Ela olhou para a tela do celular onde o contato salvo como “mãe” brilhava no centro. Era a terceira ligação no dia. Seu dedo alcançou o botão de volume na lateral do eletrônico e o toque cessou, depois jogou-se na cama e continuou a olhar para o teto, coisa que estava fazendo na maior parte do tempo.
Anthony havia a deixado em um hotel localizado há mais ou menos uns vinte minutos da oficina, o plano era passar somente uma noite até que seu carro ficasse pronto e seguro para voltar para casa, contudo houve imprevisto e as peças que ele esperava demoraram a chegar por ter ocorrido um acidente na estrada. O Baxter precisaria de mais uns dias. Ela estava ali desde a tarde passada, iria para casa no dia seguinte à serviço de táxi.
O acolchoado estava começando a ficar molhado por ter deitado com o corpo ainda úmido, então levantou e resolveu se arrumar para jantar no Los Primos, restaurante que fica ao lado.
Pronta, a moça passou o perfume que ganhara do padrasto, colocou brincos de tamanho médio e cobriu os lábios com gloss transparente sem brilho. Deixou o celular para trás e uma mensagem no número da mãe que somente avisava de sua volta à Nova Iorque no outro dia.
De longe escutou música tocando, havia uma quantidade razoável de veículos no estacionamento, poucas motos e uns cinco carros. Jane foi recebida por um ambiente muito alegre, a melodia que tocava era viciante e quando sentou em um banquinho no balcão, balançou a cabeça levemente no ritmo. Olhou para as pessoas que dançavam um pouco mais a frente e sorriu, deixando-se contagiar.
– Buenas noches, chica! - um homem forte, com alguns quilos de barriga e bigode feito a cumprimentou de maneira gentil. Jane imaginou que fosse hispânico e arriscou em seu espanhol ruim.
– ¡Buenas noches, señor! - sorriu.
– ¿Tenemos una hablante de español aquí?
– Ah, sou um tanto ruim. Lo siento - ele riu e jogou um pano de prato sobre os ombros.
– Acho que você se saiu muito bem, chica. Posso ajudá-la em algo?
– Gracias, pensei só em comer e voltar para o quarto, mas a vontade de ficar e aproveitar é maior.
– ¡Qué bien! Está hospedada no hotel do meu primo? - perguntou dando um leve toque sutil de sotaque latino, algo que Jane achou incrível. Ela assentiu como forma de dizer sim à pergunta do mais velho - Espero que fique tempo suficiente para aproveitar nossas noites de dança e a comida, é claro.
– Infelizmente sairei amanhã.
– Oh, que triste - seus olhos mudaram para um brilho de pena - No se preocupe, chica, Roberto fará com que sua noite seja esplêndida! - levantou o dedo indicador como se listasse uma solução.
Jane sorriu e resolveu seguir as dicas do senhor do estabelecimento e aproveitar para se divertir. Havia um tempo que não fazia algo sozinha, na verdade, nunca fez. Aquilo estava sendo novo para si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Segunda Chance
RomanceAnthony havia se acostumado com sua vida tranquila na beira da estrada, seus dias não eram mais tão agitados quanto antigamente. Ele se isolou do mundo, saiu da cidade grande e se afastou de seus amigos por culpa e vergonha, mas a chegada de uma mul...