No início achei que era uma alucinação, talvez depois de um longo plantão de 36 horas eu tivesse ficado maluca e desmaiado, algo do tipo. Depois pensei em abdução alienígena porque só assim para explicar por que raios eu estava na cama de um berçário hospitalar dos anos 80.
E nesse momento duas perguntas pairavam na minha cabeça:
1º Como caralhos eu cabia nesse berço
2º Esse povo não leu a nova resolução da sociedade brasileira de pediatria que indica o aleitamento materno para recém-nascidos.
Verdade os recém-nascidos não podia me esquecer deles, tinham vários perto de mim um deles de cabelos loiros que berrava muito alto cadê os funcionários desse lugar para cuidar disso? — Tentei me levantar, mas foi aí que quase morri porque minhas mãos não eram minhas mãos, elas eram menores gordinhas e pesadas como de um bebê e olhando pelo reflexo do vidro clássico de expõe os bebês de um berçário como se fossem animais em zoológico me vi refletiva e eu era um bebê.
Com certeza eu estava alucinando.
Passei meses em negação simplesmente estática deixando que as enfermeiras me alimentassem e me limpasse, na ala eu era conhecida como a bebê mais calma porque não dava nenhum pio, mal sabiam eles que era porque estava literalmente em uma crise existencial, tipo quem eu era? O que eu era? E o mais importante de quem eu era?
Porque aparentemente a vida não era nada gentil comigo meses se passaram e nada de visitas, ou alta hospitalar sendo que não havia nos parâmetros normais nada de anormal na minha saúde que justificasse uma internação prolongada em um berçário de baixo risco. Eu e o bebê loiro que só berrava estávamos aqui a meses sem pais para nos levar para casa o que me dava a teoria bem embasada de que não tínhamos casa.
Quando completei um ano e enfim comecei a ter controle da minha língua e músculos faciais falar ficou muito mais fácil e foi aí que decidi tomar uma atitude.
— Com licença enfermeira gostaria de falar com o seu supervisor por favor — Falei em voz alta alegre que consegui me expressar com coerência.
Porém a Enfermeira Roxa como havia apelidado por causa do cabelo roxo olhou confusa para os lados.
— Têm alguém aqui? — Ela perguntou olhando em direção ao vidro e depois a porta fora ela e os bebês erámos só nós aqui.
— Aqui embaixo — Falei me levantando do berço e esticando os braços — Eu gostaria de falar com o seu supervisor por favor.
Nesse momento ela soltou um grito apavorante e saiu correndo. Eu deveria ter esperado por isso, mas um ano parada olhando para o teto e ouvindo choro de bebês com nada além dos meus próprios pensamentos para me fazer companhia me deixaram um pouco carentes quando o quesito era interação social.
Deveria ter me planejado mais porque depois disso fui examinada por diversos médicos e apavorei todos eles mostrando que sabia não só falar como ler perfeitamente ( tá essa parte me apavorou um pouco porque no início eram escritos em japonês mas do nada apareceu uma tradução em baixo, não contei a eles porque tornaria tudo mais estranho e eu já era a aberração de circo do hospital que havia sido transferida para um quarto particular, provavelmente para não infectar os outros bebês)
Por fim no final do dia o médico chefe enfim se apresentou.
— Finalmente — Exclamei — Poderia me dar algumas informações já que sua equipe parece inútil nesse ponto?
Ele me encarou olhou o prontuário e depois se voltou a me encarar.
— O gato comeu sua língua? — Questionei.
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Akira
FanfictionUma jovem e azarada enfermeira é enviada ao mundo do famoso anime Naruto, por motivos desconhecidos e que absolutamente ninguém se importa. Agora ela precisa se virar em um mundo de caos sem terapia e qualquer governo eficaz para ajudar o bando de o...