Era difícil assumir para mim mesmo de que depois que ele se foi, tudo ficou mais difícil.
Jungwon era pra mim tudo que eu tinha, tudo que eu precisava. Ele me fazia bem. Sua presença me mantinha bem. Apenas sua companhia era capaz de fazer coisas que ninguém imagina o tamanho.
Mas ele se foi.
Jungwon ajudava tanto as pessoas que esquecia de se ajudar. E eu me culpo cada dia por não ter o ajudado o quanto ele me ajudou.
Mas a vida não continua. Não sem ele.
Conheci ele quando era apenas um garoto. Embora tivéssemos uma diferença de idade, eu sabia que ele era mais maduro e responsável que eu. Sua idade era apenas um número. Nos conhecemos em uma praia em santa mônica, ele estava lá comemorando com seus amigos sua entrada na universidade. E eu? Bom, estava lá curtindo com uns amigos também. Mas diferente dele eu não comemorava nada.
Me lembro bem do quanto ele estava feliz, sorria o tempo todo, contagiava todos com sua espontaneidade.
Me questionei o quão louco ele era por estar com um suéter na praia, ri de alguns pensamentos mas com o tempo descobri suas inseguranças com seu corpo. Ele não gostava de sua estrutura física, nem da cor pálida de sua pele. Ele não gostava mas eu amava, e o ensinei a amar também. Ele não tinha defeitos.
Mais pra' frente viramos um grupo de sete, com três garotos que estavam ingressando na universidade e quatro adultos que não tinham nada melhor para fazer na vida a não ser explorar cada canto desse mundo, agora juntos com um propósito.
Depois de alguns meses juntos fomos todos para Nova Iorque. Lá descobri que Jungwon não sabia andar de bicicleta. Seu olhar era triste vendo todos os cinco com suas bikes e ele não conseguia. Demorei até fazer ele confiar de que eu não derrubaria ele, então eu pilotava e ele estava agarrado em minhas costas, enquanto todos nós percorríamos a grande metrópole pedalando. Me recordo como se fosse ontem de seus sorrisos e gargalhadas, do vento bagunçando seus fios ondulados e escuros. Da sua liberdade e do quanto estava feliz por não se sentir excluído de algo que o grupo fazia.
Jungwon era alguém que cuidava dos outros e escondia que precisava ser cuidado.
Durante todos nossos nove meses juntos eu guardei muitas experiências, e repeti algumas que foram bem melhores ao lado dele.
Durante o tempo em que estávamos em Las Vegas ele me pediu para andar em uma roda gigante, dizendo que sempre teve vontade mas que tinha medo de altura. Meu pequeno compartilhava comigo todas as suas vontades e sonhos, e eu queria poder realizar cada um deles.
Falei para Jake e Sunghoon que o levassem para algum outro lugar enquanto eu ia atrás de realizar mais uma vontade do meu menino. E fui atrás.
Não foi fácil conseguir ingressos para o passeio na roda gigante, ainda mais quando pedi aos responsáveis para que nos deixassem sozinhos em uma cabine, e depois de quase uma hora tentando eu havia conseguido. Naquele momento senti uma felicidade muito grande, felicidade por saber que eu faria o meu menino feliz.
Então voltei para onde os seis estavam. Os olhos de Jungwon brilhavam para as luzes da cidade, seu sorriso também iluminava muita coisa. Me aproximei dele o abraçando e logo tirei os ingressos do meu bolso para mostrá-lo.
Seus pequenos olhos dobraram de tamanho, seu corpo colou ao meu até eu precisar segurá-lo como uma criança. Ouvi diversas vezes sua voz doce me agradecendo, mas na verdade eu quem precisava agradecer, agradecer por ter ele em minha vida.
Ficamos por um bom tempo abraçados até ele descer do meu colo e perguntar quando que iríamos e sem demorar eu o guiei até o local.
Conforme o brinquedo subia ele apertava mais minha mão, eu acariciava suas costas para acalmá-lo. Em nenhum momento ele tirou os olhos da bela vista que tínhamos lá do alto. Ele observava tudo, cada canto possível e soltava risos tão gostosos de se ouvir.