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— Vamos.— disse uma mulher de longos cabelos vermelhos ondulados. Sua pele era alva, seus olhos de ébano eram um belo charme, mas seu tom ríspido solidifica qualquer coração que sua beleza uma vez houve de derreter.

—...Tenho mesmo? Quero dizer, podemos simplesmente-— acabei por ser interrompido.

— Daria até seus ossos por uma única chance de voltar para casa com vida, Daemon.— sua fala curta e seca era comum, tal como o ar que respirava.

— Casamento? Sério? De que vale um bastardo na cama em vez de um herdeiro na mão?. — grande parte de minha relutância vinha de um simples fato: ter sido "vendido" a casamento com um homem de um povo das terras sombrias. Não era exatamente esse o fim que imaginava para minha vida, com certeza, entretanto, bastardos ou morrem ou aceitam as condições.

— Vamos, eles não vão esperar por muito tempo.— ela se vira à porta, e fala por cima de seu ombro. — Torça para que gostem de você. Ganharemos navios e servos se feito.— ela diz.

O dia era bonito em Luther kart, terras além do mar da tempestade e além do deserto de ossos. O brilho do sol era ofuscante e batia em meus cabelos loiros, tão claros como a neve, meu olhar azulado observa a guarda do lugar se estender até a entrada da cidade, preparados para receber ele, a pessoa para qual realmente fui vendido.

Após alguns minutos, cavalos eram escutados à esquina do castelo. Meu coração disparava; apreensão, medo e talvez, um pouco de curiosidade. Pelos  Deuses, quem era esse cara?

Quanto mais pensava, mas esquecia onde estava; até que me recordo, quando o vi em seu cavalo. Seus cabelos longos, presos em diversas tranças, que se trançavam em uma única. Cabelos negros como a noite, pele escura como índigo, e olhos amarelos, dourados como de um gato. Seu corpo era tonificado e ele vestia roupas estranhas, pelo menos aos meus olhos, mas não deixavam de ser adequadas a ele, com certeza não deixavam.

Seu cavalo para e ele me olha; dois segundos, ele me olhou por exatos dois segundos, uma eternidade diria. Entretanto, ele logo se vira e sai com seu cavalo.

Eu estava estupefato. Confuso com a reação e logo me viro para Damsel.

— O que? — eu falo, confuso, quase ultrajado.

— O que? — ela responde com a mesma pergunta.

— O que foi isso? Ele gostou de mim? Ele decidiu que não vale vem a pena ficar aqui para ver???— eu falo, quase indignado.

— Ele gostou de você, saberíamos se não tivesse, acredite.— Damsel fala, tranquila. Ela então vai até o cavalariço do homem (que a pouco descobri que seu nome era Amon), e pega as rédeas de meu cavalo nas mãos e se aproxima de mim com ele. — Vamos, ele irá te esperar na saída da cidade, para irem em direção à Murmuhah.— ela diz, me ajudando a subir no corsel.

Eu suspiro e acato. As rédeas de meu cavalo eram guiadas por um dos homens de Amon, me levando calmamente até onde ele se encontrava. Ao chegar, eu vi. Um grande píer iluminado, banhado pelos mares de cristal, da baía da pérola, onde ficava nossa cidade. Areias negras, mas banhadas por um mar azul cristalino. A brisa quente batia em meu rosto.

Eu fecho meus olhos, sabia que sentiria saudades daqui. Mesmo que aqui não seja meu verdadeiro lar, aqui foi onde cresci, um lugar abençoado pelo sol e banhado pelo mar.

Eu o olho e ele não olha para mim. De certa forma, não me importava, já que não era decepcionante um homem que estou casando por interesse não me ame ou esteja de fato interessado, mas me incomoda o fato dele nem sequer tentar em interagir.

Ele então começa a cavalgar até os navios no píer, onde vários servos se encontravam aguardando. Ele desce do cavalo e me segura pela cintura.

—O-ouh!!— eu fico quase apavorado. Ele estava me erguendo pelos quadris, me retirando de meu cavalo e me carregava  em estilo noiva, mesmo assim, era bruto e rígido, parecia que não confiava em meus próprios pés. Com certeza pensava que nem sabia andar direito.

Ele me carrega até o barco e me põe no chão no exato momento que subimos no convés. Ele me colocou em meus próprios pés novamente e saí, indo diretamente para sua cabine. Duas mulheres chegaram enquanto Damsel se aproximou.

— Elas estão aqui para te arrumar para a cerimônia. Os Murmuhianos estão com pressa por causa da situação política do país, então farão a cerimônia aqui mesmo.— Damsel explica, como se fosse de fato muito interessante, mesmo quando eu sabia que ela odiava me arrumar.

— Só espero que mantenha minha dignidade...essas mulheres daqui usam roupas um tanto..."vulgares", suponho.— falo no ouvido dela. Mesmo sabendo que nenhum dos Murmuhianos entendiam minha língua, ainda gosto da minha cabeça conecta ao meu corpo, qualquer deslize é arriscado.

—Bem, se acostume. Você pode até ser um homem, mas agora é a Mahih deles— ela fala.

— Seu apoio me comove.— revirar os olhos se tornou mais recorrente que nunca desde que Damsel começou a me servir. Nossa relação era um tanto caótica, para dizer o mínimo. Eu me dirijo junto com as duas mulheres até a cabine que foi dirigida apenas para me arrumar, já que eu ficaria com Amon após a cerimônia.

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As próximas três horas foram um porre. Após o grande banho de ervas, a depilação, lavagem, roupas e acessórios, foram 2 longas horas de duelos até a morte em comemoração ao casamento. Segundo Damsel, um casamento Murmuhiano sem pelo menos 6 assassinatos, é um casamento destinado a ruína. Enquanto eu queimava meus neurônios para tentar não me sujar com o sangue e me manter "glorioso", eu também estava me esforçando para manter a calma ao lado de Amon. Sua aura de seriedade e desagrado era notória ao ponto de quase me fazer passar mal.

Ao passar de todos os ritos cerimônias, chegou a fatídica hora. A hora que eu temia e não poderia fazer nada.

A consumação.

Não é como se eu não soubesse o que fazer na teoria, mas teoria e prática são totalmente diferentes. Não tenho nenhuma experiência e sinceramente, pelas coisas que ouvi sobre os homens desse povo, eu gemia por mim mesmo nessa noite.

As duas mulheres de mais cedo, que descobri os nomes: Macaria e Lyssa, me arrumaram para esse momento. Uma roupa da qual se eu chegasse em um local, com certeza seria confundido com uma prostituta masculina. Eu estava sentado sobre a cama de Amon em sua cabine, de costas à porta, até que escuto a mesma ser aberta.

Passos, passos que vinham até mim e um breve sobressalto de meu coração quando sinto a cama afundar quando ele chega mais perto. Meu coração ia a mil, não por excitação, mas por medo; um pavor crescente que corria como adrenalina por minhas veias. Sentia que cairia desmaiado a qualquer momento.

De repente, tudo ficou turvo. Dor, lágrimas, sangue. Era brutal. Ele havia de ter rasgado minhas roupas e agora estava lá, violando e caçando. Suas mãos que me seguravam como se fosse um animal, seus movimentos que causavam solavancos na cama, seu toque áspero que me marcava e machucava. Doía, e eu sabia, sabia que se gritasse ou chorasse iria ser pior, eu sentia. Eu sabia que aquela agora era a realidade em que comecei a viver.

Eu mordia meu lábios para não atiçar sua raiva com meus gemidos de dor, eu curvava minhas costas para não olhar em seus olhos e eu suplicava mentalmente para que aquilo tudo acabasse de uma vez.

Vai e vem, vai e vem, vai e vem, sem parar, nunca para, sempre vem e vai.

Sentia que doía, sentia escorrer, não dele, mas de mim. Escorrendo como água, mas aquele cheiro enferrujado era a confirmação da minha angústia.



Tempo, durou muito tempo, muito tempo, tempo demais. E quando se satisfez, ele saiu; me largou, me jogou e saiu de lá, sem olhar para trás.

Sozinho, eu estava sozinho, não tinha ninguém; largado, eu estava largado...

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⏰ Última atualização: May 14 ⏰

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