inimigos espalhados, era vantajoso manter minha fisionomia guardada a sete chaves, deixando apenas membros da famiglia e alguns aliados de confiança cientes. Eram escassos os aliados que lidavam diretamente comigo nos negócios; geralmente, mandava meu consigliere e braço direito, Orsino Ferretti, ou meu irmão Emílio. Dependia do assunto a tratar.

- O que ele queria? - perguntei.

- Falar com você, obviamente. Mas deixei claro que você não estava disponível para falar com ninguém e logo ele pediu por uma reunião com você. - respondeu, sorrindo com interesse. - Informei que deixaria você saber disso e entraria em contato dependendo da sua decisão.

Interessante.

- Ele não demorou muito. - levantei da minha cadeira e peguei meu blazer, vestindo-o. - Marque com ele no restaurante da Nonna. Quero apenas um homem comigo, não acho que ele vá tentar algo estando em guerra contra outra família.

- Vou providenciar isso.

     Saí do escritório com Emílio atrás de mim. Fui na direção da cozinha e ele seguiu para a porta de entrada. Normalmente, vou até o escritório do meu complexo, mas tenho estado mais em casa nos últimos dias. Sentia que algo estava prestes a mudar na minha rotina, só não sabia ainda o que era.