Forever Ever

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O vento gélido já não era mais um incômodo para Katsuki, seu corpo coberto pela emoção de que se encontraria com Izuku daqui alguns segundos. Já era suficiente para inibi-lo do frio da noite.

A sacola balançava em sua mão, checou as horas no celular mais uma vez antes de guarda-lo no bolso do casaco grosso que usava. Quando finalmente se viu de frente a residência conhecida, tocou a campainha sem mais delongas, escutando a voz doce que mais parecia uma carícia para sua alma cansada.

Quando a porta se abriu, depois de uns minutos prolongados de espera, o sorriso do loiro desapareceu, tão rápido quanto os olhos esverdeados se arregalaram.

— K-Kacchan... — Ele sussurrou, surpreso. E depois de um longo tempo se encarando, tentou bater a porta na cara de Bakugou, mas ele foi ágil e parou a investida de Izuku com apenas um braço. A expressão no rosto menor se tornou mais desesperada. — Kacchan, por favor...

— Me deixa entrar — As palavras saíram como lâminas cortando o vento, e o esverdeado já sabia que não teria mais chances. — Está frio aqui fora.

As coisas se seguiram em silêncio. A porta se reabriu devagar e o loiro não perdeu tempo em passar para dentro, deixou seus sapatos no genkan e despiu seu casaco. Em alguns passos já estava na sala, deixou a sacola que carregava na mesinha de centro e se sentou, tenso de mais. E isso não passou despercebido por Izuku, que suspirou, enquanto se aproximava para se sentar em uma cadeira de frente ao loiro, de cabeça baixa.

— Devia ter me avisado que viria — A voz saiu rouca, e antes que pudesse tossir para concerta-la, Katsuki já apertava o próprio casaco com força de mais, o maxilar travado.

— Queria fazer uma surpresa — Mesmo que o esverdeado mantivesse o rosto abaixado, o loiro já havia visto os olhos vermelhos e inchados, junto do nariz que fungava sem parar. Izuku estava chorando, e não podia esconder isso de Bakugou, não conseguiria, não desses olhos carmesim. — Trouxe katsudon e cerveja, achei que seria bacana já que não conseguimos nos falar muito nas últimas semanas.

O nome da comida atraiu a atenção de Midoriya, e sem dizer nada, se ajoelhou de frente para a mesinha e começou a mexer na sacola posta ali. Quando abriu a tijela e admirou seu prato favorito, ainda mais feito por Kacchan, teve vontade de chorar, mas o que fez foi sorrir. O loiro não poderia ter chegado em momento melhor, era engraçado de tão cômico.

— Parece delicioso Kacchan, obrigado.

Tapou a tijela novamente, os minutos de silêncio que se seguiram foram terríveis. Izuku não teve coragem de encara-lo, sabia o que viria a seguir, e já estava envergonhado de mais por ter sido pego nestas condições.

— Foi ele, não foi? — A voz do loiro não podia soar mais como um rugido, foi só então que o esverdeado enfrentou diretamente o olhar de raiva queimando em si, mas não por si. — Aquele desgraçado, já disse para sair daqui e...

— E usar seu dinheiro? Já falamos sobre isso — Apertou as mãos em seus joelhos, longe da vista do outro. — Ele não fez essa dívida sozinho. Não posso simplesmente fugir e deixar você resolver meus problemas, como sempre. Estou procurando um emprego, só preciso de mais um tempo.

Fazia um ano e pouco que Izuku se envolveu nessa situação. Terminando a faculdade, acabou caindo nos encantos de Monoma, o garota era bonito e tinha boa lábia, acabou conquista o coração bondoso e carente do esverdeado. Uns meses depois, iludido por uma suposta paixão, acabou fazendo uma dívida gigantesca junto do Neito e ficou preso a ele.

  Midoriya perdeu o emprego, logo não tinha mais dinheiro para procurar um apartamento, precisava ficar na casa e sabia que Monoma não sairia se se separassem. E de uma forma ou outra, ele ainda era o único com dinheiro ali, então o esverdeado decidiu que aguentaria enquanto não podia ajudar em nada e muito menos tinha para onde fugir.

Kill for you - BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora