Prólogo.

40 10 51
                                    


O tic-tac do relógio na parede da sala e o som que seus dedos faziam ao encontrar cada tecla do computador deixavam Miyeon cada vez mais tensa, respirando fundo com certo pesar. Apesar de estar concentrada na tarefa que tinha em mãos, digitando com agilidade e precisão a fim de acabar aquilo o quanto antes, a executiva desejava de verdade que aqueles últimos dias passassem o mais rápido possível.

Ao terminar de digitar o e-mail que enviaria para a equipe de marketing após terminar de elaborar um plano de ação para movimentar as vendas durante a época de fim de ano. Cho encostou a cabeça no descanso da cadeira e puxou um profundo suspiro. Estava cansada e isso era um fato. Desde que tomou posse do cargo de CEO passado pelo seu avô, Miyeon trabalhou sem parar, fez horas extras exageradas e pulou refeições diversas vezes que não poderia dizer se conseguia contar nos dedos sem se perder.

Ela era viciada em trabalho. Mas para um coração perturbado e cheio de remorso, esse foi o único meio que havia encontrado para silenciar os problemas em sua cabeça e os furos em seu coração. E assim, todos os dias, Miyeon se entregava de corpo e alma às suas tarefas, buscando na rotina agitada do escritório um refúgio de seus pensamentos sabotadores.

Era sua forma de escapar das tormentas que a assombravam quando as luzes se apagavam e o silêncio da noite chegava. Os problemas familiares, financeiros e principalmente os problemas românticos que vinham em sua cabeça para lhe punir com as probabilidades de ter feito algo diferente em sua vida. E sinceramente, Miyeon já havia se adequado a essa situação. Mergulhar no trabalho para que ela pudesse esquecer seus problemas até ser apanhada pelo sono ao chegar em casa.

Enquanto mantinha seus olhos focados no teto do seu escritório, Miyeon divagava entre pensamentos aleatórios e sem rumo, batucando os apoios da cadeira com a ponta de seus dedos. O som estridente do toque do seu celular que indicava uma chamada a tirou de seu devaneio. Olhando para o visor da tela, viu que Soojin era quem estava do outro lado da linha.

Seo Soojin havia se tornado a melhor amiga de Miyeon, desde que se conheceram na época do fundamental. Era difícil para a pequena Cho do fundamental conseguir interagir com os demais estudantes por ser um tanto tímida. Por estarem com tão pouco contato nos últimos dias e por sentir saudade demasiada da amiga, a acastanhada atendeu a ligação com um sorriso no rosto por falar com aquela, que, nos dias atuais, considerava como uma irmã.

— Oi, Soo! — O ânimo se fez presente em sua voz. Ficava feliz todas as vezes que Soojin entrava em contato. - Como você está?

— Oi, Miyeonne. Você vai estar disponível mais tarde? Eu e a Shuhua estamos planejando fazer um jantar e queríamos muito que você tivesse presente. - O pedido saiu em tom manhoso. Soojin adorava sua amiga Cho, mas por certos contratempos não haviam tido tantos encontros. O barulho de panelas caindo ao fundo da ligação atraíram a atenção da executiva. — Esqueça o jantar... Shuhua acabou de derrubar tudo— Soojin riu, acompanhada por Miyeon. — Deixa que irei organizar tudo depois, amor. Ok. Senhorita Cho, iremos jantar fora, então compareça, sua presença é de suma importância.

Tudo bem, Soojin... Irei comparecer. — Miyeon deu uma risadinha pelo tom autoritário usado pela melhor amiga. — Me mande o endereço por mensagem com o horário, estarei lá. Tudo bem, até mais tarde. Também amo você. — A ligação se encerrou segundos depois de sua última frase. Suspirou com um certo pesar, passando a mão pela testa. Não estava no clima de sair, até mesmo para encontrar-se com os amigos, principalmente em lugares cheios.

Assim que enviou o arquivo para o e-mail da equipe de marketing, com a aprovação de alguns gastos. Miyeon levantou-se de seu assento, retirando seu sobretudo que estava jogado sobre o sofá no canto de sua sala. O tempo era gélido durante aquele dia em Seul, provavelmente por conta do tempo chuvoso que se aproximava. Após sair de seu escritório, Cho avistou a secretária, alguém com quem não trocava nada além de palavras necessárias e curtas.

Pelas Ruas de VenezaOnde histórias criam vida. Descubra agora